Manu recomenda: Judy - Muito Além do Arco-Íris

A cinebiografia musical Judy - Muito Além do Arco-Íris conta a história da atriz Judy Garland no ano que antecede a sua morte.
Para os desavisados ou abduzidos, Judy Garland é a estrela do filme O Mágico de Oz (1939) e no ano passado o longa fez 80 anos. Judy ficou famosa após interpretar a menina Dorothy no filme inspirado pela história de L. Frank Baum e nada mais justo a homenagem feita à esse grande ícone do cinema, a partir de um recorte emocionante como é Judy - Muito Além do Arco-Íris.

A narrativa da cinebiografia é um tanto simples: A atriz e cantora chega a Londres para se apresentar na boate "Talk of the Town" em 1968 já com a carreira em baixa. No transcorrer desse recorte temporal, ela relembra velhas histórias com amigos e fãs, o que funciona como artefato preciso dando sentido completo e fechando as pontas das coisas que levaram Judy estar naquele estado, atordoada  e com diversos problemas pessoais. Ali também, ela começa um romance com o músico Mickey Deans, que viria a ser o seu quinto marido.

Estrelado por Renée Zellweger, que foi premiada por sua atuação no Globo de Ouro, no Critic's Choice Awards e agora concorre novamente ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar e no Bafta. Favorita também nessas premiações, Renée (de O Diário de Bridget Jones e Chicago) retorna às premiações com uma grande caracterização e interpretação. A atriz está irreconhecível, a não ser por algumas expressões faciais, como seu característico biquinho e um vazio no olhar que poucas atrizes sabem explorar no momento certo das cenas. Vale dizer também que, em boa parte das músicas, a voz é a dela mesma - trazendo à tona algo muito específico de atores na época de Judy Garland: ator e atriz de Hollywood deviam saber dançar e cantar, além de interpretar. 
(Hoje, basta alguns dias de treino e 'voilà', ainda concorrem a todas as premiações... ¬¬') 

O longa não se atém muito à história de toda a vida de Judy. O foco é a sua decadência, cereja do bolo de todo drama. Se vendo sem condições de se sustentar nos Estados Unidos, sem a chance de poder ficar com os filhos pequenos, Judy aceita o convite de se apresentar em Londres.
Os breves flashbacks da produção de O Mágico de Oz aparecem para mostrar a pressão pulsante que sofrera, ainda adolescente. Obrigada a tomar pílulas para manter o corpo e aguentar a rotina pesada das filmagens, Judy se tornou uma adulta viciada em barbitúricos. Esse era o preço que muitos atores e atrizes pagaram pelo glamour que Hollywood proporcionava quando estavam no auge. Na decadência, quando envelheciam, eram descartados, e precisavam lidar com todo aquele resquício dos excessos no âmbito pessoal.

Apesar de ser um filme que gira em torno de uma atriz não há nenhum incômodo politizado, que levante uma bandeira feminista. Os críticos poderão (e se fizerem, podem reduzir a obra num discurso batido) trazer a tona o lado sujo que sempre correu em torno dos atores, e que os excessos e abusos ocorriam por outra instância - produtores, diretores e chefes de estúdios - que faziam de um tudo para transformar pessoas comuns em ídolos, figuras perfeitas apenas para satisfazer a indústria sem calcular as consequências como perda de identidade, os transtornos causados pela pressão psicológica, exposição pública excessiva e vícios.

O filme é redondo e tradicional. Mostra um pouco das apresentações musicais na boate deixando o ponto alto da clássica Over The Rainbow para momento mais chave da narrativa, propositalmente colocado ali para arrancar lágrimas do espectador, algo que é possível dada a entrega da atriz e o envolvimento sofrido da narrativa. 

Já houve a estreia no exterior e por isso foi considerado nos principais prêmios de cinema e TV. Aqui no Brasil, a estreia demorou, mas chegou: estará nos principais cinemas, sua pré estréia foi ontem, dia 16 de janeiro. Pode ser uma excelente pedida para o fim de semana. 
Uma dica para quem mora na grande São Paulo: podem assistir ao longa numa exibição gratuita no Museu da Imagem e do Som - MIS - a partir das 19hs no dia 21 de janeiro. O MIS fica na Avenida Europa, 158 - Jardim Europa, e a sessão é limitada a cem pessoas e os ingressos devem ser retirados na bilheteria do museu uma hora antes do evento. 

Confiram o trailer oficial legendado:


Fica a recomendação. 
Abraços afáveis e Musique-se!

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