Evanescence e o cover de Fleetwood Mac

Covers são sempre cartas na manga de qualquer músico. Seja enquanto banda ou solo, todos já buscaram fazer cover de alguma canção que influenciou ele ou ela a seguir os passos e ter a sua própria carreira. Ou ainda, com a carreira já consolidada, alguns pinçaram uma canção que fez parte de seu imaginário de influência e gravam ou apresentaram em algum veículo midiático como forma de homenagem. 
Dito isso, não é difícil pensar o quanto a disposição de certas "homenagens" podem ser de dois modos para o público: novas roupagens que acabam por quase (ou efetivamente) "estragar" as originais (neste caso, já consideradas clássicas) ou as músicas acabam potencializadas a ponto de serem conhecidas mais pelo intérprete cover do que pelo cantor(a) original.

Obviamente, toda questão de artes - sejam elas, plásticas ou audiovisuais - estão transitando no campo estético. E por estético há de se entender que a colocação por "bom ou ruim", "feio ou bonito", que "apraz ou não" está ligado ao campo dos sentidos e não do entendimento/conhecimento. Não há  juízo lógico para tratar desse assunto, e sim, um juízo de gosto.
Ainda que críticos de música (e de outros ramos artísticos também) tentem concatenar sentidos de utilidades para o som produzido por determinada banda, não há nada que determine que isso é o que todos devem fazer em suas casas, em seu particular quando ouvem qualquer trabalho fonográfico. 
Indo direto ao ponto: gosto não se discute! Há quem acrescente, inclusive, que além de não discutir, apenas é possível se lamentar. 

Com isso, é provável que, uma nova roupagem de um música já bem aceita, as vezes com entusiasmo por nós, possa se tornar "intragável" quando (re)feita por algum músico que não apreciamos, ou ainda por algum muito jovem cujo estilo combina apenas com ele e seu público. 
O contrário também é possível: uma música que amamos ser, na verdade, uma regravação que ao compararmos com a original, continuamos a preferir a versão. 
Acontece também de a canção ser tão estupenda que até mesmo o mais medíocre músico possa se tornar poderoso ao interpretá-la ao seu modo. 

No último dia 9 de janeiro, o Evanescence deu as caras nas manchetes por ter feito o que comento acima: um cover de uma música já cult para nós. A banda, longe dos holofotes com inéditas desde 2011, prepara disco novo com a frontwoman Amy Lee.
Nunca encontrei grandiosidade na banda da cantora meio gótica, meio "emo" (esse termo nem é mais usado). Não que não gostasse de alguma vertente do Metal que contasse com uma vocalista. No "booom" da banda, especialmente aqui nas Américas, veio consigo uma maior exposição da banda Nightwish - que apesar das comparações, nunca houve semelhanças sonoras entre elas.
Eu, em contrapartida, conhecia Nightwish, mas não conhecia Evanescence. Sim, a primeira formou-se um ano após a segunda, mas, a única coisa igual ali era ambas terem duas cantoras de cabelo preto e olhos claros, usualmente com muita maquiagem preta ao redor dos olhos. 

Com a exposição do Evanescence, o Brasil "conheceu" Nightwish. Enquanto uma emplacava Bring Me To Life à exaustão na MTV e a outra vinha com Nemo
Sair na rua, com uma camiseta do Nightwish era passar raiva. "E aí, gosta de Evanescence também?"... Quando não, literalmente, confundiam Amy Lee com Tarja Turunen. 
A preferência por uma ou outra pode não ser clara, para quem não gosta de nada do tipo. "Tudo farinha do mesmo saco", é uma resposta que se aceita. Mas enquanto Evanescence ia na onda do New Metal, flertando com estilo Gótico, o Nightwish sempre passeou pelo quintal do Metal Melódico, se aliou muitas vezes ao Power Metal, e tinha um adicional: um vocal bombástico e de ópera - coisa que Amy Lee nunca fez (e duvido que tivesse fôlego, se tentasse).

Assim, na semana em que passou, especificamente na quinta-feira dia 9, o Evanescence lançou a sua versão de The Chain do Fleetwood Mac para o game Gear 5.
O videoclip tem todo aquele visual dramático e gótico característicos do tempos de auge da banda. A nova roupagem segue a mesma receita: não há aquela harmonia de vozes e melodia da canção original. Com Evanescence a aposta é Amy "lamuriando" a letra com guitarras em tom de D dando um clima sombrio a uma música tão cheia de sentimento e fluidez.
 Abaixo, o vídeo:


A vantagem dessas versões é que coloca holofotes em músicas boas que a nova geração, cada vez mais obtusa (digamos assim) desconhece plenamente. Embora, essa mesma geração tenha preferido polêmicas e lacração à conteúdo realmente útil, nunca é demais pedir para que saiam de suas redomas para se tornarem "gente". 
Para isso, é aguardar que mais uma chance do pessoal buscar ouvir Fleetwood Mac, o álbum Rumours que contém The Chain. Uma das primeiras chances recentes foi quando uma novela do ano passado da Rede Globo, resgatou a canção do álbum de 1977 para compor a trilha de abertura. Estão perdendo um excelente disco e o Musique-se recomenda para todos que ainda não conhecem. 

Embora Evanescence não tenha sido efetivamente uma versão para se apreciar, vale ressaltar que as tentativas são válidas, desde que as bandas se empenhem sempre a entregar um conteúdo empolgante para seus fãs. Novamente, para quem se interessa pela banda, podem ter gostado muito da versão sombria de The Chain. Esse lançamento - embora para a trilha de um game,  parece um "esquenta" já que a banda prepara retorno com inéditas para 2020 e seu público alvo está já contando os dias para isso.

Abraços afáveis e Musique-se!

Comentários

  1. Gostei desta versão, embora nada bata a original. O problema destas versões é saber quanto de original teu vais meter para não desvirtuar. Mas isso é com todas as musicas.

    Quanto ao "Rumours", é um dos melhores álbuns de toda uma geração, e não têm só o "The Chain" ("Go Your Way" é outra excelente música), e quando se conhece o contexto no qual este álbum foi feito, tem de se reconecer que deram o seu melhor, dadas as circunstâncias.

    E o "The Chain" foi o tema de abertura das transmissões da Formula 1 da BBC por mais de vinte anos.

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