Uma das histórias dos Rolling Stones que mais gosto é a que dá conta do dia em que Mick Jagger, embriagado, chega em sua suíte de hotel em um pós show dando ordens para que a banda se reúna e dispara: "-Tragam aqui meu baterista".
Alguns minutos depois, Charlie Watts chega ao quarto onde já estão Richards, Wood, Bill Wyman e Jagger.
Com uma urgência não muito comum ou condizente com sua fleuma e postura, Watts entra na suíte e vai direto até o vocalista da banda que está de pé ao lado de uma mesa de bebidas (e outras substâncias) e lhe desfere um soco direto, potente o bastante para jogá-lo ao chão.
Sem elevar a voz, Charlie se debruça sobre Jagger que está completamente atônito e diz: "-Nunca mais, mas nunca mais mesmo se refira a mim como "seu baterista"."
Ninguém sequer fez menção em conter Watts e nem disse qualquer coisa em contrário após.
Em tempo: Jagger nunca mais disse nada nem parecido.
Outra das boas, foi quando a banda veio ao Brasil pela primeira vez em janeiro de 1995 e Mick começou a apresentar a banda para um Pacaembu completamente lotado.
Ao chamar Charlie Watts, o estádio aplaudiu por muitos, muitos minutos (mais até que Richards ou o próprio Jagger) o baterista.
Fui um deles e confesso: chorei.
Hoje, 24 de agosto de 2021, somos surpreendidos com a triste notícia do falecimento de Charlie Watts, de causas ainda não publicadas.
Isso após poucos dias de termos sido informados que por questões de saúde, o baterista não participaria da próxima turnê da banda e seria substituído por Steve Jordan.
É um dia muito triste, para quem com eu (Ron Groo) é fã da banda desde que começou a ouvir música, é particularmente um pouco mais.
E mais ainda por ter se decidido a ser baterista (não dos bons, é verdade) para tentar ter um décimo da elegância e precisão que Watts demonstrava quando pilotando seu kit.
Ele não era o melhor baterista do mundo e nem precisava ser.
Mas tocou nas melhores músicas da melhor banda do mundo...
Que descanse em paz.
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