Bai - um belo disco de Henrique Cartaxo

A Bahia sempre foi pródiga em revelar nomes talentosos para o cenário musical brasileiro.
Os últimos nomes a ganhar espaço são ótimos Giovani Cidreira, Mateus Aleluia, Tiganá Santana e Henrique Cartaxo, que lançou em junho passado o álbum Bai (2020).
Nele, ecos de Caetano, Gil e até Tom Zé se misturam de alguma forma com o espirito das canções do Radiohead para que Henrique crie seu som.
E o resultado é um belíssimo registro original sobre saudade, mas não só...


Cartaxo vive em São Paulo e aqui enfrenta - além da saudade - os desafios que todo nordestino enfrenta ao deixar sua terra pela capital paulistana.
Bai tem onze faixas mesclando lembranças e desejos nascidos em um mundo cheio de incertezas, mas também tem a espiritualidade e o racional juntos.
As canções foram escritas entre 2012 e 2017 e algumas foram sofrendo alterações e atualizações nos arranjos para irem se adequando ao momento.
Gravado em São Paulo no estúdio Lebuá, o disco conta com produção de Ivan Gomes e André Bordinhon e tem participações de Inês Terra, Daniel Dias, Marina Beraldo (Bolerinho) e Rafael “Chicão” Montorfano.

Além da versão que está disponível em todas as plataformas de streaming, Henrique também pensou em uma versão visual do disco para o Youtube.
A ideia veio para estar mais próximo, não só do público, mas também dos amigos, já que no momento atual não é possível realizar um show ou uma festa de lançamento.
Cartaxo, que é editor de cinema, convidou amigos da área e artistas da dança contemporânea de São Paulo para participar.
O resultado são imagens oníricas que dialogam de maneira sensível com os temas propostos pelas faixas.
“Pedi a algumas pessoas queridas que gravassem em suas casas pedacinhos de
vídeo e me mandassem. A resposta e as colaborações que recebi foram muito bonitas, sinto que todo mundo fez com amor, acho que já nos encontramos um pouquinho, mesmo virtualmente, no processo”. – Contou.



Henrique acredita no poder da canção: “Tudo parte da voz e violão e o corpo, o arranjo, vêm a serviço disso. Aí a gente pega elementos do samba, do rock, do baião... O que servir ao sentimento que queremos trabalhar naquele momento.” – e quando perguntado como define seu som, é bem claro: “Meu som é canção. É uma linha da música brasileira que eu acho muito potente, que usa a canção como forma de pensar na vida, no que acontece, na política, no amor, na morte. Acho que o brasileiro em especial tem sua formação espiritual conduzida pela canção.”

Alguns dos destaques do disco são as canções “O céu de São Paulo”, em que canta que a cidade é grande, “mas não é maior que mar”.
A delicada “Piatã”, “Hoje Vai Chover” com um registro vocal que lembra vagamente Djavan.
Mas é melhor ouvir o disco todo, na integra, como se fosse um livro ou um filme.
Livro ou filme dos bons, daqueles que assim que acaba, a gente fica com vontade de explorar tudo de novo.

Comentários