Tuomas Holopainen, um tímido
rapaz da Finlândia, queria canalizar as suas criações artísticas.
Tocando teclado em duas bandas – a de black metal sinfônico Darkwoods of My
Betrothed e a Nattvindens Gråt – teve a necessidade de
expor as suas composições próprias em um trabalho só seu. Então, decidiu
formular um projeto "acustic mood music" como definiu no documentário do DVD End
of Innocence.
Da banda Darkwoods of My
Betrothed, convidou Erno – Emppu – Vuorinen para tocar violão. Da escola,
Tuomas procurou conversar com Tarja Turunen e convidá-la para participar do grupo musical. Ele sabia que ela cantava e decidiu que o
projeto seria mais ou menos como a banda holandesa The Gathering. O trio então
gravou três canções para uma fita demo: Etiäinen, Forever Moments e Nightwish –
essa última música seria título da demo e também, nome do grupo. Nascia então, o embrião do Nightwish em 1996,
numa pequena cidade chamada Kitee.
No ano seguinte, Tuomas percebeu
que Tarja tinha vocais muito bombásticos, fortes até para um projeto
simplesmente acústico. Então, Emppu passou a tocar guitarras e eles contrataram Jukka Nevalainen para tomar o posto da percussão e da bateria. Nesta formação, assinaram com a Spinefarm Records e produziram o despretensioso, mas eficaz
primeiro álbum de estúdio, Angels Fall First, em novembro de 1997.
O sucesso do primeiro disco
surpreendeu a gravadora e a banda. O single The Carpenter alcançou as paradas
de sucesso finlandesas e ninguém havia imaginado que as composições poéticas,
um vocal de ópera, e uma tendência ao power metal seriam elementos de uma
receita que daria certo. Para aproveitar essa boa maré, eles assim decidiram
fazer um show de estréia em dezembro daquele ano, em Kitte. As imagens do show
são um tanto vexatórias. Eles não tinham o mínimo da desenvoltura no palco e
pareciam muito desconfortáveis.
No ano seguinte, um entrave:
Tarja não poderia fazer muitos shows de divulgação, pois queria terminar os
estudos. Tuomas, Jukka e Emppu estavam na fase das obrigações militares com o
exército.
Mesmo assim, empenhado em aproveitar o
holofote, Tuomas não deixou a peteca cair. Com mais músicas compostas, pensou
em lançar um segundo disco. Do Nattvindens Gråt, chamou o amigo Sami Vänskä para ser
baixista, investiu na estética do grupo e juntos engatilharam a gravação de
Oceanborn, lançado em 2008.
No segundo álbum, o Nightwish recebeu
uma crítica aclamada pelo resultado. O single Sacrament of Wilderness alcançou
o primeiro lugar nas paradas. Com Oceanborn também, Tuomas e seus companheiros sedimentaram
a característica principal no começo de suas carreiras: um vocal feminino
potente combinado com o bom e velho power metal, do tipo que já vinha sendo
feito pela banda, também finlandesa, Stratovarius.
Desta vez, eles tomaram gosto
pelo palco, embora isso não fique tão claro pelos vídeos. Saíram em tour com a banda alemã Rage pela Europa, fazendo
apresentações de abertura para os caras. Em 1999, lançaram dois singles: um de
uma de suas músicas mais famosas baladas, Sleeping Sun (mais tarde remasterizada, regravada em 2005, também com outro vídeo) e a cover de Howard
Blake, Walking in The Air.
Nesse segundo disco, fica claro duas coisas:
Tuomas não se arriscaria mais nos vocais masculinos como fizera em The Carpenter.
Para Oceanborn convidou Tapio Wilska – membro ao vivo ativo do Nattvindens Gråt
para cantar e os resultados foram:
E também:
A segunda questão era que, Tarja
era (e é) uma cantora de ópera. Era como se ela andasse na contramão dos caras Fazia sentido na ocasião, e até forçando um pouco mais, combinava, apesar de causar estranheza. Mas se ela não cedesse um pouco para
além dos limites impostos pelo seu aprendizado como cantora soprano, os discos
da banda soariam todos, muito parecidos e corria o risco de se tornarem, chatos (algo que, de alguma forma, talvez acabará acontecendo com seus álbuns solo, se já não é um fato sobre sua carreira além Nightwish).
Por sorte, a genialidade de
Tuomas e a capacidade de entregar bom som dos demais músicos, salvava eles de
serem “covers” de si mesmos.
As letras de Tuomas tinha um pé
na fantasia e na poesia que era ao mesmo tempo meio "goethiano" com pinceladas extras de
contos de fadas. Seu gosto por
literatura fantástica, mitologia e desenhos da Disney acabavam tendo reflexo
nas letras, combinando a sua personalidade tímida e inocente com um adulto romântico, ansioso
e até depressivo.
Seu ápice de compositor chegaria
logo no ano 2000. Com Wishmaster, “o seu desejo mestre” seria o terceiro álbum da
banda, com direito até a gravação de um show registrado em DVD – o From Wishes To Eternity.
Wishmaster tem um tema de
fantasia muito mais claro nas letras, até do que Oceanborn. Embora geralmente considerado
mais próximo do power metal convencional, há ainda uma grande variedade de
canções do tipo baladas como Come Cover Me e Two for Tragedy, e mais peças
épicas como Dead Boy's Poem e FantasMic.
A canção The Kinslayer foi
escrita sobre as vítimas do Massacre de Columbine nos EUA. Wishmaster foi
inspirada pelas sagas de O Senhor dos Anéis e Dragonlance, mencionando Varda,
Lothlórien e os Portos Cinzentos do primeiro; e Dalamar, Raistlin Majere (shalafi do Dalamar –
“mestre” do título), do segundo, entre outros. FantasMic é diretamente uma canção sobre as
animações da Disney, especialmente sua fantasia e elementos de fábula.
Por sinal, a canção título Wishmaster é
considerada um dos hinos da banda e apesar disso, não é a melhor do álbum, que
contém muitas outras faixas interessantes, já mencionadas, além de Deep Silent Complete, Wanderlust e faixa bônus Sleepwalker – que competiu no Eurovision em2000. A emocionante Dead Boy’s Poem e a primeira peça épica mais longa de
Tuomas, Fantasmic, são dois momentos em que captamos o talento de Tuomas como
compositor, e em especial Fantasmic, os primeiros indícios de “maestro” que se
tornaria.
Para fechar essa parte, fiquem com a apresentação ao vivo de Dead Poem's Poem do DVD From Wishes To Eternity:
Abraços afáveis e volto em breve com a segunda parte da trajetória do Nightwish ;)
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