O melhor beatle

George Harrison foi o Beatle mais jovem e só entrou na banda por insistência de Paul junto à John.
Alguns dizem que John ficou impressionado por George tocar “Raunchy” com uma destreza e desenvoltura que ele próprio, bem mais velho, não tinha e nunca teve.
Também dizem que o que mais impressionou John foi o fato de George saber afinar seu instrumento.

Era tão mais novo, que foi deportado da Alemanha durante uma das excursões no inicio da banda por não ter um adulto e nem autorização dos pais para que ele estivesse lá.

Segundo a lenda, perdeu a virgindade em uma das festinhas que o grupo fazia em quartos de hotel e, ainda mais lenda, foi aplaudido por todos os outros do grupo.

As fãs do auge da beatlemania tinham George na conta do “beatle zangado”.
Faixas como “Don´t Bother Me” acabou colando-lhe a pecha de mal humorado e apesar de linda, “Think for Yourself” não ajudou na decomposição do estereotipo.
Era o beatle que mandava os fãs pensarem por si mesmos.

Também era o membro mais espiritualizado... Foi dele a ideia de visitar o guru Maharishi.
Foram dele as primeiras composições dos Beatles a flertar com o misticismo indiano, “Love You To”, do disco Revolver foi a primeira e se seguiram “Whitin you Whitout You” e “The Inner Light”.

George foi um compositor sensacional, mas bem pouco utilizado nos Beatles por pura vaidade de John e Paul.
Na verdade, era tão bom quanto os dois (juntos ou separados) mas discreto e zen demais para reivindicar os holofotes.
Não protestou nem quando Frank Sinatra elogiou “Something” dizendo que era mais uma das maravilhosas canções de Lennon/McCartney.
Algumas das composições mais sublimes dos fab four são dele: “Here Comes the Sun” descreve toda a alegria de um (raro) domingo de sol nas terras da rainha e tem tantos raios quanto o astro rei. Por outro lado, “Blue Jay Way” descreve o fog londrino com tanta precisão é possível até sentir o frio a que ele remete.
A já citada “Something” que escreveu para sua amada Pattie Boyd é de fazer chorar as pedras.

Até quando bravo, George escrevia canções altamente maravilhosas... “Only a Northen Song” é sobre ser apenas mais uma canção escrita para a editora Northen Songs que deveria fazer parte do desenho animado Yellow Submarine.

Foi o primeiro a pular fora do barco irritado com as constantes brigas entre John e Paul.
Simplesmente pegou sua guitarra e foi para casa durante a gravação do disco conhecido como álbum branco. Hoje sabe-se que Lennon e McCartney cogitaram chamar Eric Clapton para seu lugar que nunca disse (por ser amigo de todos) se aceitaria ou não.
George esfriou a cabeça e voltou alguns dias depois.

Seu disco “All Things Must Pass” é composto basicamente por canções que não foram aproveitadas nos Beatles.
O álbum triplo tem músicas muito superiores às que foram gravadas no Let it Be, por exemplo.

George também tinha um senso de humor muito peculiar e afiado.
Por gostar muito do grupo Monty Phyton, ajudou a financiar o filme “A vida de Brian” e seu gesto desinteressado foi descrito por membros da trupe como “o ingresso de cinema mais caro já pago.”
Generoso, fez o festival Concert for Bangladesh com renda arrecadada em prol da Unicef.
As vendas do álbum e a renda do filme gerado pela apresentação também foram destinadas à entidade.
Ringo conta uma história muito boa sobre a generosidade e bom humor de George no documentário Living in a Material World.
George estava já acamado por conta do câncer que o vitimou quando Ringo foi visitá-lo.
Lá, o baterista recebeu uma ligação dando conta de que sua filha estava com problemas de saúde ou algo parecido nos EUA e disse a George que teria de ir até lá.
Debilitado, Harrison então fez menção em se levantar da cama e disse: “-Ok, então eu vou com você!”

Além da composição e da guitarra e de ser fã de corridas (era amigo de Fitipaldi, Jack Stewart, Niki Lauda) George também era adepto da jardinagem.
Ele costumava dizer que havia plantado dez mil árvores durante sua vida. Em 1980, dedicou sua autobiografia, "I Me Mine", a todos os jardineiros do mundo.

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