Bob Dylan, 79 anos de um dos maiores de todos os tempos (texto 1)

No final da tarde daquele domingo 25 de junho de 1965, Robert Zimmermann subiu ao palco para se apresentar no prestigioso festival folk de Newport.
Diferente das apresentações – todas! – do cantor e compositor anteriormente, desta feita estava acompanhado com uma banda completa, guitarras e baixo elétricos inclusos, e aquilo causou estranheza aos fãs.
Não era para menos.
Todos esperavam aquele garoto com voz fanha, violão e gaita tocando suas canções fortemente calcadas no folk de protesto e influenciadas por Woody Guthrie e o que aparecia diante deles era a encarnação daquilo que eles mais desprezavam.

O Bob Dylan de camisa laranja, jaqueta de couro, uma Fender e banda dispararam uma versão elétrica de “Maggie´s farm” e a destruidora “Like a rolling Stone” redefinindo, a partir dali o rock – até então juvenil e pueril em suas letras – como um estilo mais rico, lírico e profundo.
Como resposta, naquela tarde de domingo, ouviu da plateia vaias e um grito: “-Judas!”.
Em contrapartida, devolveu àquela parte do público outro grito: “You´re a liar!”.
E o que veio depois é história.

Em 2016, ao receber a honraria do prêmio Nobel de Literatura fez-se justiça por um lado e criou-se injustiças por outro.
Há tempos as letras de mr. Zimmermann são mais do que apenas a parte cantada de suas melodias.
Aliás, nunca foram.
Como disse a curadora do prêmio: “-Dylan criou novas expressões poéticas dentro da grande música tradicional americana.”.
E não é exagero dizer que Bob fez pela literatura mundial muito mais que os três últimos escritores horados antes dele com o Nobel.
E é, sem dúvida, muito mais popular que eles.
Só para citar um exemplo: seu disco Infidels (1983) que tem o clássico “Jokerman” é um relato fantástico sobre o fim de um relacionamento.
No caso, dele mesmo a ponto de seu filho Jacob dizer que é difícil ouvir o disco e não lembrar das brigas e discussões entre seus pais.
A injustiça fica por conta de ter sido o primeiro “cantor pop” a levar o prêmio, deixando para trás outros nomes tão importantes e “literários” quanto o poeta Leonard Cohen, que antes de ser cantor já era escritor de sucesso.
De qualquer forma, a porta foi aberta, mesmo que seja muito difícil que outro músico venha a ganhar o prêmio nos próximos anos.

Será que os puristas da música também o chamarão de Judas por ter atravessado mais esta barreira e assim como saiu do folk acústico para o rock elétrico, ter ganho um prêmio destinado a escritores? Claro que não...
Mas a grande piada sobre a premiação veio pelo twiter e dizia que um repórter marcou Dylan no twitt da notícia do prêmio, no que Bob teria respondido: “-You´re a liar!”.

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