Três anos sem Crhis Cornell, a melhor voz de Seatlle

O termo “grunge” nunca fez muito sentido e mesmo os integrantes das bandas vindas de Seattle nunca gostaram muito dele... Vazio, mercadológico e genérico demais para uma cena tão diversificada com bandas de estilos muito diferentes entre si.
Porém o rock feito em Seattle durante os anos 90 que veio a ser batizado com este termo é genial.
Guitarras esporrentas, baterias barulhentas, melodia... E vozes.
Muitas e ótimas vozes.
Isto sem contar que substituíram nas rádios coisas que vamos deixar para lá...
Madona, Jequison e uma pá de bandas com muito cabelo, muita maquiagem, muita roupa grudadinha e uma música magrinha.... Quase tísica.
Tudo isto foi sendo trocado por Pearl Jam, Nirvana, Mudhoney, Stone Temple Pilot, Alice in Chains e, o que conta aqui... o Soundgarden.

Provavelmente, o primeiro contato com a música do Soundgarden de muita gente no país se deu ouvindo rádio, pasmem.... Ainda se ouvia rádio!
Um programa no fim da tarde em uma das rádios rock, mais especificamente a Brasil 2000 FM em que Tatola e Roberto Maia sempre apresentavam diariamente coisas novas.
Eu próprio estava trabalhando, mas deu para ouvir quando Maia disse que das bandas novas que estavam surgindo, o Soudgarden era o que mais se parecia com o Black Sabbath.
Sempre amei Sabbath e aquilo aguçou minha curiosidade a ponto de pedir que as pessoas (clientes inclusos) fizessem silêncio quando a faixa começou a ser tocada no rádio. Era “Outshined” e eu fui conquistado ali mesmo.
Era mesmo como o Black Sabbath, mas com um Ozzy que sabia cantar - eu pensei.
O disco se chamava Badmotorfinger e ouvi tantas vezes que decorei as letras quando ainda sequer falava inglês macarrônico.
“Rust Cage”, “Somewhere”, “With My Good Eye Close”, “Jesus Christ Pose”, “Drawing Flies” ...  Enfim, todas.

O peso arrastado, tecnicamente impecável e ainda por cima havia a voz de Chris Cornell.
Era perfeita… Afinada, potente, emocionante.
Seus gritos enchiam os ouvidos, mas quando cantava mais tranquilo era uma coisa estupenda!
Em “Slavers and Bulldozers” ele gritava como se não houvesse outra faixa a ser gravada!

Quando 18/5/2017, Chris Cornell partiu, foi difícil acreditar.
Tudo ficou fora de sintonia. Esquisito...
Ao chegar em casa coloquei o vinil do Temple of the Dog, o grupo tributo que era metade do Soundgarden, metade do que viria a ser o Pearl Jam, no toca discos e me sentei na sala.
Sem uma bateria para espancar peguei minhas baquetas e acompanhei batendo o pé para marcar o bumbo e batendo no braço do sofá como se fossem minha caixa e meus tambores.
Escolhi este disco e o não o meu preferido do Soundgarden para poder “tocar” minha “bateria” sem fazer força, para que o som das pancadas não encobrisse a beleza da voz de Cornell em “Hunger Striker”.

Tão bela que ofusca até Eddie Vedder, que também canta na canção.
Que se danem os rótulos, o rock vindo de Seattle perdeu sua melhor voz por conta da depressão.
Cuidem bem uns dos outros, essa doença é realmente cruel e está muito longe de ser bobeira ou brincadeira.
Chris não foi o primeiro, e infelizmente, não será o último a partir por conta dela.

Comentários