Manu Recomenda: Seriado Good Omens - 1ª Temporada

Friday is upon us! E se vocês estavam pensando no que pode fazer para ocupar tempo de ócio, curtindo petiscos e sua bebida favorita a partir de hoje, o Musique-se dá a letra de algumas indicações para vocês.


A minha recomendação é um seriado: Good Omens teve o primeiro episódio lançado em maio de 2019, então todos os 6 episódios dessa temporada já podem ser assistidos direto, caso isso seja do tipo que mais agrada vocês. 
Por falar em agradar, vou vender o peixe: se vocês também gostarem de uma narrativa com um bom grau de fantasia, charme e também ironia, podem já começar a organizar o tempo nesse fim de semana para maratonar. Especialmente também se já acompanham outros seriados como Lucifer e/ou Deuses Americanos.
Citando diretamente esses dois outras seriados, faço outra propaganda de vantagem mencionando Neil Gaiman. Aos poucos ele vai conquistando o espaço televisivo para adaptação de suas obras. A boa relação com a interface audiovisual potencializa o mercado de livros e vice-versa. Isso, outros autores já cresceram os olhos, e alguns deles, foram bem sucedidos. Stephen King é um belo exemplo disso.

Gaiman está ligado à essas duas séries que são adaptações de suas obras literárias, embora as produções não tenha tanto apego do autor. 
Esse envolvimento (que parece ficar em segundo plano nas outras séries) não pareceu o caso quando tratamos de Good Omens. Embora tenha escrito Good Omens: The Nice and Accurate Prophecies of Agnes Nutter, Witch (1990) juntamente com Terry Pratchett, houve um esmero maior nessa produção adaptada para tv, possivelmente pelo carinho que tinha com o colega, já falecido. 

Neil assina o roteiro e é um dos produtores principais de Good Omens, aqui traduzido como Belas Maldições - um título vago, não muito condizente com a trama, e talvez até digno do "Prêmio de Tradução Nonsense Silvio Santos". Quem mais teria a falta de noção em colocar The Fresh Prince of Bel-Air como Um Maluco no Pedaço?
Só ele mesmo para ter essa "coragem" toda...

Mas, voltando ao que interessa. Primeiro ponto da história de Good Omens é um anjo e um demônio que nutrem uma improvável amizade e encabeçam todo resto da narrativa. Michael Sheen (de Anjos da Noite) é Aziraphale, um anjo meiguinho e até pomposo que, como ser encarnado, mostra-se sempre bem interessado em comida, além de fazer o bem. David Tennant (o décimo Dr. Who) é Crowley, um demônio estiloso, que usa óculos escuros e ouve Queen enquanto dirige um Bentley (ver aqui, o carro usado no seriado, pelo personagem).
Ambos se conhecem, de fato, há eras. Passaram por um monte de situações históricas - inclusive as bíblicas, claro! -  juntos. Em 2019, eles precisam se unir para encontrar o Anticristo, o filho de Satã, que foi enviado à Terra para promover o Apocalipse, e impedir essa tragédia. 
Parece simples? Pode ser, mas é contada com todo o divertimento possível em seis muito legais episódios. 
Como personagens principais, os atores que encarnam a dicotômica dupla, são incríveis: são naturais e não caricatos, forçados. Ditam ritmo e a química entre eles faz com que você fique até o fim, curioso com o desenrolar da narrativa.

Apesar de não conhecer a obra literária - e talvez por isso - não encontrei inconsistências na trama. Mescla mitologia com acasos do cotidiano de forma contundente, e o aspecto central da história atende às expectativas: conhecemos os momentos em que Aziraphale e Crowley estiveram juntos,  as bizarrices de nossa história do mundo, bem como a chegada do Anticristo, o que deu errado para  a dupla "perderem o garoto de vista" e como chegamos aos processos de apocalipse. Obviamente deve existir algumas passagens do livro que não foi possível ver na série, devido a questão de edição e grana para produzir. Existem coisas que precisam ser encurtadas para fazer sentido na tv ou no cinema, mas isso, nem todo fã de literatura, compreende bem. 

Fiquem tranquilos! Não contarei mais nada, mas posso dizer que dá para se divertir muito com um humor inglês e sagaz nos diálogos, algo bem interessante e bem construído pelos autores, recortados pelo Gaiman no roteiro. Há uma visão sarcástica dos autores sobre Céu e Inferno, como se fossem instituições, repartições públicas com seus respectivos "chefes" e vários funcionários. Além disso, as personificações dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse: a Guerra, a Fome, a Poluição (não mais Peste, mas agora, o grande problema do mundo moderno é o que fazemos com a Natureza) e a famigerada Morte.

Resguardados outros detalhes que podem comprometer a experiência de conferir a série, mas peço licença para ressaltar a participação de Frances McDormand (de Três Anúncios Para Um Crime) na narração da voz de Deus, Benedict Cumberbatch (sempre ele, de Doutor Estranho) como a voz de Satã e Miranda Richardson (de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça) como a médium e cortesã Madame Tracy. Os dois primeiros, curtas participações, mas importantes. A última, está magnificamente ótima! 
Além disso, a trilha é maneiríssima e muito engraçadinha. E como já foi mencionado: o demônio ouve rock, o Queen para ser mais específica. Ouve-se Bohemian Rhpasody, We Will Rock You, Somebody To Love e até You're My Best Friend e Bicycle Race - essa última, por sinal, foi uma sacada muito hilária - nos episódios.

Se ainda não estão convencidos de darem uma chance à série, dou mais uma razão: a direção de Douglas MacKinnon. Ele esteve envolvido em outras ótimas séries: Sherlock (maravilhosamente ótima!), Dirk Gently's Holistic Detective Agency (divertidíssima adaptação da obra homônima de Douglas Adams) e Dr. Who (que dispensa introduções). 

Abaixo, o trailer oficial, legendado:


Onde assistir: Disponível no catálogo da Amazon Prime Video. 

Vão, divirtam-se e depois, conta para gente o que acharam!
Abraços afáveis, e não se esqueçam: Musique-se!

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