Os 20 anos do filme "Alta Fidelidade"

Na última terça-feira, dia 31 de março, o filme Alta Fidelidade, estrelado por John Cusack e Iben Hjejle estreava nos cinemas estadunidenses em... 2000!
Para comemorar os 20 anos do longa, baseado no romance homônimo de Nick Hornby, o Musique-se presta um “tributo” (palavra quase sempre designada, juntamente com  músicos, em sentido de rememorar e homenagear uma outra figura artística).

Dirigido por Stephen Frears – responsável por filmes como Ligações Perigosas (1988), A Rainha (2006), Florence: Quem é essa mulher? (2016) e o recente Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (2017) – completa o elenco o sempre empolgado Jack Black, o politizado Tim Robbins, a exótica Lisa Bonet, a galesa Catherine Zeta-Jones, além das atrizes Joelle Carter e Lili Taylor.

De Black até Jones, podemos mencionar o lado musical desse elenco: Black é muito fã de música. Em qualquer oportunidade que encontra, ele mostra esse seu lado “sonoro” para seus personagens. É também o líder do Tenacious D, banda de rock cômico que teve até um filme em 2006, e mais três álbuns de estúdio. No ano passado, Black e seu companheiro Kyle Gass estiveram no Brasil, no Rock In Rio. (Não, não vou dar mais assunto para Júnior Bass Groovador. Já teve o suficiente do holofote...) 
Robbins é filho de um casal de músicos, lançou um álbum em 2010 - Tim Robbins & The Rogues Gallery Band – com uma coleção de músicas escritas por ele ao longo de 25 anos. Lisa Bonet é atriz, mas teve e tem a sua ligação com a música em dois momentos: seu pai era cantor de ópera, e ela foi casada com Lenny Kravitz de 1987 a 1993.
Por fim, Catherine Zeta-Jones também é cantora, ganhou um Oscar de melhor Atriz Coadjuvante pelo musical Chicago (2002) e também contracenou com Tom Cruise noutro musical (comentado aqui) Rock of Ages (2012). 

Eis a história de Alta Fidelidade: Rob Gordon (John Cusack) entende muito de música, no entanto não entende nada sobre mulheres. Depois de sofrer um término com Laura (Iben Hjejle), ele fica obsessivo, buscando a razão de sua má sorte com relacionamentos e procura suas antigas parceiras.
O que se destaca no filme é o crescimento, o amadurecimento de Rob no que se refere a compromisso, amor, vida adulta e responsável; coisas que, em tese, ele negligenciava enquanto esteve com Laura – entravando também um futuro seguro para ela, ao lado dele.


Durante o dia, ele trabalha em sua loja de discos - a Championship Vinyl - que não se encontra nos seus melhores dias. Ele e seus funcionários, o tímido e pacato Dick (Todd Loioso) e impaciente Barry (Jack Black), armados com um conhecimento enciclopédico de todo o mundo musical, compilam listas de "Top 5" para todas as ocasiões possíveis, zombam abertamente do gosto de seus clientes (especialmente Barry) e vendem poucos discos.
Esse é o mote que sustenta o longa como pano de fundo para a frustração da vida pessoal de Gordon: a música e as listas – que de certa forma é uma das coisas que os editores do Musique-se mais gostam de fazer, apesar de, nem sempre, ser tarefa fácil, rsrsrs...
Rob decide então, fazer uma lista (claro!) dos 5 "foras" mais dolorosos – desde a sua primeira namorada o trocando por outro até a chuva que tomou quando a sexy Charlie (interpretada por Zeta-Jones) também o desprezou – para reavaliar a sua conduta afetiva.

Diferente do livro, o filme se passa no subúrbio de Chicago, e não em Londres. As semelhanças se cruzam quando Cusack passa o tempo todo conversando com o espectador, como um narrador/personagem do livro. É neste momento em que o filme cria um corpo especial com o telespectador e que não deixa em nada a dever em relação ao livro: por exemplo, quando Rob encontra Ian (Robbins) o cara com quem Laura está morando, ele confidencia diversas respostas que gostaria de ter dado ao "novo" namorado da sua ex.
Quem nunca ficou repassando uma discussão na cabeça e chegando a respostas que teriam sido muito melhores do que aquelas ditas no calor do momento? Essa aproximação acabou trazendo nós, espectadores, para dentro do filme, como se fôssemos um dos amigos de Rob que o manifesta a sua luta para resolver o seu problema íntimo.
Fato é que Rob está muito mais apaixonado por Laura do que jamais esteve. Agindo como um adolescente, ele não percebeu isso enquanto estavam juntos. Precisou tomar um "choque de realidade" –perdê-la – para finalmente fazer a "ficha cair".

Além disso, a menção das músicas é uma sacada eficaz do autor do livro e que o diretor explora muito bem. Ter uma boa trilha sonora coloca um "plus" em termos de interesse em qualquer longa. Ainda assim, uma aproximação ainda maior com o personagem é garantida: todos nós termos músicas, bandas, discos que "falam" diretamente com nossa alma. Temos ligações especiais com uma ou outra canção que, volta e meia, associamos cognitivamente a um dado momento de nossas vidas, um lugar ou uma pessoa que fez ou faz parte de nosso convívio.

Por aqui, o filme só chegou em outubro, mas se engana se você acha que Alta Fidelidade é uma comédia romântica barata e/ou clichê. Longe disso! Pode estar ao lado que qualquer filme romântico dos anos 1980 e 90 e estar na lista (olha só!) de muitos de nós, como Quatro Casamentos e Um Funeral (1994) ou Digam o Que Quiserem (1989) – por sinal, este último, também com Cusack no personagem principal, um (otimista) rapaz que se vê também apaixonado, e depois de uma crise, se declara para a sua amada com uma música a música In Your Eyes de Peter Gabriel.

Ficaram curiosos com o Alta Fidelidade? Podem conferir alugando através da sua plataforma favorita: Google Play e no YouTube (numa versão dublada).

Abraços afáveis!

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