Lou Reed, 78

Lou Reed que completaria hoje 78 anos de idade é tudo o que você pode adjetar em termos de genialidade musical e grande influência para meio mundo do rock...
Mas se quer saber como começou a ser influente, não foi no álbum magnifico Transformer... Foi bem antes no seminal Velvet Underground.

Montado no inicio dos anos sessenta, o grupo peregrinou por diversas casas noturnas de Nova Yorque, sendo expulso da maioria delas, até que em um destes foram descobertos por Andy Warhol, papa da arte pop e comandante da Factory, misto de ateliê e boate.
Curiosamente, Andy presenciou uma destas demissões na noite em que os contratou.
Após tocarem “Black death angels song”, o empresário da banda subiu ao palco e ordenou que eles nunca mais tocassem esta musica, mas foi só descer do palco para Lou contar até três e tocar “Black death” novamente. Em tempo, a canção é só um monte de barulhos desconexos e com uma letra declamada como se fosse uma poesia. Fala de morte.

O nome da banda foi tirado de uma revista pornográfica sadô masoquista, e as letras de Lou Reed têm forte influência de poetas malditos - como Delmore Schuwartz ou sujos como o beatnick William Burroughs - seguindo conselhos de Wahrol que lhe dizia para manter sempre palavras sujas e agressivas em suas canções.
Somando isto ao rock em estado puro, quase monolítico, fica fácil perceber porque não conseguiram alcançar o sucesso à época.
Outra “contribuição” ao grupo do dono da Factory foi a entrada de Nico.
Misto de modelo, atriz e cantora alemã que cantava duas canções nos shows e passava o resto da apresentação imóvel, de pé ao lado de Lou. Tão fria e glacial que era ironizada até pelo pessoal do grupo que, dizia ser a única banda que tinha uma estatua em sua formação.

Com eles o VU gravou apenas o primeiro disco: “The Velvet Underground and Nico”, que tem a capa desenhada por Warhol.

E que por mais que hoje se diga que é genial não vendeu nada.
O disco tinha temas pouco convencionais para o ano de 1968, conhecido como o verão do amor. Muito para lá de sombrios.
Ia de vícios (“Heroin” e “I'm waiting for the man”, que era autobiográfica e conta como Reed se sentia ao esperar seu personal traficante), prostituição (“There she goes away”), sexo (“Venus in furs”, “Run, run, run”), morte (“Black death angels song”) e até temas mais barra pesada como amor (“Femme fatale”, “All tomorow parties”).
Como consequencia do fracasso comercial houve o rompimento de Andy e sua Factory com a banda. E obvio:  Nico foi dispensada.

A banda também perderia o multi-instrumentista John Cale por brigas com Lou Reed, e seguiria lançando mais três discos sob a batuta do ‘mago do valium’ fazendo pequenas trocas em sua formação.
Boas canções não faltaram como “Pale blue eyes”, “Candy says”, “Who loves the sun”, sem nenhuma repercussão imediata.
Os shows, quase sempre uns fracassos de publico, não tinham mais que trinta ou quarenta pessoas presentes, e foi assim durante todo o tempo em que estiveram na ativa com a formação original.
Reza a lenda que que quem viu John Cale (baixo; viola; teclados e voz), Mo Tucker (bateria e voz), Sterling Morrison (guitarra) e Lou Reed (guitarra e voz) em palco naqueles tempos, invariavelmente montou um grupo ou se meteu com musica de alguma forma.
E não é exagero dizer que grande parte fez trabalhos altamente relevantes.
Dos Stooges de Iggy Pop até Morrisey e seu The Smiths, passando pelo Jesus and Mary Chain dos irmãos Reed. David Bowie e depois todo o pessoal do punk, pós punks, góticos até chegar ao Prodigy de Keith Flinth.
Acha pouco?
Pois não é.
Ninguém escapou da influência do Velvet Underground.

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