Velhos Goianos: Começou Risare - Pedra Letícia volta mais maduro e ainda divertido

A banda sempre foi descompromissada e mesmo com músicas divertidas (algumas meio bobas até) nunca foi um grupo humorístico.
Apesar da comparação (bem sem sentido) com os Mamonas Assassinas, o Pedra Letícia faz um pop rock honesto de verdade, misturando estilos em um caldeirão sonoro rico e muito competente.
E a despeito de seu vocalista e principal cara pública Fabiano Cambota ser uma estrela do stand up comedy, a banda é muito mais que sua acompanhante. Anterior à carreira de
Fabiano, o Pedra está na ativa há quase quinze anos e se há elementos de humor nas letras, também há músicas bem construídas, muito bem tocadas e muito acessíveis.

Pedro Torres (bateria), Kuky Sanchez (baixo), Xiquinho Mendes (guitarra) e Fabiano Cambota (vocais e violão)  já haviam lançado dois discos de inéditas (Pedra Letícia de 2008 e Eu Sou Pedreiro, 2011), dois ao vivo (Sem Retoques de 2010 e Rockomédia Acústica, 2016) e um com covers em parceria com músico e humorista Rafael Cortez chamado MDB (Música Divertida Brasileira) onde davam sua cara á canções como “O Circo Chegou” de Jorge Bem, “Piruetas” de Chico Buarque e até Tom Jobim (“Pra Mode Chatear/Tem Gato na Tuba).
Agora estão lançando seu terceiro disco de inéditas com o título muito bem sacado de: Velhos Goianos: Começou Risare.
O álbum foi gravado ao vivo nos estúdios Sonastério, de belo Horizonte e pela primeira vez o trabalho foi composto e arranjado em conjunto.

Menos piadista, o disco segue na direção do single “O Circo de um Homem Só” (2015), logo, você não vai encontrar neste novo trabalho nada que se pareça minimamente com canções como “Teorema de Carlão” ou “Em Plena Lua de Mel”, mas vai ser positivamente surpreendido com temas sérios como a levada de maracatu de “Crença” em que a banda pede respeito a qualquer tipo de fé.
“Final da Estrada” é uma balada romântica tranquila com participação do Maneva e da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, enquanto “Rotina” joga na cara dos simples mortais que viver de música pode não ser fácil, mas dá um prazer danado. A canção embalada por um western de saloon com pedal steel diz na letra: “Minha rotina é o que você chama de férias.”

Outra participação muito especial é Rick Ferreira, guitarrista que trabalhou com Raul Seixas em “Só o Chico Pode”, homenagem torta nos moldes de “Eu Não Toco Raul” do primeiro disco onde Cambota diz que tenta escrever como Chico Buarque, mas acaba saindo como Amado Batista, e complementa: “nas proparoxítonas é que ele me fode.”
Ainda há espaço para baião na engraçadinha “O Juiz e o Jardineiro” e um quarteto de cordas muito bonito servindo de plano de fundo para  Fabiano cantar “O Menino e o Pássaro Encantado” que tem a letra inspirada em A Menina e o Pássaro Encantado, livro de Rubem Alves versando sobre saudade e liberdade.
O primeiro single foi “História Com Fins”  e é quase um épico.
Em seis minutos a banda conta a macabra história de como foram morrendo, um a um, e desfazendo o sonho do cantor de ter uma banda, mas se encontram no inferno após o vocalista saltar do Grand Canyon. Ainda há um plot twist para deixar tudo mais divertido.
A faixa também ganhou um video clipe em animação dirigido por André Barreto da FOCA Audiovisual.
O disco foi lançado de forma independente nas plataformas de streamings e até agora não há notícia de lançamento físico, mas é prometido um mini documentário sobre a produção do álbum ainda para este ano a ser lançado nas redes sociais da banda.

Comentários

  1. Essa banda é maravilhosa!!!! Tem o dom de abrir horizontes, trazer nova perspectiva às nossas vidas! E o álbum Velhos Goianos Começou Risare é sensacional!!!!! Cheio de humor e reflexão.

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