Senjutsu em 3 partes - 2 Emanuelle: O novo disco do Iron Maiden é mais do que apenas um novo trabalho

 Pode-se dizer muitas coisas sobre Senjutsu, algumas delas, factuais: 

- É o 17º disco do Iron Maiden;

- O primeiro álbum de inéditas desde The Book of Souls, lançado em 2015;

- Fruto, então de um hiato de 6 anos, que é o mais longo efetuado pela banda.

Nesse terceiro dado podemos ter a motivação dos comentários depreciativos que surgiram: a expectativa com o que poderia vir a ser o novo trabalho do sexteto.
O que temos com certeza – mas provavelmente poucos consideraram - é que o Iron Maiden já é uma banda consolidada e que não tem mais nada para provar em termos musicais à absolutamente ninguém. 
E isso não é de hoje: há muito tempo eles estão nesse patamar.
Exagero? Talvez. Mas justifico meu ponto de vista.
O que acontece quando músicos chegam a esse status?
Alguns se dão o “disparate” de estagnarem. E isso é, geralmente, preocupante e nocivo quando acontece.
Se ficam estanques, fazendo mais do mesmo, são criticados por entregarem músicas novas, trabalhos completos, altamente previsíveis. 

Se mudam ou se reinventam, os críticos colocam problemas no novo som, considerando que a banda está perdendo a essência. 

Percebam: não há crítico que esteja satisfeito. Pior ainda quando o crítico é, em suma, um bando de marmanjo (e “marmanja”) que se diz fã de carteirinha, com incontáveis shows na bagagem, daqueles que cantarolam os solos de guitarra e não deixam nenhuma criança da família chegar perto da sua coleção de discos.
São esses tipos (com raras exceções, claro) que lançaram comentários duros e até desproporcionados sobre Senjutsu, título do álbum e da excelente música de abertura.

Desde a capa ― colocada como simples e pouco atrativa ― até a pegada prog metal que a banda vem adotando nos últimos anos, figuram como pontos problemáticos e que, de algum modo, incomoda e estaria “descaracterizando” o Iron Maiden para alguns.
Se me permitem, acredito que faltou “cotonete” e mente aberta na hora de considerar a audição do álbum por esse pessoal.
Despretensiosamente, eu não achei nada do que previamente citei, como questões precárias. Confesso que não tenho dimensão de nenhuma tecnicidade para falar das músicas (deixo isso para meus amigos que comentam sobre o disco com muito mais destreza que eu aqui no site).
O que posso garantir ao ouvir o álbum sem um bloquinho de anotações por perto, foi o “feeling” que as músicas me suscitaram.
O clima atmosférico de Senjutsu torna o álbum muito bom e faz a gente estar em estado de êxtase, não por ser magnífico, mas por ser simplesmente bem executado. Ele é, sem dúvidas, digno do Iron, e ótimo para os seus fãs.
Com músicas longas, épicas, só são possíveis com músicos experientes e que sabem o que estão propondo, sem serem enfadonhos.
Nesse e em outros sentidos, o álbum é irretocável: Temos todos os músicos em seus melhores momentos com destaque para a Nicko McBrain e é claro, Bruce Dickinson, cantando bem como... sempre!
A produção é pra lá de bem feita. Envolvente, entrega 10 faixas, assim, como se fosse a coisa mais fácil de atingir.
E para eles, é. 

A capa, com Eddie de samurai, não tem nem um cenário ao fundo... E precisaria?
Acima de tudo isso tem um Iron Maiden “novo” e “velho” que conversam harmonicamente em Senjutsu, sem se comprometerem como banda pouco criativa ou figurarem como aqueles que não possuem mais “a essência que os tornou grandes”.
Eles podem não ser mais aqueles caras que fizeram muitos de nós admirar e ouvir Heavy Metal, e – claro - ficado não só mais maduros, como mais complexos com essa pegada progressiva. E não vejo problemas.
Música é isso: é constante reinvenção e explorando novos “feelings”, o que no caso aqui: “mission accomplished”!
Deste modo, pode-se dizer muita coisa sobre o disco.
Pode ser que alguma música muito longa não tenha te fisgado completamente, ou que em algum momento você se perdeu e precisou concentrar-se novamente para entender tudo.
Uma única ouvida no disco completo, pode ter sido o bastante para tirar conclusões de que é um álbum fantástico.
Sim pode-se dizer tudo isso sobre Senjutsu... Menos que é um disco fraco ou ruim. Ah, isso não é mesmo!!!


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