Estão dizendo por aí...
Que Hyldon é um dos patrimônios do soul brasileiro, certo?
Errado.
Patrimônios são imóveis, imutáveis e isso é tudo que ele não é.
Hyldon é inquieto, atento, observador, antenado com os movimentos da sociedade e, claro, da música.
E se você acha que ele ainda é apenas o cantor das baladas do seu primeiro disco ou compositor de hits do JQuest ou Kid Abelha, a hora de mudar isso é agora.
E o veículo da mudança é o disco lançado em 15 de maio deste ano: SoulSambaRock.
O álbum cumpre o que promete no título: tem soul, tem samba, tem rock e tem mais:
Baladas românticas sentimentais, rap, latinidade, consciência social, diversão.
É um disco que sozinho poderia animar um baile.
De parcerias com Rappin’Hood, Arnaldo Antunes, João Viana e o DJ Tubarão SP surgem letras linkadas em assuntos atuais, preocupações pessoais e em suas raízes, cantando sobre o perigo e o orgulho de ser negro em um país onde o preconceito é velado e violência é estrutural e relativizada.
“50 tons de preto”, em que batidas afro e um lindo coro gospel em primeiro plano dão as bases para Hyldon narrar a letra em off, forçando o ouvinte a prestar atenção no que ele diz.
Quando a faixa termina, se não se sentir forçado a refletir sobre assunto, é porque não prestou atenção.
Na mesma pegada, “A Lenda do Clube dos 27” dá uma “cronicada” em uma situação que com certeza todo mundo já leu nos jornais e uma grande parcela deu de ombros: “...sem dinheiro para pagar um bom advogado (...), o defensor público nem me olhava (...) pra ele eu era só um jovem preto desgraçado”.
Nesta faixa, Hyldon mostra o tremendo guitarrista que é emoldurando os beats do produtor Papatinho e fazendo da canção um dos pontos altos do disco.
Livre de qualquer preconceito, a faixa título, uma parceria swingada com Marlon Sette, um dos melhores trombonistas do Brasil, descreve um ambiente de baile e tem um dos versos mais bacanas de todo o disco: “Todo mundo agarradinho desfilando no salão / Dança homem com mulher /Lobisomem virou trans/ De peruca e salto alto sem discriminação.”
E de quebra ainda elenca papas do estilo como Ed Lincoln, Jorge Benjor, Branca de Neve e Bola Sette em uma aula de samba rock.
E por falar em rock, a parceira com o Trio Frito em “Boletos” é crua, pesada e contagiante.
A faixa é toda costurada pelas guitarras de Roginho e Hyldon e a letra vai citando Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Mutantes para dizer que não adianta reclamar: “...os boletos vão chegar e você vai ter que pagar. Um dia.”
E claro... Tem muito espaço para o amor no disco.
E ele vem em forma de belos... Blues!
“Cada um na sua casa” - que sim, pode ser até ligada à atual situação de isolamento social, embora não tenha sido escrita pensando exatamente nisso e sim na dificuldade de se dividir a vida (e a casa) com outra pessoa, e “Vida que segue”, não tem o andamento tradicional do gênero, mas são carregadas do mesmo sentimento original dos blues de Chicago no que tange a falar de amor.
Bom anfitrião, Hyldon deixa espaço para que Happin’Hood brilhe com suas rimas nos versos do soul “Um luau para você”.
Ainda há espaço para o blues good trip que fecha o disco: “Zondag in Amsterdam”, onde vai narrando o que viu, sentiu e consumiu na capital holandesa. Tem um puta potencial de hit, se hits ainda existissem...
O disco é distribuído pela ONErpm e tem produção do próprio Hydon. A direção de arte é de Zoé Medina e está disponível nas plataformas de streaming e ficamos aqui na torcida para que saia também em vinil, afinal, a obra merece.
Que Hyldon é um dos patrimônios do soul brasileiro, certo?
Errado.
Patrimônios são imóveis, imutáveis e isso é tudo que ele não é.
Hyldon é inquieto, atento, observador, antenado com os movimentos da sociedade e, claro, da música.
E se você acha que ele ainda é apenas o cantor das baladas do seu primeiro disco ou compositor de hits do JQuest ou Kid Abelha, a hora de mudar isso é agora.
E o veículo da mudança é o disco lançado em 15 de maio deste ano: SoulSambaRock.
O álbum cumpre o que promete no título: tem soul, tem samba, tem rock e tem mais:
Baladas românticas sentimentais, rap, latinidade, consciência social, diversão.
É um disco que sozinho poderia animar um baile.
De parcerias com Rappin’Hood, Arnaldo Antunes, João Viana e o DJ Tubarão SP surgem letras linkadas em assuntos atuais, preocupações pessoais e em suas raízes, cantando sobre o perigo e o orgulho de ser negro em um país onde o preconceito é velado e violência é estrutural e relativizada.
“50 tons de preto”, em que batidas afro e um lindo coro gospel em primeiro plano dão as bases para Hyldon narrar a letra em off, forçando o ouvinte a prestar atenção no que ele diz.
Quando a faixa termina, se não se sentir forçado a refletir sobre assunto, é porque não prestou atenção.
Na mesma pegada, “A Lenda do Clube dos 27” dá uma “cronicada” em uma situação que com certeza todo mundo já leu nos jornais e uma grande parcela deu de ombros: “...sem dinheiro para pagar um bom advogado (...), o defensor público nem me olhava (...) pra ele eu era só um jovem preto desgraçado”.
Nesta faixa, Hyldon mostra o tremendo guitarrista que é emoldurando os beats do produtor Papatinho e fazendo da canção um dos pontos altos do disco.
Livre de qualquer preconceito, a faixa título, uma parceria swingada com Marlon Sette, um dos melhores trombonistas do Brasil, descreve um ambiente de baile e tem um dos versos mais bacanas de todo o disco: “Todo mundo agarradinho desfilando no salão / Dança homem com mulher /Lobisomem virou trans/ De peruca e salto alto sem discriminação.”
E de quebra ainda elenca papas do estilo como Ed Lincoln, Jorge Benjor, Branca de Neve e Bola Sette em uma aula de samba rock.
foto: Mila Maluhy / site oficial |
E por falar em rock, a parceira com o Trio Frito em “Boletos” é crua, pesada e contagiante.
A faixa é toda costurada pelas guitarras de Roginho e Hyldon e a letra vai citando Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Mutantes para dizer que não adianta reclamar: “...os boletos vão chegar e você vai ter que pagar. Um dia.”
E claro... Tem muito espaço para o amor no disco.
E ele vem em forma de belos... Blues!
“Cada um na sua casa” - que sim, pode ser até ligada à atual situação de isolamento social, embora não tenha sido escrita pensando exatamente nisso e sim na dificuldade de se dividir a vida (e a casa) com outra pessoa, e “Vida que segue”, não tem o andamento tradicional do gênero, mas são carregadas do mesmo sentimento original dos blues de Chicago no que tange a falar de amor.
Bom anfitrião, Hyldon deixa espaço para que Happin’Hood brilhe com suas rimas nos versos do soul “Um luau para você”.
Ainda há espaço para o blues good trip que fecha o disco: “Zondag in Amsterdam”, onde vai narrando o que viu, sentiu e consumiu na capital holandesa. Tem um puta potencial de hit, se hits ainda existissem...
O disco é distribuído pela ONErpm e tem produção do próprio Hydon. A direção de arte é de Zoé Medina e está disponível nas plataformas de streaming e ficamos aqui na torcida para que saia também em vinil, afinal, a obra merece.
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