Musique-se recomenda: 3 obras para conhecer Ennio Morricone


Esta semana, Ennio Morricone, famoso por contribuir fortemente com belas obras musicais, dentre as mais famosas, as trilhas sonora de filmes icônicos, nos deixou aos 91 anos.
O maestro estava prestes a completar 70 anos de carreira, mas deixa um legado importantíssimo no meio musical com mais de 500 músicas compostas para diversos meios do entretenimento – além de filmes, programas de televisão e rádio.

Ennio teve uma carreira de respeito, compondo para diversos cantores: desde Pet Shop Boys a Sting, além do conterrâneo, Andrea Bocelli. Também influenciou diversos artistas e músicos, dentre eles, o também compositor de trilhas, Hanz Zimmer. Dentre as bandas mais famosas podemos citar algumas: Dire Straits, Muse, Radiohead e os amados do Metallica. Inclusive, há tempos, o quarteto faz uso de uma das músicas de Morricone proveniente de uma de suas trilhas mais clássicas, como introdução dos shows.
L’estasi dell’oro ou em inglês, The Ecstasy of Gold, esteve nas apresentações ao vivo do Metallica desde de 1985 (exceto num curto período de 1996 a 1998) e em 2007 eles gravaram uma versão instrumental da música para uma compilação que homenageava Morricone.


Essa trilha clássica faz parte de um dos melhores filmes que fez o nome de Morricone conhecido no mundo todo: The Good, the Bad and the Ugly, filme de produção meio estadunidence, meio italiana (que aqui no Brasil é conhecido como Três Homens em Conflito) é um faroeste de 1966. Dirigido por Sergio Leone e estrelado por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach, é até hoje considerado um grande exemplo e um dos principais longas de influência para o gênero.
É também a nossa primeira sugestão para conhecer (se ainda não já conhece) o trabalho de Morricone. A trilha desse filme, considerada uma das mais influentes da história, possui algumas características de Ennio como compositor de trilhas para filmes de faroeste: disparos de armas, assovios e iodelei (ou tirolês) como sons comuns. O tema principal – que se assemelha a um uivo de coiotes – é uma melodia simples de duas notas, cuja a base – ou o motivo, melhor dizendo – é freqüente e usada para os três personagens principais durante todo o filme (algo padrão para as trilhas sonoras originais e orquestradas).



Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo (título em italiano) foi sucesso absoluto em 1968 e também o álbum mais vendido durante mais de um ano.

Outro momento auge da carreira de Morricone se encontra no famoso e cultuado longa de 1988, Cinema Paradiso. Indicado e vitorioso na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 1989, Ennio (também indicado) assinava a trilha sonora que, além de inesquecível, abrilhanta ainda mais o trabalho do diretor Giuseppe Tornatore.
Considerada uma de suas melhores composições para o cinema e da carreira, o maestro italiano conseguiu diversos elogios pelo seu trabalho e há quem diga até que as músicas ali são como uma poesia melódica, carregada de delicadeza e emoção.
E não dá para discordar.
Abaixo, a trilha completa:


O reconhecimento da academia veio muito mais tarde.
Ennio se tornou um “chegado” do cineasta Quentin Tarantino, compondo as trilhas dos filmes Bastardos Inglórios (2009), Django Livre (2012) e Os Oito Odiados (2015). Foi neste último, na edição do Oscar de 2016, que Morricone recebeu o seu primeiro Oscar de Melhor Trilha Sonora, tendo sido indicado a outras cinco anteriormente.
Para quem assistiu o filme, sabe o quanto a narrativa é tensa e se não pararam para prestar atenção, a hora é agora! As músicas que compõe o longa contribui fortemente para esse clima: com oboé e piano e sons de uma caixa de música, a trilha age como um personagem da trama vez que reforça a tensão e evoca ansiedade no telespectador.
Dá para sentir na peça L'Ultima Diligenza di Red Rock:


A mistura das melodias com o tom que só Tarantino proporciona – aquele toque de modernidade na mesma medida que tem tudo de clássico – faz com que a obra musical de Morricone ofereça uma experiência perfeita com Os Oito Odiados. Oscar dado e merecido (assim como aquele recebido pelo conjunto da obra, em 2007).

É só isso? Claro que não! Ainda poderíamos gastar o assunto comentando sobre as trilhas de Por um Punhado de Dólares (1964), Era uma Vez no Oeste (1968), bem como os grandes filmes da década de 80:


Era uma Vez na América (1984);


O histórico A Missão (1986), cuja trilha é tocante coligada com a fotografia de encher os olhos;


E o premiado Os Intocáveis (1987), que tem uma trilha tão certeira que não tem como falar em Al Capone sem a memória resgatar os acordes da música tema.


 O cinema, sobretudo o italiano, e a música, perdeu um dos seus grandes nomes, mas seu legado é como o de tantos: eterno. 

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