Entrevista: Elvis Dias (Old Audrey´s Funeral) - doom metal mineiro chegando para ficar

Eles vêm de Minas Gerais, celeiro de muita banda pesada boa, e fazem um doom metal com ares clássicos.
Formado por Renato Audrey (guitarra), Elimar Rezende (guitarra), Tony Lessa (baixo), Carlos Coelho (bateria) e Elvis dias (voz), o Old Audrey´s Funeral acaba de lançar o single “The Plague Within” acompanhado de um belo clipe.
Conversei com Elvis Dias e entre outros assuntos, falamos do disco de estreia que está vindo por aí, das influências...
O Old Audrey´s é daquelas bandas que provam que música no Brasil vai muito além do que as playlists dos streamings mostram, é só não ter preguiça de procurar.

O Audrey´s já tem uma história dentro do metal, não?
Sim! Na verdade, a banda começou em 2017 e eu entrei em 2018. Todos tivemos outros projetos e agora estamos preparando pra lançar o primeiro álbum completo. 

E o álbum já tem nome?
O álbum será homônimo, à princípio. Até porque é conceitual e terá a história do personagem, o velho Audrey.

Quando sai o disco?
Estamos em gravação e espero que até setembro tudo esteja gravado e possa passar pela mixagem e masterização.
Setembro ou outubro no mais tardar. 

“The Plague Within” é muito boa.
Então... Ela é um single que não estará no álbum, apenas como bônus.
E iremos lançar nas próximas semanas outro single e um outro clipe para “Eternal Nights (The Witch)”.
E como essas músicas não conversavam muito com a história (do álbum) lançamos como singles separados mais pra manter o hype mesmo.

Eu fiquei curioso... A banda se chama Old Audrey´s Funeral e você disse que o disco vai contar a história do Velho Audrey e o guitarrista de vocês se chama (Renato) Audrey, qual a ligação?
Então na verdade o nome se deve a uma piada interna.
O Renato Audrey já passou por muitas bandas do gênero mais extremo e ele dizia que esse seria seu último projeto. Então os membros na época falaram que seria o funeral do velho Audrey. Depois traduziram como Old Audrey's Funeral.

 Nome perfeito para um projeto doom.
Na brincadeira achamos o nome bem peculiar e adotamos. Depois surgiu a ideia dele criar um contexto sobre um personagem.
Eu acho bem misterioso e ao mesmo tempo me remete a uns nomes meio estranhos como Jethro Tull, Uriah Heep... Me soou meio assim.
Não é tão fácil de pronunciar, mas, se acostuma.

 As pessoas ainda discutem se a pronuncia é “betous” ou “berous” ...
Bom, se Schwarzenegger se tornou popular, qualquer nome consegue (risos).

Você citou Uriah Heep e na página do PalcoMP3 de vocês também tem menção à banda do Mick Box, é uma influência?
Cara Uriah Heep pra mim tem muita influência!
Eu sempre curti as letras de fantasia e o estilo vocal tanto do Byron quanto do John Lawton e, se você reparar eles contribuíram muito pro metal e até para o Doom. Só ouvir, por exemplo, “Rainbow Demon”.
Inclusive faço parte de um cover da banda - talvez única no Brasil - que se chama "Uai Heep".

Vocês são todos mineiros?
Eu sou paranaense, o Renato é paulista, o restante e mineiro mesmo.
Mas eu vivo aqui desde criança.

 Eu perguntei porque achei o Uai Heep sensacional.
Uai Heep é por conta do sotaque mesmo (risos) são todos mineiros
Somos uma banda mineira. Feita nessa terra.

Minas tem algo que não sei dizer o que é... Vai dar banda pesada boa lá longe.
Olha atualmente tem uma profusão enorme. Dava pra viver ouvindo a cena aqui.
Fora que as bandas clássicas algumas estão gravando de novo: The Mist está pra lançar algo novo, o Mutilator voltou...
A pandemia fez bem para o autoral. O povo tá produzindo.
Se é que podemos tirar algo bom dessa situação, acho que é isso.
E tem muita banda pesada boa na cena.

Você falou em cena pesada: há mesmo uma cena com bandas que se ajudam, que fazem parcerias, que vão montar shows juntos após a pandemia? Ou está cada um para cada lado?
Bem, geralmente é cada um paro seu lado, mas eu senti antes da pandemia algumas bandas se organizando pra fazer algo acontecer. Eventos...
Mas ainda não é o ideal não, a pandemia fez parar tudo.
Espero que mude, existiam panelas, preconceito com estilos. Particularmente acho bobagem.

Tem gente que crava que este tipo de comportamento excludente é o que enfraquece o rock no país, em detrimento do funk por exemplo, que parece uma comunidade.
Concordo. O próprio sertanejo é muito unido.

Bastante, mas aí entra a grana do agronegócio né?
Com certeza tem essa grana.
A gente tem muitos amigos que estão correndo atrás e sempre demos apoio.
Os meninos do Inventtor, o pessoal do Mortífer Rage, do Mortal Scenery... A união faz a força e ajuda todo mundo nos corres.
Aqui estamos sentindo uma sensação de reavivamento da cena com muito sangue novo. Existe uma cena extrema muito forte e ser uma banda voltada mais pro Doom ou metal tradicional é meio que quebrar as regras.
Tinha uma certa resistência no início, mas foram surgindo outras bandas com propostas diferentes. Nomes como o Pesta, o Black Feather Klan, todas mais pro Doom.

Bora falar de “The Plague Within”, o clipe?
Claro.


Quem concebeu e dirigiu?
Bruno Paraguay foi responsável por captar as imagens e a produção a edição ficou a cargo da equipe dele. Ele é vocal no Eminence e já fez outros trabalhos com bandas pesadas. Ou seja, tem um olhar já voltado pra esse estilo.
Para o vídeo clipe a gente quis mais minimalista. Deixar a história por conta da letra.
É uma música ligando as pragas do Egito com a covid 19. Fazendo alusão... E também sobre as aflições vividas pelo faraó ao perder o seu poder político para uma nova religião.
Então (no vídeo) usamos muitos temas que remetem ao Egito.

É um peso mastodôntico. Mas não é reta... Ela tem até um groove na ponte.
O baterista de vocês é um monstro.
Carlos é um batera que tem uma boa abertura. Ouve jazz também e isso influencia na pegada. É um cara criativo, também compõe.

Deu pra sacar que ele ouve música brasileira.
Sim! Ele não é aquele batera de espancar, ele vai numa levada técnica, e quisemos colocar uns elementos mais puxados para os sons brasileiros também... No meio da música puxa pra esse lado.

E suas influências?
Poxa, as bandas daqui (de Minas) como Sepultura, Sarcófago, Chakal, The Mist... Já os vi muito em shows quando era adolescente.
Mas eu tenho amor pelos clássicos dos setenta, principalmente no meu estilo de cantar.
Deep purple, Sabbath, Zeppelin, Jethro Tull… Os clássicos.
Rainbow também.


E fora do rock?
Eu gosto do Ney Matogrosso, curto demais o Tim Maia... Sou fã.
E tenho esse lado fã da música negra americana: soul music me influenciou também no canto de certa forma.
Eu sou bastante aberto a ouvir também coisas diferentes... Zé Ramalho.
Mas foi Raulzito que me trouxe ao rock. 

Ultimamente as bandas de rock mais pesados estão entrando numa de cantar com gutural, mesmo os cantores tendo vozes excelentes. Você embarca nessa?
Olha eu não sou muito de modismos. Eu até uso uns drives em certas músicas que virão pra frente, mas gutural eu deixo pros mestres aí. Os caras que sabem fazer bem: Gojira é foda! Adoro Opeth e Mastodon também!
Eu já tenho essas influências mais vindas do passado, mas eu curto esses sons. Não descarto nada também, estamos estudando participação de caras que cantem assim em futuras músicas nossas, mas não me vejo atualmente cantando assim... Acho que sou dos últimos dinossauros (risos). Eu ainda me apego ao Dio, ao (Rob) Halford.
Eu talvez me aproxime de algo como eles ou Anthrax talvez... Joey Belladona.

E como a gente encontra o Old Audrey´s Funeral?
Cara temos o Facebook: @Oldaudreysfuneral .
Estamos no Instagram também... Só colocar lá, tudo junto. 
No YouTube, tem nosso canal oficial - Old Audrey´s Funeral
E já, já nosso site vai estar no ar.
E claro, as músicas estão no Spotfy, Deezer etc.

Comentários

  1. Bela Entrevista galera!! Tambem tinha curiosidade com o Nome.. rsrsrs! Forte abraço
    Flávio Amaral - Mortom e LAST

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