The Game - 40 anos do disco que me iniciou na música

Nas redes sociais do Musique-se, sempre tem o aniversariante mais importante do dia as 16 horas, e hoje também tem o disco aniversariante mais importante...
Ao menos pra mim.
The Game (1980) do Queen foi o primeiro álbum - junto com o A Kind of Magic (1986) e em fita K7 - que eu ganhei da minha mãe.
Era julho de 1986 e ela comprou por puro acaso, não tinha ideia de quem ou o que era o Queen e nem do disco que eu queria ganhar. Mas confiou no vendedor da loja de discos e trouxe estes dois. Um, segundo ele, era o melhor disco deles e o outro era o mais novo, tinha sido lançado naqueles dias...

Na capa, uma gang barra pesada, mal encarada em suas jaquetas de couro passava a impressão de que se encontrassem alguém fazendo biquinho e cantando algo como "Yes" (do cantor Tim Moore, que tocava a cada meia hora nas rádios em 1986), o tempo ia fechar.
Mas quando play desceu, um som estranho inundou o quarto.
Parecia o pouso de um disco voador de filme B de ficção científica e logo depois uma voz maravilhosa cantando uma power balad que alternava entre o angelical e a porrada.
Na sequência um riff de guitarra absurdo repetido por um baixo musculoso e uma bateria arrebentavam as portas do ouvido anunciando que há um dragão atrás de você... A canção terminava com um solo de baixo matador que se emendava em outra linha de tirar o fôlego, mas desta vez, suingante. A guitarra que emulava com perfeição o estilo do Chic e a bateria seca e reta impediam a corpo de ficar parado.
Para não deixar esquecer que aquele era um disco de rock, uma faixa básica do estilo seguida de um rockabilly inspirado em Elvis tão impressionante que se tornou quase um sinônimo da própria banda.
Virando o K7, uma voz rouca anunciava que rock é composto por instintos primitivos e abria espaço para um número diferente, conduzido por uma linha de baixo esparsa pontuada por intervenções elegantes da guitarra e pedindo para o ouvinte aguentar firme e não cometer suicídio.
Uma balada cantada pelo guitarrista e uma canção do baterista (ambas sentimentais embora bem diferentes entre si) preparam o terreno para a grande música do disco.
Derramada, dramática, lírica... A canção fala em almas à venda – ou para alugar – e pede desesperadamente que a salvem.

Eram os 35 minutos e 36 segundos mais intensos que já haviam passado pelo canal auditivo.
Anos mais tarde descobri que aquele era o primeiro álbum da banda a ter um sintetizador entre os instrumentos na gravação e que o disco tinha sido sistematicamente malhado pela crítica que chegou a dizer que não havia diferença entre o disco e um balde de urina.
Acho que já perguntei isso uma vez por aqui, mas cabe novamente: e quem liga para a crítica?

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