Editorial Musique-se: Muito ajuda quem não atrapalha

Desde domingo passado (26/4) quando Fernanda Lira e um pouco mais tarde Luana Dametto publicaram seus textos dando conta de suas saídas da Nervosa, temos acompanhado a situação, afinal, a surpresa foi grande.
A Nervosa é a banda de metal brasileira mais promissora da atualidade.
Antes da pandemia, tinham turnê americana marcada ao lado do Entombed, show no icônico festival Wacken Open e uma turnê pela Escandinávia (terra do death metal e onde são absurdamente respeitadas), o que não é pouco.

Confesso que não foi surpresa alguma abrir as postagens e me deparar com as postagens preconceituosas de cunho machista, sexistas vindas de “fãs de metal”.
Gente imbecil existem aos montes e no metal não é diferente de qualquer outro setor da cultura e da vida. Eles estão lá, embora, se entendessem do que se trata o gênero, não estariam.
Somados a isso, ainda os “questionamentos” políticos por conta das posições abraçadas pela banda (e por todo mundo que tem bom senso), e que as meninas nunca esconderam.

De toda forma, não é a primeira vez que este tipo de comentários surge em relação à banda.
Bastava qualquer menção a elas, uma matéria em sites de música/metal qualquer que citasse a banda e lá estavam os “entendidos” desfiando seu rosário de imbecilidades.
Chegava a ser interessante ler comentários de gente que nunca pegou um instrumento, nunca subiu em um palco, nunca se apresentou para seis pessoas que fosse negando à Fernanda, Luana e Prika o óbvio e absurdo talento que tem.
Goste-se ou não, tocar trhash/death metal requer talento, técnica e um esforço gigantesco.
Mas desta vez a coisa foi além, foi pior... Em uma palavra o resumo: Nojento.

Já no dia seguinte, 27/4, uma publicação do Combat Rock, do Uol resolveu fazer um desagravo à banda e piorou um pouco.
Politizou a situação, não só dos comentários, mas do próprio episódio da saída das duas integrantes da banda citando N fatos da história política recente do país, ligando X a Y com uma vontade de polemizar que incomodou.
Em seu texto, deu a entender que as duas saíram da banda por “não aguentar mais” as criticas vindas de gente que apoia o atual governo.
Não que não haja pontos de interseção entre os imbecis “metaleiros” e a linha de pensamento dos eleitores do imbecil que usa a faixa, mas o escriba do Uol pesou a mão  falou bobeira.
Atribuir a frases vagas retiradas das declarações no facebook como: "as coisas já não vinham bem há algum tempo" para apoiar o ponto de vista não só fortalece os imbecis preconceituosos que agora acham que ganharam um inexistente braço de ferro entre eles, babacas e a banda,  mas também apequena a imagem corajosa com que a Nervosa sempre se apresentou nos palcos e nos discos.
Consciente ou não, jogou contra a banda e a favor dos imbecis.
Fernanda e Prika tem personalidade, força e coragem o suficiente para não entrar nesse papinho de "ah, vamos acabar a banda porque não gostam de nós".
Tivessem elas esse medo da opinião alheia ou dos preconceitos idiotas que rodeiam meio metal (e o mundo), nunca teriam montado uma banda de trhash/death metal.
Talvez o motivo seja apenas o desgaste... Coisa normal entre os integrantes de uma banda. São cabeças diferentes tendo que se alinhar para dar continuidade ao trabalho.
Ou financeiro mesmo, por que não?
Só as meninas mesmo que poderão dizer.
Prika aliás, já disse: seguirá com o Nervosa - assim que toda esta coisa de quarentena acabar- com novas pessoas na formação.
Fernanda também disse que formará outra banda feminina...
Apenas a baterista Luana Dametto não se manifestou sobre o futuro.
Mas ele virá, apesar dos idiotas, dos oportunistas e de qualquer outro mal.
E elas virão, fortes como sempre e renovadas.

P.S.
E no dia seguinte ainda colocou a culpa na idade dos imbecis, equiparando seus pensamentos aos dos “...tiozões cinquentões ressentidos (que) reverberam um sentimento meio que generalizado de uma parcela de músicos e fãs de rock/metal que se julgam "trues": acham-se "roqueiros de raiz", "guardiões da verdade e da história”.” 
Não nego que existam estes tipos, mas basta uma passeada pelos perfis dos comentaristas dos portais para ver que a maioria são moleques, nos dois sentidos da afirmação.
Ô vontade de polemizar...

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