Musique-se recomenda: 1917

Final de semana chegando e o começo do mês de fevereiro também. Talvez - caso tenha sobrado uma graninha apesar das contas do mês de janeiro - seja uma excelente oportunidade para pegar a sua companhia favorita e dar um pulo no cinema para conferir "1917", dirigido pelo diretor britânico Sam Mendes.

Considerado favorito no Oscar, indicado à 10 prêmios, inclusive de Melhor Filme (algo que ainda pagamos para ver pois, mesmo que a premiação considere o melhor da lista, não foi o caso de algumas edições mais recentes) 1917 já levou diversos prêmios: 


* Globo de Ouro ( de Melhor Filme de Drama e Melhor Diretor);
* Prêmio no Sindicato de Produtores (de Melhor Filme); 
* Directors Guild (para Sam Mendes);
* Satellite Award e ASC Award (ambos por Melhor Fotografia); 
* Critics Choice Award (de Melhor Diretor, Melhor Edição e Melhor Fotografia).

Com isso, chega ao Oscar - que será na próxima semana, dia 9 de fevereiro - com grande comoção.


Sendo pragmática: chega à uma das premiações mais badaladas do cinema com favoritismo porque é, de fato, o melhor dentre os 9 indicados, mesmo que na lista tenha um filme do Quentin Tarantino e  um do Martin Scorsese. 
A lista completa do Oscar pode ser conferida a partir deste link. Prometemos fazer um balanço da premiação aqui no Musique-se, analisando os acertos, as bobagens, bem como a premiação para Trilha Sonora e Melhor Canção Original.
Desculpem a indiscrição mas, dos demais oito indicados, se batermos todos num "mixer" dá no máximo, um filme nota 7. E a nota alta assim é garantida apenas por três dos cinco filmes, que no todo, se sustentam muito mais pelo elenco do que por conterem narrativas potentes.

Sim, destes três falo de Era Uma Vez em... Hollywood, que tem uma temática arrastada e personagens totalmente inúteis para a trama (o caso de Margot Robbie - excelente atriz, desperdiçada num personagem sem nenhuma profundidade). O longa serve para termos muitas referências, para prestar homenagens com colocações miméticas dos tempos áureos do cinema no final da década de 1960. 
Senhor Tarantino tem obras melhores, bem sabemos. O filme se sustenta, mais pela ambiência e um pouco, pelo elenco. Não Brad Pitt, que está em seu modo canastrão de sempre. Leonardo DiCaprio não caiu de produção depois de ser finalmente premiado por O Regresso (2015), mas o papel não o desafiou já que é bem simples. Ambos concorrem a Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Ator respectivamente. Destaque para a atriz mirim Julia Butters que rouba as cenas em que aparece. 

Também acho que O Irlandês é mais do mesmo de Scorsese. É um filme muito bem cuidado, com roteiro atraente. É um passeio no parque para Scorsese que sabe, como ninguém, fazer um filme sobre máfia. Mais que isso, o filme fala de escolhas e das consequências delas, uma delas, a solidão. Mas são 3 horas e 29 minutos disso. Tem que gostar demais. E por mais que a gente endeuse Robert de Niro precisamos concordar que ele esteve um pouco no piloto automático. Al Pacino está, faz tempo, na sua zona de conforto. Ambos assim estão por simplesmente não terem que provar mais nada para ninguém. São ícones e carregam filmes sozinhos, mesmo em casos de filmes fraquíssimos. Joe Pesci entrega uma interpretação menos regular que os demais. (Os dois últimos, concorrem a Melhor Ator Coadjuvante). Talvez isso tudo deponha contra esse filme.

Por mais que filmes estrangeiros sejam melhores muitas vezes que algumas produções com nomes famosos, Parasita é uma miscelânea de gêneros num só filme e também provoca um mix de sentimentos que, no fim das contas é impossível dizer se é bom ou ruim. Eu particularmente não gostei da conclusão.
Escolheria, Jojo Rabbit para incluir no "mixer" e formar um filme mais à contento. É uma sátira do Nazismo (e de Hitler) que é crítico e cativante ao mesmo tempo.  Roman Griffin Davis - o Jojo - está à nível de gente grande. Taika Waititi arrasou nesse filme que me surpreendeu, pois comecei a assistir convicta que não iria gostar. E é muito bom!

Os demais, afora Ford vs Ferrari estão ali mas não dariam liga na mistura. Ford vs Ferrari é estranho no ninho. Não é um filme ruim, muito pelo contrário. Mas atende à um público muito específico. Está muito com cara de "tapa buraco" (poderiam ter indicado Rocketman, tão bom ou talvez melhor que Bohemian Rhapsody...) e não há nenhuma chance de vencer. Se vencer, até eu vou pensar que os membros da academia estão de brincadeira.
Coringa é bom, com muitas referências e uma interpretação ímpar de Joaquim Phoenix. O final salvou todas as minhas ressalvas com a retratação das causas do "Joker" ser um vilão. Mas se derem prêmio à esse filme, vai ser um reboliço - filme de quadrinhos é ou não é cinema? Vão começar a dizer que sim, e se estamos de saco cheio desse tipo de filme... Iremos sofrer.
Adoráveis Mulheres e História de Um Casamento são, o primeiro - filme de menininha moderna, o segundo - filme de mulher em emancipação. Assuntos chatos, concordam?

Assistindo 1917 eu não vi nada que me desagradasse. Fiquei atenta a tudo, sem perder o interesse em nenhum segundo.
Dirigido, como já foi dito acima, por Sam Mendes - de Beleza Americana (1999) conta com dois atores centrais quase desconhecidos para alguns e totalmente desconhecidos para os menos dados à filmes ou séries.
George MacKay já passou aos olhos da academia e nossos pela participação no filme Capitão Fantástico (2016) com o "meu capitão fantástico", "my King Aragorn", Viggo Mortensen (filme que também, indicamos!). Dean Charles Chapman está mais para o pessoal que gosta de série que está bombando: ele fez Tommen Baratheon em Game of Thrones.



Ainda há participações (rápidas, mas importantes) de grandes nomes do cinema: Colin Firth, Benedict Cumberbatch, Andrew Scott e Mark Strong.A sinopse:

Na Primeira Guerra Mundial, dois soldados britânicos recebem ordens aparentemente impossíveis de cumprir. Em uma corrida contra o tempo, eles precisam atravessar o território inimigo e entregar uma mensagem que pode salvar 1600 de seus companheiros.

Já vimos inúmeros filmes e documentários sobre a Segunda Guerra Mundial e Guerra do Vietnã. De uma forma até curiosa, a Primeira Grande Guerra pouco apareceu nas obras audiovisuais. Talvez esse seja o ponto de maior interesse em torno desta obra.
Em tempo, o longa foi conduzido como se fosse um único plano-sequência. O que seria isso? Um plano-sequência é um take único em que a ação se desenvolve de forma fluida, sem cortes. Isso pode ser criado tanto nas filmagens, quanto na edição, através da junção de vários planos longos, com cortes sutis e mascarados para não atrapalhar a sensação de unidade.
Com essa forma de editar, Sam Mendes conseguiu algo que confere a justificativa de um Oscar - caso se confirme na premiação do dia 9/02. Explico: além de cenário, fotografia, figurino, narrativa e interpretações a sua experiência com o filme tem que transcender tudo isso. Neste "um take só" somos transpostos para junto aos jovens soldados. Sentimos toda a aflição, a tensão deles. Ficamos vigilantes na iminência de um ataque inimigo. Ficamos angustiados, pois a cada situação há cada vez menos tempo para entregar a mensagem. A história acaba de atraindo em todos os cinco sentidos.

A seguir o trailer, para provocar vocês a darem uma chance ao filme, de uma vez por todas:


Com isso, fechamos a dica da semana! Compartilhem conosco a opinião sobre o filme, nas nossas redes ou nos comentários abaixo, sim?

Abraços afáveis e Musique-se!

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