Trupe do Chá de Boldo: Para curar o porre, por Gustavo Sirelli

2020 é o ano em que a Trupe do Chá de Boldo comemora os dez anos de lançamento do seu primeiro disco, Bárbaro (2010, independente). Formada por amigos de faculdade, a banda paulista se dizia influenciada por gente tão diferente quanto Tom Zé, Roberto Carlos, Jorge Mautner e Gilberto Gil. E pelo que se ouve, é bem verdade.

É verdade que a base é o samba, mas as misturas e a exploração de estilos e linhas rítmicas diferentes é a principal característica do repertório. Além do humor. E esse disco traz, além do samba, marchas, rock, tango e um tanto mais, tudo com letras muito cuidadas, mais que redondas.

Depois de Bárbaro, vieram Nave Manha (2012) e Presente (2015), sempre independentes. E entre esses dois, produziram arranjos e gravaram algumas faixas em dois discos de Tom Zé, em 2013 e 2014.

O último lançamento é Verso, de 2017. O disco, primeiro com produção assinada pela própria banda e depois de trabalhar com Alfredo Belo e Gustavo Ruiz nos anteriores, é uma coletânea de canções de amigos e parceiros. O foco, como o próprio nome do disco aponta, é o verso. E assim, todos os arranjos originais foram descartados e novos construídos. Entre os compositores da lista, André Abujamra, Juliano Gauche e Negro Leo. E o disco tem 11 faixas.

Se fosse uma série, a recomendação seria maratonar. Faça isso, ouça tudo. Está disponível no Spotify, Youtube etc.

Faz poucas semanas que o Milton (aquele mesmo, o Nascimento) disse que a música brasileira está uma merda. Desconfio que entendo o que ele tentou dizer, mainstream, canais de divulgação etc. Mas tem muita coisa boa sendo produzida por aí. É só perder a preguiça e pesquisar. Ou ficar ligado aqui no Musique-se, que a gente adora descobrir e apresentar o que há de bom por aí.

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