Discos para ajudar na quarentena (4) - Scalene e seu Respiro (2019)

A Scalene está de volta com uma nova coleção de canções inéditas agrupadas sob o sintomático nome Respiro (Slap, 2019).
Produzido por Diego Marx sob a direção musical de Marcus Preto (Gal Costa, Nando Reis, Silva, Tom Zé) o disco é exatamente o que promete o título.


Leve, sem as guitarras saturadas e vocais gritados de seus dois primeiros discos e que depura ainda mais a vertente melódica de seu último disco, Magnetite (Slap, 2017)

Para se ter ideia do tamanho da mudança de rumos a que a banda se propôs, as duas primeiras faixas de Respiro são... sambas!
Ainda que tocados com baixo guitarras, baterias e violão, a pegada leve surpreende quem esperava uma volta ao stoner rock de Real/Surreal (2013) ou Éter (2015).
Segundo o guitarrista Tomás Bertoni, o disco é um: “resgate de diversas coisas que a banda ouvia antes de mergulhar nas raízes roqueiras”.
Um bom e bonito exemplo é a faixa que fecha o disco “O Que É Será” levada apenas no piano e de onde sai o título do disco.
O guitarrista ainda prometeu um retorno ao rock mais pesado, mas: “de forma diferente do que foi feito nos discos anteriores.”
“-Nós sempre fomos influenciados por coisas atuais.” – pontuou.

Com 13 faixas, o álbum conta ainda com as participações de Beto Mejia (Móveis Coloniais de Acaju) na delicada “Ilha no Céu”, Ney Matogrosso esbanjando elegância na experimental “Esse Berro” e um quarteto de cordas (violinos, viola e violoncelo).
A capa, como todas as anteriores, também é assinada por um artista plástico contemporâneo, cabendo desta vez a Alice Quaresma, ganhadora do prêmio Foam Talent, em Amsterdã.
Segundo ela, o uso de uma imagem do horizonte é para reforçar a ideia de novos caminhos propostos pela banda.
Pode até desagradar fãs mais antigos (e radicais), mas com certeza vai garantir uma nova leva de admiradores para o grupo de Brasília.

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