Raul, 75 - Metamorfoseando

Costumava dizer que não gostava de Raul Seixas.
Mais por alguns de seus fãs mais radicais do que pela sua obra.
Também influenciava a opinião as “chupadas” que dava nas obras alheias (The Birds, Beatles, Dylan, Cash, etc, etc) e não creditava.
Ora, se pensarmos em Jimmy Page e o Led Zeppelin... Até que não é nada.
E se pensarmos então na atual produção musical popular brasileira... A obra de Raul fica muito mais que imensa, gigantesca. Passa a ser absolutamente necessária e urgente o resgate.
Fazer justiça livrando do estereótipo de doidão...
Se foi – e foi – também foi genial.
Até o fim.

Quando se foi, Raul não deixou herdeiros musicais.
Ninguém tem uma obra nem parecida com a sua.
O que chegou mais próximo, talvez por ser grande fã, foi Marcelo Nova, que regravou canções do seu ídolo quando ainda estava em sua banda, o Camisa de Vênus, e escancarou ainda mais quando em carreira solo gravou junto com Raul o belo disco A Panela do Diabo.
Infelizmente, o canto do cisne da obra de Raul Seixas.

Uma passagem interessante das gravações deste disco foi contada em uma entrevista dada por Marcelo Nova ainda na divulgação.
A certa altura perguntaram:
-E como foram as seções de composição? Muita loucura? Você, Raul...
-Foi, foi... A gente compôs, arranjou, gravou... E toda tarde a esposa de Raulzito vinha com uma sopa pra gente.
-Sopa? Isto é código para que?
-Água, macarrão, legume...

A metamorfose ambulante em ação, desdizendo o que sempre disse e mostrando que o normal pode ser muito mais estranho que o estranho.
Salve Raul.

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