Os 43 anos sem Elvis Presley - por Eduardo de Campos

Mais um 16 de agosto chega até nós e com essa data relembramos a "morte" do eterno Rei do Rock, Elvis Aaron Presley. Mais um acontecimento para "justificar" o carinho apelido do nosso querido mês do "desgosto". 

Já se vão 43 anos desde o dia em que o mundo acordou com a inesperada notícia de sua partida. Elvis foi vítima de uma arritmia cardíaca no banheiro de sua casa, em decorrência dos inúmeros remédios que o astro tomava em doses cavalares, seja para dormir, para acordar, abrir o apetite ou tentar forçar uma milagrosa "dieta". Ele bombardeava há anos seu organismo com remédios prescritos por seu médico e por isso não se considerava um viciado. Naquela noite, seu corpo não mais suportou esse bombardeio. E desde esse dia 16 de agosto de 1977, o mundo não foi o mesmo. O meu, particularmente, não foi. 

Curiosamente, esse dia tornou-se uma das lembranças mais marcantes de minha infância, junto com o assassinat..., digo, morte súbita do Papa João Paulo I.

Eu tinha apenas quatro anos, mas lembro de ver minha mãe chorar copiosamente e eu sem entender o porquê. Perguntei o motivo do choro e ela, aos prantos, respondeu com um triste e desesperador "Ô meu filho, o Elvis morreu!". Eu não entendi direito aquela situação, pois ainda não tinha consciência de quem ou o que era o Elvis. Outra lembrança desse dia é a de minha avó materna chegar em casa logo depois e abraçá-la também chorando muito, pois as duas eram fãs fanáticas dele. Curiosamente, minha mãe e avó tinham cada uma os mesmos LP’s que a outra. Se uma comprasse qualquer disco, logo a inveja fazia a outra tratar de também adquiri-lo. Um desses discos era uma coletânea dupla com 40 sucessos do Elvis (Elvis’40 Greatest, 1975), que quando você abria a capa, formava um poster do Rei vestido com um daqueles estranhos macacões que ele usava em seus shows, já em fim de carreira. Já contei a curiosa história desse álbum no Facebook, quando meu irmão caçula o trocou por drogas e anos depois, por acaso, o encontrei numa banca de rua no Centro de BH. E que está até hoje comigo...


Bom, com todas essas referências, se eu não gostasse do Elvis, provavelmente o odiaria mortalmente. Talvez sua voz seja a que mais ouvi em meus 47 anos. Também não sei quantas vezes assisti e reassisti a seus filmes que passavam à exaustão nas Sessões da Tarde da vida, muito antes de perder espaço para A Lagoa Azul, Curtindo a Vida Adoidado, Esqueceram de Mim e outros filmes. Apesar das películas do Elvis serem bem fraquinhas, eu adorava e nunca enjoei delas. Vibrava com suas aventuras quase sempre com o mesmo enredo batido, do encrenqueiro conquistador rodeado de belas mulheres, aproveitando para cantar uma música aqui e ali. Aliás, essa era mesmo a intenção dos produtores dos filmes e principalmente de seu empresário, o mercenário coronel Tom Parker: filmes facilmente digeríveis, capazes de vender discos. Como este mesmo chegou a dizer, "seus filmes nunca lhe darão um Oscar, são bons só para ganhar dinheiro". Meus preferidos são Feitiço Havaiano (Blue Hawaii, 1961), Saudades de um Pracinha  (G.I. Blues, 1960), com a belíssima Wooden Heart num dueto de Elvis com uma marionete numa graciosa cena,  Garotas, Garotas, Garotas (Girls! Girls! Girls!, 1962), Carrossel de Emoções (Roustabout, 1964) e Amor à Toda Velocidade (Viva Las Vegas, 1964). Esse último me conquistou  por também envolver automobilismo e a linda, maravilhosa e apaixonante Ann-Margret, por quem já suspirei diversas vezes. Reza uma lenda de que num encontro rápido entre Elvis e os Beatles, ele explicou aos rapazes de Liverpool como seus filmes eram gravados em poucos dias, o que justificava um pouco a sua (falta de) "qualidade". John Lennon, "gracista", teria dito ao Rei: "Então vamos fazer, nessa madrugada, um épico!" 

Elvis até hoje é, para mim, o maior nome da música mundial. É também o artista solo que mais vendeu até hoje. Vendeu muito mais após sua morte e seu nome é uma fábrica de dinheiro. Mas quando morreu, dizem que estava falido com um patrimônio de "apenas" 3 milhões de dólares. Se isso era estar falido, em 1977...



Não sou entendido em nada nem crítico musical, apenas aprecio a obra do Rei como um pobre mortal, um reles súdito que sou. Por isso talvez o texto não fique do agrado de alguns. Fico feliz quando alguém mais novo diz que também gosta de suas canções ou quando descubro referências a ele nos filmes que porventura assisto. Só para citar dois, o primeiro Homens de Preto (Men in Black, 1997) e Happy Feet, o Pinguim (Happy Feet, 2006). Mas há muitos e muitos mais filmes que, em algum ponto, Elvis é relembrado e celebrado. Vou citar mais um terceiro, Zumbilândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap, 2019). Esse é recheado de referências, já que os protagonistas (entre eles o ótimo Woody Harrelson e a delícia Emma Stone) vivem num mundo infestado por zumbis e decidem ir até Graceland. O filme é meio bobo, mas vale assistir por (ou apesar de) isso mesmo. Há inclusive uma cena em que um hippie bocó insinua que Elvis era uma enganação, que usurpou o lugar de outras verdadeiras estrelas da música. Tal bobagem foi dita também por uma idiota cantora brasileira, sobre o branco Elvis ter roubado a música negra para si. Engraçado que alguém chamado Little Richard disse o contrário, que era eternamente grato ao Elvis por ter escancarado a porta para ele e outros artistas negros terem chegado ao topo das paradas, alcançado as massas, num período bem complicado da história norte americana.

Mais do que apenas um jovem rebelde que chocou a sociedade com sua música barulhenta e quadris requebrando lasciva e pecaminosamente naquela dança ensinada por um jovem chamado Forrest Gump (outra referência cinematográfica!!!), Elvis para sempre será lembrado como um dos maiores nomes do entretenimento mundial. E viverá para sempre!

"O Rei está morto. Vida longa ao Rei!"

"Não, Elvis não morreu. Ele só voltou pra casa." (Agente K - MIB, 1997)


* Eduardo de Campos é um bom fã da Marylinda Monre e do Elvis Presley. Nas horas vagas, ele assiste F1, filmes e é um apaixonado por bandas dos anos 1980, como Duran Duran e RPM.

** Todas as fotos dessa matéria são do acervo pessoal de Eduardo de Campos. 

Comentários

  1. O cara é fã de Elvis e Duran Duran?! Hahaha...gostei dele!!!

    Aliás, houve quem enxergasse, quando os ingleses surgiram na cena londrina, que seu vocalista Simon Lebon tinha certa semelhança física com o Rei. Sou fã do Simon, mas aí já achei muita "forçação" de barra. Um olhar ali, uma luz aqui, maquiagem e cabelos arrumados, talvez lembre. De longe, muito longe...

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    1. Gente boa, esse Eduardo rsrsrsrsrs...
      Sua colocação é legal, ainda que seja "forçação" como disse, pode ter lá seu fundo de verdade. ;)

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  2. O cara é fã de Elvis e Duran Duran?! Hahaha...gostei dele!!!

    Aliás, houve quem enxergasse, quando os ingleses surgiram na cena londrina, que seu vocalista Simon Lebon tinha certa semelhança física com o Rei. Sou fã do Simon, mas aí já achei muita "forçação" de barra. Um olhar ali, uma luz aqui, maquiagem e cabelos arrumados, talvez lembre. De longe, muito longe...

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  3. E obrigado pelo convite. Foi um prazer e uma terapia escrever para vocês...
    Abraços...

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