Necessidade básica: Mais Podres do Que Nunca (1985) Garotos Podres

O disco saiu com o singelo nome de: Mais Podres Do Que Nunca.
Obviamente, mainstream nunca foi o alvo dos caras, afinal, Mao, Mauro, Sukata e Português eram punks.
De verdade.
Eram os Garotos Podres.

O álbum foi gravado e mixado em doze horas, mais punk impossível, e em uma mesa de “apenas” oito canais.
O som, como se espera de um disco punk é seco, abafado, sem firulas na produção que ficou à cargo do Redson Pozzi, cantor do Cólera e um dos mais importantes nomes da cena punk paulista.
E as letras? Bom...

Os tempos ainda eram duros, apesar de já estar no ocaso do golpe e a abertura política ser iminente.
O ano era 1985 e a censura ainda dava suas tesouradas em artistas a torto e a direito.
Com eles a coisa não podia ser diferente, afinal: eram punks.
De verdade.
Assim, “Jhonny” foi censurada, “Maldita Policia” e “Papai Noel, filho da puta” caíram na malha fina.
Então a gravadora Lup Som mandou na lata: “-Ou ajeita aí as letras ou não podemos lançar.”.
A letra da primeira foi “suavizada” se é que se pode dizer isto sem ser irônico a segunda e a terceira, além das letras, tiveram os títulos trocados para “Maldita Preguiça” e “Papai Noel velho batuta”.

Acredite ou não o disco esgotou.
Não se sabe se pela tiragem pequena ou porque realmente vendeu muito no esquema “boca a boca” entre os fãs já que a gravadora pouco fez para divulgar o produto.
Avisados que no “mercado negro” o disco era muito procurado, resolveram então relançar a bolacha e com um golpe de marketing digno dos “cunhados espertos” dos presidentes de empresa: avisam que trocarão a capa, a ordem das canções e possivelmente o título e pedem aos caras que pensem em alguma coisa.

Descontentes com o descaso da companhia em relação ao seu trabalho encontraram uma forma bem a caráter de dar o recado.
Deram um passeio pelas salas acarpetadas da gravadora calçados com seus coturnos – afinal eram punks, de verdade – após pisar, e muito, em cocôs de cachorros pela rua.
O disco foi relançado em 1986 com o título – bem punk – Pisando na Merda e vendeu mais cinquenta mil cópias.
Um recorde para lançamentos independentes.

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