Rock In Rio 35 anos: Queen, a estrela da coisa toda

-Vocês se chamam “rainha” e gravam música falando em desmunhecar, o que este homossexualismo tem a ver com a vida real de vocês?
-Bem, eu posso falar sobre mim... Sou casado e tenho dois filhos, agora: eu gostei de usar roupa de mulher no clipe de “I Want to Break Free”.
-Mas é assim que começa...

Este dialogo surreal foi travado entre um repórter que participava de uma coletiva de imprensa e Roger Taylor, baterista do Queen, que foi, sem dúvida a maior atração daquela primeira edição do Rock In Rio.
Na verdade, o festival foi pensado no entorno da banda. Tanto que o grid de luz principal do palco era deles.

A banda chegou ao rio em aviões diferentes e não ia aos compromissos nos mesmos carros.
Mas ao contrário do que foi divulgado e acabou como expressão da “verdade”, não era por conta do relacionamento “difícil” entre os integrantes.
Já usavam este expediente há algum tempo para evitar que houvesse um fim prematuro diante de um possível acidente.

E sim, é verdade que Freddie se portava como uma diva, muito embora não fosse só aqui.
O desfile com passos de modelo no desembarque, os pitis no backstage do festival, a destruição do camarim com direito a mamão papaia no teto são fatos contados e presenciados por Amim Kader, então relações públicas do festival e registrados no livro de Luiz Felipe Carneiro com riqueza de detalhes.
Também é real a bronca que Amim deu no vocalista após o episódio do papaia

A banda chegou ao Rio a bordo da turnê de divulgação do disco The Works (1984) e vivia um momento meio estranho.
O disco, embora tenha ido muito bem no resto do mundo, foi meio que boicotado nos EUA muito em virtude do clipe citado por Taylor na entrevista.
Depois do fim desta turnê, a banda entraria numa espécie de hiato que só terminaria de verdade após a apresentação no Live Aid.
Nesse meio tempo, Freddie Mercury trabalhou na composição, gravação e divulgação de seu primeiro disco solo, Mr. Bad Guy que trouxe o hit “I Was Born To Love You”, revisitado pelo Queen em seu disco póstumo “Made In Heaven”, que – também – era faixa do álbum de Freddie.
Com a exposição gerada pela apresentação no Live Aid, a banda voltou definitivamente à ativa e gravou a trilha sonora do filme Highlander, de Russel Mulcahy e depois usou parte destas gravações no full leight A Kind Of Magic de 1986.
Desta mesma época é o ao vivo Live Magic (86), que traz uma mescla dos dois shows em Knebworth naquela que foi a última turnê do grupo.
Logo após, Freddie descobre que é soropositivo e se torna um workaholic gravando em sequencia os álbuns The Miracle (1989), Innuendo (1991).

Após a morte do vocalista em novembro de 1991, o grupo lançou o já citado Made in Heaven (1995), com sobra dos dois discos anteriores e algumas releituras de músicas da carreira solo de Mercury e do grupo The Cross, de Roger Taylor.
Também aproveitou para por nas lojas o fantástico Live At Wembley ’86 (1992) com os shows da banda no lendário estádio inglês.
Mais alguns lançamentos de discos ao vivo registrando turnês especificas de 1973,1974,1981 e 1982, compilações de gravações para a BBC londrina e uma coletânea de canções de amor chamada Forever (2014) que tem três inéditas sendo uma com Michael Jackson.

Também rolou uma colaboração com Paul Rodgers que rendeu um disco de inéditas ( Cosmo Rocks, 2008) e um ao vivo.
Hoje em dia, excursionam, vindo até mesmo ao Brasil (duas vezes, sendo um em outra edição do Rock in Rio de 2015) com o cantor Adan Lambert, além de ter tido sua história contada no cinema em um filme bem meia boca que embaralha toda a cronografia dos fatos e inventa outros na cara dura para amenizar e dar um tom mais família à história do vocalista.
John Deacon se afastou do mundo musical por completo, Roger Taylor lançou bons discos com parcerias bacanas como o guitarrista Jeff Beck e Brian May tratou de terminar seu doutorado e se tornar um ativista pela causa animal.
Nos últimos meses declarou que vai se tornar vegano.

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