É difícil quantificar a importância de Moraes Moreira na cultura brasileira.
Os anos com os Novos Baianos gravando coisas como Ferro Na Boneca (1970), Acabou Chorare (1972) ou o meu preferido da banda; Novos Baianos Futebol Clube (1973), discos onde uniram Jimi Hendrix e João Gilberto no mesmo caldeirão sonoro...
A carreira solo fantástica com direito a clássicos absolutos como Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira (1979), Coisa Acesa (1982), Cidadão (1991) entre tantos outros...
Não dá para escolher - e nem é preciso - um só disco, uma só música, Moraes era plural e sua obra também.
O disco, para mim, mais significativo da obra de sua obra é o seu acústico na série da MTV, porque foi a minha porta de entrada para o universo de Moraes Moreira.
Não me levem a mal, mas para mim foi impactante aquele disco redondo, cheio de canções maravilhosas direcionados à um público diferente do que era o alvo de Moraes.
Os jovens que eram os espectadores da MTV em 1995 não tinham a menor ideia do que, e de quem era Moraes quando aquele show foi veiculado.
Os frevos, os sambas, as canções de Moraes Moreira para aqueles jovens eram "coisa de velho" e – eu ouvi muito isso – brega.
Brega nunca foi... Nunca será.
Neste disco tem tudo: sua poesia, sua face festeira, sua consciência social...
“Meninas do Brasil” com a orquestração elegante e tranquila seguida da majestosa “Pão e Poesia” com o trombone de Vitor Santos precedendo a letra... “... felicidade é uma cidade pequenina/é uma casinha, uma colina/qualquer lugar que ilumina quando a gente quer amar...”
E não são as únicas que encantam pela beleza: “Arco Iris”, parceria de Moraes com Gloria Gadelha e o mestre Sivuca emociona até os mais brutos.
Moraes nos convida a dançar com os sambas, forrós e frevos que incendeiam a alma e iniciam o carnaval, seja fevereiro ou julho: “Coisa Acesa”, “Pombo Correio”, “Festa do Interior” finalmente registrada em sua voz e “Vassourinha/Vassourinha Elétrica”.
Ele canta na fantástica e autobiográfica “Pernambuco é Brasil” das vezes em que foi confundido com Alceu Valença e diz que deve ser pelo que escreve, que “... gosta de frevo, de mar e de maracatu”, mas faz uma ressalva: “...eu uso bigode, ele não.”
Ainda sobra tempo para revisitar sua banda com uma versão extraordinária para “Mistério do Planeta” onde o solo de guitarra originalmente feito por Pepeu Gomes é substituído por um de acordeom do mestre Augustinho Silva tão lindo quanto.
A preferida, talvez por contar com uma sessão de percussão pesada de Carlinhos Ogã, “Cidadão” tem uma letra que pede o fim dos preconceitos mostrando que na praça (Castro Alves, em Salvador) se unem todos na festa dando razão ao distico de que a praça é do povo: “Navio negreiro já era, agora quem manda é a galera nesta cidade nação” e que assim deveria ser sempre.
O disco termina com “Preta Pretinha”, mas a vontade é de por no repeat e não tirar mais.
E ainda fica na memória, pouco depois deste disco, uma das lembranças mais faiscantes de Moraes.
Seu trabalho em um vídeo feito para a campanha de conscientização no trânsito do Ministério dos Transportes em 1996 usando sua “Sinal de Vida” do disco Estados, de 1996 em que as imagens de imprudências, bebedeiras aliadas ao volante são pontuadas pelo refrão direto: “Quer morrer, feladaputa?”.
Seu último disco de inéditas, Ser Tão (2018) era um resgate de suas raízes culturais onde mergulhou na métrica e nas regras da literatura de cordel.
Os shows de lançamento eram intercalados com apresentações da reunião dos Novos Baianos.
A perda é irreparável, a tristeza é absoluta e a falta será sentida para sempre.
Os anos com os Novos Baianos gravando coisas como Ferro Na Boneca (1970), Acabou Chorare (1972) ou o meu preferido da banda; Novos Baianos Futebol Clube (1973), discos onde uniram Jimi Hendrix e João Gilberto no mesmo caldeirão sonoro...
A carreira solo fantástica com direito a clássicos absolutos como Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira (1979), Coisa Acesa (1982), Cidadão (1991) entre tantos outros...
Não dá para escolher - e nem é preciso - um só disco, uma só música, Moraes era plural e sua obra também.
O disco, para mim, mais significativo da obra de sua obra é o seu acústico na série da MTV, porque foi a minha porta de entrada para o universo de Moraes Moreira.
Não me levem a mal, mas para mim foi impactante aquele disco redondo, cheio de canções maravilhosas direcionados à um público diferente do que era o alvo de Moraes.
Os jovens que eram os espectadores da MTV em 1995 não tinham a menor ideia do que, e de quem era Moraes quando aquele show foi veiculado.
Os frevos, os sambas, as canções de Moraes Moreira para aqueles jovens eram "coisa de velho" e – eu ouvi muito isso – brega.
Brega nunca foi... Nunca será.
Neste disco tem tudo: sua poesia, sua face festeira, sua consciência social...
“Meninas do Brasil” com a orquestração elegante e tranquila seguida da majestosa “Pão e Poesia” com o trombone de Vitor Santos precedendo a letra... “... felicidade é uma cidade pequenina/é uma casinha, uma colina/qualquer lugar que ilumina quando a gente quer amar...”
E não são as únicas que encantam pela beleza: “Arco Iris”, parceria de Moraes com Gloria Gadelha e o mestre Sivuca emociona até os mais brutos.
Moraes nos convida a dançar com os sambas, forrós e frevos que incendeiam a alma e iniciam o carnaval, seja fevereiro ou julho: “Coisa Acesa”, “Pombo Correio”, “Festa do Interior” finalmente registrada em sua voz e “Vassourinha/Vassourinha Elétrica”.
Ele canta na fantástica e autobiográfica “Pernambuco é Brasil” das vezes em que foi confundido com Alceu Valença e diz que deve ser pelo que escreve, que “... gosta de frevo, de mar e de maracatu”, mas faz uma ressalva: “...eu uso bigode, ele não.”
Ainda sobra tempo para revisitar sua banda com uma versão extraordinária para “Mistério do Planeta” onde o solo de guitarra originalmente feito por Pepeu Gomes é substituído por um de acordeom do mestre Augustinho Silva tão lindo quanto.
A preferida, talvez por contar com uma sessão de percussão pesada de Carlinhos Ogã, “Cidadão” tem uma letra que pede o fim dos preconceitos mostrando que na praça (Castro Alves, em Salvador) se unem todos na festa dando razão ao distico de que a praça é do povo: “Navio negreiro já era, agora quem manda é a galera nesta cidade nação” e que assim deveria ser sempre.
O disco termina com “Preta Pretinha”, mas a vontade é de por no repeat e não tirar mais.
E ainda fica na memória, pouco depois deste disco, uma das lembranças mais faiscantes de Moraes.
Seu trabalho em um vídeo feito para a campanha de conscientização no trânsito do Ministério dos Transportes em 1996 usando sua “Sinal de Vida” do disco Estados, de 1996 em que as imagens de imprudências, bebedeiras aliadas ao volante são pontuadas pelo refrão direto: “Quer morrer, feladaputa?”.
Seu último disco de inéditas, Ser Tão (2018) era um resgate de suas raízes culturais onde mergulhou na métrica e nas regras da literatura de cordel.
Os shows de lançamento eram intercalados com apresentações da reunião dos Novos Baianos.
A perda é irreparável, a tristeza é absoluta e a falta será sentida para sempre.
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