#1 Record, a maravilha do Big Star que o mundo ouviu pouco

Memphis é celeiro de muita música boa e terra da Stax, selo/gravadora dedicada ao r&b, blues, soul e lar de nomes como Otis Redding, Booker T and the MG´s, The Bar Keys, Issac Hayes, Albert King, Wilson Picket entre outros.
E também é a terra de Alex Chilton, garoto prodígio que aos 16 anos, à frente dos Box Tops lançou o single “The Letter” e chegou ao topo da parada americana e lá permaneceu por quatro semanas em plena efervescência pop do ano de 1967.
Aparentemente, Alex não admitia interferências externas e após mais três sucessos, em cima do palco mesmo, abandonou os Box Tops e enveredou por uma carreira errante a partir de 1970.
Sem muito sucesso, encontrou Chris Bell, guitarrista e compositor de um grupo semi anônimo chamado Ice Water que também contava com o baixista Andy Hummel e o baterista Jody Stephens. Convidado a entrar na banda, sugeriu a troca do nome e resolvem, sabe-se lá porque, homenagear uma rede de supermercados local.
Nascia então o Big Star.

Após algumas apresentações, a banda foi contratada pela Stax e em 1972 lançam seu primeiro disco.
Gravado nos estúdios da Ardent, uma subsidiaria da Stax, #1 Record, como ficou conhecido o disco de estreia do Big Star apresentava um som sofisticado, melodias incrivelmente acessíveis e assobiáveis em composições que iam muito além das influencias dos Kinks, Birds, Beatles ou dos Beach Boys.

A dupla Chilton/Bell, nos moldes da parceria Lennon/McCartney eram os responsáveis pela maioria das composições e entregaram algumas das pop songs mais brilhantes de todos os tempos.
Em #1 Record, o peso de faixas “Feel”, “When my baby´s beside me” ou “Don´t lie to me” divide espaço com pérolas pop como “The India Song” e “In The Street”, canção descompromissada sobre a falta do que fazer na cidade, que foi tema de abertura da série That ´70s Show em adaptação uma bacana do Chip Trick.
Também há canções de amor comoventes como “Thirteen” (também na trilha sonora da mesma série sendo o tema de Donna e Eric), “The Ballad of el Godoo” e fantástica “Watch the Sunrise”.
O disco, infelizmente vendeu muito pouco já que Stax não tinha muita ideia de como divulgar e vender um disco de rock feito por branquelos e a banda acusou o golpe se separando por algum tempo.
Chris Bell deixou o grupo definitivamente não participando da composição e lançamento do segundo álbum em 1974, o não menos brilhante Radio City. Deixaria ainda outra obra prima chamada I am the Cosmos, álbum póstumo lançado em 1992, treze anos após sua morte em um acidente de carro.

O Big Star, apenas com Chilton e Jody Stephens da formação original, ainda lançaria Third/Sister Lovers (1978) um disco tão belo quanto sombrio e encerrou sua trajetória em 2005 com o subestimado e ignorado In Space.
Alex Chilton se foi em 2010 de causas não reveladas, encerrando assim a trajetória de uma das mais influentes bandas dos anos 70 bastando ouvir trabalhos do Tennage Fanclub, The Posies ou o REM para constatar.

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