Gilberto Gil, 80 - Back in Bahia

Quando voltou do exílio em Londres, Gilberto Gil veio cheio de novidades e idéias.
Por lá, assistiu shows de Hendrix, Led Zeppelin, Rolling Stones e Traffic entre outros.
Tocou com Jim Capaldi, Weather Report e Wayne Shorter.
Conheceu David Gilmour quando resolveu comprar sua primeira guitarra elétrica - uma poderosa Gibson 335 – na mesma loja onde Eric Clapton comprava as suas...
E mesmo triste por estar longe da terra natal, não parou de pensar a música e, diferentemente de Caetano que cogitou abandonar a carreira, continuou compondo.
E finalmente conseguiu a aproximação com a música pop com que sonhava ao fundar a Tropicália ao lado de Caetano, mas sem perder a brasilidade...

Ao voltar, gravou o hoje legendário Expresso 2222 para marcar seu retorno com tinta permanente na história da música no Brasil.
E é neste disco que está a música deste texto: "Back in Bahia".
A letra quilométrica faz um apanhado dos tempos de exílio, mas sem rancor ou qualquer traço de raiva, apresentando aqueles tempos como de aprendizado. (“Como se ter ido fosse necessário para voltar/tanto mais forte...”)
Claro, a saudade é peça central, porém é um sentimento que vai sendo amassado por uma banda de respeito que contava com: Tutty Moreno na bateria, Antonio Perna no piano, Bruce Henry no baixo e o genial Lanny Gordin na guitarra solo, mas quem brilha é Gil que empunha sua Gibson 335 pela primeira vez em uma gravação e tocando de pé surpreendentemente confortável no papel de band leader, conduzindo a canção com um som metálico inconfundível, quase um hard rock.
A obra de Gil, a partir daí, nunca mais foi a mesma, nunca mais se repetiu. Entrou em um eterno movimento de progressão, de experimentação, de modernização (ainda que as raízes sempre estivessem lá) e fez com que Gil se tornasse um músico global, sem fronteiras.
Axé, Gil. 
Nós te saudamos.

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