Oscar 2021: Quais são os favoritos à Melhor Filme?

Neste domingo, dia 25 de abril, acontecerá a cerimônia do Oscar, a mais popular premiação da sétima arte - o cinema. Comentamos aqui sobre os filmes que concorrem à principal categoria – Melhor Filme para a ocasião.


Antes de irmos para os nossos pontos de cada filme, entrevistamos alguns amigos para saber deles quais filmes indicados assistiram e quais são seus favoritos na corrida pela estátueta.
Vale ressaltar que em tempos de pandemia, os cuidados com a saúde tiveram papel importante na dinâmica de cada pessoa.
Alguns de nossos amigos preferiram até não ir aos cinemas e acabaram não vendo os filmes além daqueles que estão nos serviços de streaming, como Xico Mendes, guitarrista do Pedra Letícia e Marcos Lauro, produtor de conteúdo do Orfeu Digital.
Já Alessandra Alves, comentarista de F1 da rádio Bandeirantes e apaixonada por cinema, além da reserva quantos aos serviços citados, ainda ressaltou que não baixa filmes da internet por uma questão pessoal de respeito à obra artística e aos envolvidos.
Nosso amigo Ayrton Mgnaini Jr, compositor e escritor disse que não tem mais paciência para a aatual produção cinematográfica e enjoou de "banhos de sangue" nas telas.

Alessandra Alves


Marcos Lauro


Xico Mendes


Ayrton Mugnaini Jr.


Diogo Felipe, nosso correspondente dos filmes, escolheu: NomadlandMeu Pai e Os 7 de Chicago


Fagner Morais do Music on The Run: Soul, O Som do Silêncio e Minari

O multi instrumentista Alex Gregório: O som do Silêncio, Os 7 de Chicago, A voz Suprema do Blues.


O pessoal da banda Versa Libertália - Luiz Haruna, Maria Milanez e Fábio Botaro - escolheram:
O Som do SilêncioBotat (A Próxima Fita) e A Voz Suprema do Blues



Victor Martins jornalista do site Grande Prêmio ficou com  O Som do SilêncioOs 7 de Chicago


João Barone dos Paralamas do Sucesso escolheu Nomadland

O músico Felipe Parra escolheu O Som do Silêncio, A Voz Suprema do Blues e o filme dinamarquês Drük - Another Round


Bruno Ascari do Som de Peso: O Som do Silêncio e Os 7 de Chicago.


No Instagram oficial do Musique-se fizemos uma enquete combinando os oito filmes indicados à melhor filme e os resultados foram: 
- Os 7 de Chicago foi escolhido 11 vezes;
- Ficaram empatados Judas e o Messias Negro e O Som do Silêncio, com 8 votos;
- Minari teve a preferência de 7 de nossos seguidores e Meu Pai, foi a escolha de 6 deles;
- Mank e Nomadland empataram com 5 votos ;
- Por último, Bela Vingança recebeu apenas 4 votos. 

A seguir, um breve comentário sobre cada um dos oito filmes indicados:

Já que Os 7 de Chicago parece ser o favorito dos seguidores e foi o nome que mais apareceu em nossas entrevistas, começamos por ele.
É um daqueles tipos de filme redondos – roteiro bem costurado, narrativa densa sem deixar (aparentemente) pontas soltas e um elenco pra lá de competente. O tema do tribunal não é bem do tipo clássico, mas se aproxima daqueles cujo desenrolar da trama depende das audiências. É, sem dúvidas, um dos melhores filmes que concorre na categoria principal, tratando de um protesto em Chicago, no tal famoso ano de 1968. 

Contra a Guerra do Vietnã, o tal levante acabou em um confronto direto com a polícia e mais tarde 7 pessoas foram à júri, acusadas de conspiração pelo governo federal norte americano. Como adicional, há um específico debate social, pois um dos acusados, ligado ao partido Panteras Negras, fica sem a representação de um advogado e é absolutamente maltratado pelo juiz. 

Motivo para assistir: Se você gosta de filme bem feito, essa pode ser uma das melhores opções da lista.

Chance no Oscar: o roteirista e diretor Aaron Sorkin sequer foi indicado à Melhor Roteiro Original ou Direção. É uma das falhas da Academia, inclusive. 

Judas e o Messias Negro é outro filme que envolve policiais, Panteras Negras e a cidade de Chicago. No caso, um ladrão de carros que usa uma identidade de policial faz um acordo para não ser preso com um agente do FBI. Tornando-se um infiltrado nos Panteras Negras ele coleta informações do presidente do partido, Fred Hampton  passa ao serviço de inteligência. 

O assunto todo é polêmico para os americanos, mas muito bem conduzido sobretudo pelos dupla de atores – o infiltrado é interpretado por Lakeith Stanfield e o presidente, é Daniel Kaluuya, que já venceu todos os principais prêmios de Ator Coadjuvante por essa interpretação. Ambos já são figuras conhecidas por nós e trabalharam juntos em Corra!

O tema de debate sobre os negros salta aos olhos novamente e desta vez escara a forma como norte-americanos lidavam com os direitos civis. Em tempos de ‘Black Lives Matter’, não poderia ser mais propício. 

Motivo para assistir: vale muito a pena para conhecer parte da história de Fred Hampton, um dos principais nomes do ativismo afro-americano. 

Chance no Oscar: Ela existe sim, embora o tema pode ser considerado por alguns, polêmico. 

Falando de outras realidades, Meu Pai, estrelado por Anthony Hopkins aposta numa história de verossimilhança. Baseado em uma peça do diretor, Florian Zeller, Anthony é um idoso que vive em um apartamento e se vê constantemente obrigado a recusar todas as cuidadoras que sua filha, Anne, tenta impor a ele. 

É um retrato do cotidiano de um idoso em estágio avançado de demência e como isso reflete no convívio familiar.
Com poucos cenários – boa parte do filme se passa no apartamento – e com ritmo diferente do habitual, o espectador fica imerso e compra a atmosfera confusa de Anthony, se perguntando se ele está sendo vítima de uma desfeita de sua filha ou ela realmente ele está doente.

Motivo para assistir: a força do longa está nas atuações de Hopkins e de Olivia Colman (Anne), que estão absolutamente ótimos – tanto que concorrem, respectivamente, à Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante.

Chance no Oscar: Pouca. Diante de tantos temas considerados "mais importantes" ou mais "pesados", é de se duvidar que a Academia considere para a premiação, principalmente por ter um estilo europeu. (No entanto, deveriam...)

Minari é uma produção americana, apesar de ser falado quase todo em coreano. Conta a história de uma família que se muda para o Arkansas para tentarem uma vida melhor, com o marido trabalhando no campo. Em meio aos desafios, eles percebem que somente unidos eles conseguem vencer todos os problemas. 

Talvez seja um "respingo" do Parasita ainda, mas novamente a cultura asiática aparece como um dos fortes na disputa longa no Oscar. (Este ano, há também, na categoria de Filme Estrangeiro, o romance-drama de Better Days, uma produção de Hong Kong.)

Motivo para assistir: Narrativa simples e tocante. Ainda tem Alan S. Kim, o David, filho mais novo do casal, que rouba as cenas.

Chances do Oscar: Pode ser forte candidato, já que estão na "vibe asiática". Não é um filme ruim, porém, é tão simples que não parece ter tanto potencial para a categoria principal.
Porém, Lee Issac Chung, concorre na categoria de Melhor Direção.


Assim como Minari, Nomadland é basicamente simples. Criaram uma hype gigante para o longa que, de todo modo, é um pouco diferente por ter pegada de documentário.
A história? Uma viúva recente decide desbravar o oeste americano depois da recessão de 2008, numa vida de nômade. Apenas Frances McDormand – a Fern – é a atriz da parada. Os demais personagens fazem eles mesmos, como são na vida real, nômades modernos nos EUA. 

Motivo para assistir: História leve e passatempo garantido para quem gosta de filmes. Para quem não é muito fã, pode escolher para dar uns bons cochilos pois é bem parado...

Chance no Oscar: É o favorito! Venceu Globo de Ouro, Critics Choice Awards e BAFTA... Está neste patamar não por acaso. Mais que uma suposta qualidade, a Academia está sendo pressionada, nos últimos anos, a premiar mulheres cineastas. Pelo visto é agora que isso vai acontecer, com a "famosa" nos festivais independentes, Chloe Zháo.
Nascida chinesa, a diretora estreou o seu terceiro filme e já caiu nos braços das principais premiações... Campanha bem feita, heim? 

Por falar em ascensão das mulheres, Bela Vingança cuja temática é um totalmente feminista está aí para trazer esse discurso à tona. Sinceramente, o roteiro incomoda por ter um tom de apelação.
Emerald Fennell estreia na direção de filmes, escreveu esse longa que é na verdade um thriller com certo tom de humor negro e muita crítica à "sociedade patriarcal". Cassie – interpretada pela Carey Mulligan – parece uma mulher normal que, à noite, sai à caça de homens aproveitadores. Fingindo que está bêbada, ela é quem manipula os caras que acham que conseguirão fácil uma noite de sexo. 

O final surpreende; é surreal e pesado. 

Motivo para assistir: Pensando melhor para escrever essa crítica, considerei que as mulheres, em especial a personagem Cassie, são colocadas como loucas vingativas ou loucas traumatizadas, e os homens, todos aproveitadores e/ou "bebês chorões". Mas, sem ficar problematizando, pode ser divertido. 

Chances do Oscar: Grandes. Nos anos anteriores poderia ser difícil que um filme desse tipo fosse indicado. Mas depois de Corra! ser indicado e até do Parasita – ambos com um tom de thriller – vencer... Tudo agora é possível.

Sobre essa temática, cabe uma observação: talvez estejam perdendo a mão na abordagem sobre feminismo. Se empurra goela abaixo, figuras de mulheres que não são necessariamente fortes, mas que, na verdade, precisam de uma boa terapia.
Claro que uma mulher perfeita que nunca surta é inverossímil, no entanto, é preciso de ter uma medida certa para abordar isso, sem parecer apenas militância. Posso estar enganada, mas considero os filmes feministas pouco representativos para a "classe", de fato.  Se quisessem realmente destacar o tema e o discurso, considerar Estados Unidos vs Billie Holiday para Melhor Filme, além de indicar apenas Andra Day à Melhor Atriz, tivesse sido uma sacada bem mais certeira. 

Por sinal, Estados Unidos vs Billie Holiday é um excelente filme, sobre uma mulher negra, que enfrentou diversos problemas, inclusive de vícios, mas que foi claramente uma lutadora – e sem apelação. 

Na categoria de diretora, isso parece destacar-se como a toada da Academia deste ano. Os filmes sobre homens ou dirigido por homens, já são cotados com pouco potencial – o que não é verdade. Indicar uma mulher diretora, ok! Indicar duas? Ótimo! Mas esqueceram da mais autêntica delas para esse ano: Regina King fez um trabalho fenomenal em Uma Noite em Miami. Porém, ficou de fora possivelmente pela narrativa que envolve uma história de quatro homens negros. No afã de cederem à pressão e ao discurso, estão deixando as verdadeiramente talentosas, de lado.

Voltando aos indicados:

Um daqueles tipos clássicos que faz o pessoal da Academia achar muito bacana é quando o longa faz uma menção à Hollywood. A aposta deste ano é Mank, um filme de fotografia em preto e branco, muito bom para quem conhece e aprecia Cidadão Kane de 1941.

O fato de alguns recentes filmes que remeterem seus temas mimeticamente a obras do passado, terem sido bem cotados pela crítica como os melhores, não significa que estavam certos.
No entanto, esse não parece ser o caso de Mank, que conta a história do roteirista de Cidadão Kane dirigido por Orson Wells, Herman j. Mankiewicz. Apelidado de Mank, ele teve um embate tumultuado para receber os créditos do texto. 

Motivo para assistir: Pode ser um filme para um nicho específico – estudantes de cinema ou admiradores de Orson Wells - mas isso não tira o brilho do longa, sobretudo para quem quer conhecer mais sobre coisas que não conhece e poder se deliciar com mais uma corporificação incrível de Gary Oldman. Além disso, o filme faz uma crítica aos direitos e créditos do pessoal por trás dos grandes nomes de Hollywood, então não é tudo bonitinho como seria se fosse um cinebiografia de homenagem.

Chances no Oscar: Com as opções de filmes com temas fortes como questão dos direitos civis, dos negros, das minorias e movimento feminista, David Fincher pode ficar de mãos abanando de novo. Pode ser também que se a Academia premiar Mank vai rolar ter muita crítica (infundada, claro!) acusando-os de serem "tradicionalistas".

Por fim, O Som do Silêncio fecha os indicados à Melhor Filme 2021. Considerado o mais fraco dos oito indicados, não parece ser assim para nossos entrevistados e seguidores. Seria também a minha escolha entre todos, juntamente com Os 7 de Chicago. Com uma pegada de filme independente (mais interessante que Nomadland inclusive) possui um bom trabalho narrativo que envolve – como o título em português indica – som e silêncio, mesclados como se fossem personagens. Mais que isso: há um tom poético bem tocante. 

O filme conta a história de uma baterista de uma banda de Heavy metal que fica surdo por conta de uma doença auto-imune. Retratando todos os estágios: da descoberta à revolta, o "abandono" da namorada – cantora da banda – à internação numa clínica de surdos, até a busca pela cirurgia e a sua percepção de mundo. 

Curiosidade: Riz Ahmed é o primeiro ator muçulmano indicado à Oscar na categoria de Melhor ator.

Motivos para assistir: Se você gosta de filmes cujo significado dele é variado e profundo, talvez esse seja a sua melhor opção. É um belo filme!

Chances no Oscar: São semelhantes às chances de Meu Pai. Ainda que ambos tratem de temas fortes e dramáticos relacionados à saúde, os demais temas teriam maior potencial por conta do discurso sócio-político. 

Este ano, de longe o Oscar está muito bem de indicados. Seguramente não há filme necessariamente ruim, como nos últimos anos em que houveram muitos que questionávamos porque haviam sido indicados. Mesmo assim, muitas narrativas são simples e precisaram contar com alguma forma extra para atrair atenção, seja na própria forma de fazer o filme, seja pelos envolvidos ou pela campanha promovida (o lobby é bem importante, diga-se).
Mesmo que não exista filme preponderantemente ruim, muita coisa boa ficou de fora: A Voz Suprema do Blues não foi para Melhor Filme, mas deve ter destaque com a vitória (póstuma) de Chadwick Boseman para Melhor Ator e quiçá, para Viola Davis como Atriz. Também tem força para Melhor Figurino.

O faroeste de Relatos do Mundo com Tom Hanks também é muito bom e escapou da categoria principal. Tom Hanks também não foi indicado à Melhor Ator, mas é incrível como esse cara consegue transformar os filmes atrativos somente por sua presença. Nem Meryl Streep é tão capaz quanto Tom de fazer valer o tempo gasto. (Um exemplo disso, é A Festa de Formatura que nem Streep salva...)

Era uma Vez um Sonho é um drama daqueles sofridos do começo ao fim e talvez até apelativo neste sentido, buscando necessariamente que o espectador se emocione. Mas não é isso. Ele é, de fato, forte e sensibiliza, mas só teve duas indicações no Oscar: para Gleen Close como Atriz Coadjuvante e Melhor Maquiagem e Cabelo. Amy Adams foi esnobada (mais uma vez) e não foi para as 5 indicadas à Atriz principal. 

Uma Noite em Miami já foi brevemente mencionado e deveia também ter algum espaço entre os indicados a melhor filme. Também é muito interessante e vale a pena buscarem assistir., se puderem. Há uma bela música "Speak now" (que concorre à categoria de Melhor Canção Original) interpretada por Leslie Odom Jr. aclamado pela peça Hamilton e considerado para a categoria de Ator Coadjuvante. 

Os filmes que concorrem à Melhor Filme Estrangeiro também são muito bons, com destaque para Druk - Another Round cujo diretor Thomas Vinterberg concorre à Melhor Direção. Os demais: Better Days (Hong Kong), Collective (Romênia), Quo Vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina) e O Homem Que Vendeu a Sua Pele (Tunísia) também valem muito a pena assistir. 

De todos, a maior injustiça nem sequer foi comentada ainda! Esse filme concorreu a Globo de Ouro e ao BAFTA, mas não foi indicado à nada no Oscar: trata-se de  The Mauritanian.

Um filme excelente, com um elenco de primeira, e estaria aqui como o melhor de todos em disparado SE tivesse sido indicado... Muito melhor que o favorito Nomadland, foi totalmente ignorado em todas as categorias e até de Roteiro Adaptado (apareceu a "surpresa" de O Tigre Branco que não chega aos pés do trabalho feito em O Mauritânio).
O motivo de terem ignorado, até mesmo no Critics Choice Awards? Arrisco dizer que  a Academia está aceitando falar de injustiça aos afro-americanos, trazer cada vez mais estrangeiros para terem muito mais espaço em Hollywood, considerar as mulheres como iguais... Mas contar uma história  (ALERTA DE SPOILER) sobre a acusação descabida do governo norte-americano contra um muçulmano como se ele fosse o mandante do ataque às Torres Gêmeas, sem provas para comprovar; torturado durante anos para confessar por um crime que não cometeu, ser inocentado e ainda permanecer preso durante o governo de Barack Obama... Ah, aí é pedir demais, não é?

E aí, qual é o seu favorito? Conta para a gente!

Abraços afáveis e Musique-se!

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