Série derivada de "O Senhor dos Anéis" na Amazon Prime tem seu título revelado

Depois de 5 anos desde que anunciaram que haveria uma série derivada da fantasia O Senhor dos Anéis com produção da Amazon Prime, finalmente temos algumas notícias mais palpáveis para poder especular sobre com um pouco mais de "conforto", na falta de uma palavra melhor.

Na quarta-feira (19 de janeiro), um teaser revelou o título da série, e consequentemente, qual será o escopo do TV show. 

Para quem somente assistiu aos filmes de Peter Jackson no início da década de 2000, a tal premissa de que a série abordaria a Segunda Era de Arda, localizando a história na ilha de Númenor, reino dos Homens, deixa um bom tanto de pontos de interrogação (e brechas também para falar umas coisas bem loucas a respeito do que estaria por vir). 

Do outro lado, quem conhece a obra literária de J. R. R. Tolkien, o autor de O Senhor dos Anéis (com volumes publicados entre 1955 e 1955), das quais os filmes foram adaptados e também leu outros livros do autor, sabia, pelo menos, que os produtores não estavam "falando grego". Havia uma potencialidade narrativa então, o interesse era justificado. (No entanto, não se enganem: alguns destes leitores assíduos também erraram e podem errar em palpites sobre o conteúdo da série como qualquer um.)

Como começamos a dizer, tivemos um período muito grande de incertezas nesses anos.
Em 2017 a Amazon fechou contrato para adaptar a história de J. R. R. Tolkien para a TV. À primeira vista, me parecia estranho refazer algo que, já tinha sido feito. Detalhes do acordo mostravam que contariam a história de ascensão de Sauron e a forja dos Anéis do Poder. Aí sim, se entendia uso da frase “série derivada de O Senhor dos Anéis”. Expandiriam o que é o prólogo do primeiro filme A Sociedade do Anel (2001), talvez? 

É, talvez. 

Ao longo dos anos soubemos quem estaria envolvido na produção, a locação e todo o esquema de investimento -- tudo em doses homeopáticas. Em 2021, começou a brotar algumas revelações de elenco, das quais reconhecemos ser bem diversificado. 

(Parênteses) Como leitora de Tolkien desde 2001, e para quem foi aos cinemas na semana de estreia dos filmes de Jackson com data marcada, me incomoda o fato de ter pessoas negras no cast?
De modo algum. 

Me incomoda um pouco a quantidade de mulheres? Sim. E a explicação para isso é bem contestável, confesso: tenho trauma da Tauriel nas adaptações d’O Hobbit (2012, 2013 e 2014). A personagem entrou no filme para chamar público feminino, e descolada da narrativa, não faz falta. Eu nunca desejo ver uma mulher "badass" nas histórias, seja em livros ou filmes, para me sentir representada. Isso é balela, das grossas. Quero conhecer histórias boas, e O Hobbit é uma dessas, sem necessidade de uma “mocinha” enfurnada ali. Portanto, foi um tiro mal dado na produção.
Além disso, a função da personagem (no longa) é ridiculamente despropositada. Para piorar, particularmente achei que a atriz que faz a Tauriel Evangeline Lilly fez uma péssima elfa. Não é, nem de longe, uma das minhas atrizes favoritas, também. 

Isso não significa que, na série, essa fórmula vai dar errado de novo. É preciso esperar para ver o que acontecerá. Fica a torcida para "os erros" (como esse) não se repetirem e que, as personagem que não existem originalmente (sejam elas, mulheres ou não) sejam bem feitas. Afinal, estamos falando de adaptação em um outro tipo de mídia.  (Fim de parênteses)

Como tudo hoje em dia, tem que ter uma boa pitada de polêmica, esse caso não foi diferente. A que mais saltou aos olhos foi a exigência de que atores se sentissem confortáveis com nudez. Isso deu gatilho para muito fã do Tolkien ter coceiras de raiva.
Eu mesma, não sou muito conservadora, mas achei essa questão, no mínimo, desagradável. Nudez nos remete à erotização e sexo. Existem 'n' formas de mostrar a corrupção de povos. O sexo ou perversão é apenas um deles. Temi (e ainda temo) que a referência com Game of Thrones da HBO estivesse à espreita, afinal, muita gente acompanhou as 8 temporadas da série, sem tocar nos livros de George R. R. Martin, somente pela violência e sexo orbitarem o enredo de praticamente todos os episódios. E isso gerava um ibope absurdo. 

Diante dessa questão, faço um adendo particular: as histórias de Tolkien não precisam de acréscimos para torná-las interessantes. Se medidas escamoteadas como inserir personagens guerreiras femininas para chamar público, ou apostar em táticas que deram certo em outras narrativas, por ibope, é o que produtores da série tem em mente, sinto dizer que, na menor das hipóteses, estarão fadados ao fracasso... Para mim, pelo menos. Certamente chamará novos fãs – que irão perturbar aqueles que se dedicaram às obras do autor e se deliciaram com a história contada de uma forma mais "saudável", sem dúvidas e isso é tanto temerário quanto inevitável. Podemos estar prestes a presenciar o legado de Tolkien, incitado por um bando de "gremlins" de um novo fandom, mais nocivos dos que já existem, crias dos filmes de Peter Jackson. A conferir. 

Mas vá lá: além do elenco, o que mais sabemos? 

A primeira prévia – a foto abaixo – foi divulgada no dia 3 de agosto do ano passado para anunciarem a data de lançamento da série no streaming: dia 2 de setembro de 2022. 

Especularam quem seria o personagem da foto, de todas as formas possíveis. Na internet, há um monte deles – desde chutes meio estranhos, até canais de estudiosos do Tolkien que podem ter acertado em cheio. Alguns deles, vale a pena ouvir ou assistir (como essa Live do Tolkien Talk -- clique aqui).

Há outras informações sobre quem está envolvido na série; nomes conhecidos no meio da produção tanto televisiva quanto cinematográfica e a garantia de pelo menos umas 5 temporadas, e o lançamento de um episódio por semana (ansiosos, preparem-se!!)

Para quem gosta dos detalhes, o consultor da produção é Tom Shippey, medievalista e estudioso do Tolkien, que escreveu, dentre outras obras The Road to Middle-Earth: How J. R. R. Tolkien created a new mythology. Além dele, John Howe, conhecido ilustrador de Tolkien, que trabalhou com Peter Jackson nas duas trilogias, é o ilustrador e artista conceitual da série. 

Hoje mesmo, ao revisar esse texto soube que a Amazon Prime confirmou no Twitter (ver aqui) que Howard Shore é o responsável pela trilha sonora da série. Algumas notas da música-tema dos filmes de Peter Jackson podem ser ouvidas no início do teaser:

 

Já que estamos aqui para falar dele, o que o teaser revelou para nós? O título!

Enquanto a câmera viaja entre montes, um fogo escorrendo entre eles como lavas de vulcão, vai se formando um letreiro de metal, com os dizeres: “The Rings of Power” - “Os Anéis de Poder”. 

“Este é um título que imaginamos que poderia estar na lombada de um livro ao lado de outros clássicos de J.R.R. Tolkien. O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder une todas as principais histórias da Segunda Era da Terra-Média: A forja dos anéis, a ascensão do Lorde das Trevas Sauron, o conto épico de Númenor e a Última Aliança de Elfos e Homens”, afirmam os showrunners JD Payne e Patrick McKay. (Fonte: Tolkienista.com)


Lançado na quarta-feira, no teaser também temos uma narração, na voz de uma mulher – possivelmente a atriz Morffyd Clark que deve encarnar a Galadriel (para os de memória de peixe, essa personagem foi interpretada pela Cate Blanchett nas duas trilogias do Peter Jackson) – do famoso poema que se encontra no início do livro de O Senhor dos Anéis

Essa referência é importante, e explicamos do que se trata para os desavisados: sim, teremos uma história situada na Segunda Era e gira em torno do vilão, ou melhor, do antagonista que já foi apresentado nos filmes do Peter Jackson: Sauron.
Na Segunda Era, Sauron é Annatar, o Senhor dos Presentes. Ele ajuda na forja de anéis poderosos dados à Homens, Anãos e Elfos e, na “surdina” forja o Um Anel, para si, em Mount Doom, a Montanha da Perdição (sim, é para onde Frodo e Sam levam o Anel com o intuito de ser destruído, algum tempo mais tarde! Muito bem!)

Então é isso! Teremos aquele prólogo de O Senhor dos Anéis e A Sociedade do Anel expandido e desenvolvido na primeira temporada. Parecia um pouco óbvio, mas foi surpreendente, ao mesmo tempo. Quarta-feira foi um dia de euforia para tolkienistas no mundo e estamos bem empolgados, pois daí, se desenvolve muita coisa. Já podemos começar a reler os livros com a animação que nunca nos falta, para irmos bem preparadinhos para a série. 

Apesar de que... Bem, coloquemos o pé no freio da expectativa! Para quem só assistiu aos filmes, está tudo maravilhoso, mas para quem lê Tolkien por algum tempo, não está mergulhando de ponta nisso tudo não. 

Alguns produtores de conteúdo no país receberam um "press kit" da Amazon e nele veio um volume único de O Senhor dos Anéis com as ilustrações de Allan Lee, publicado pela Harper Collins Brasil. (Uma edição belíssima, que ainda não tenho, mas é de deixar a gente babando -- veja pelo link de vendas da Amazon).

“Queremos te convidar para embarcar conosco nesta jornada por partes da mente do grande autor J.R.R. Tolkien ainda pouco exploradas: histórias ricas em detalhes da Segunda Era da Terra-média, encontradas nas profundezas das páginas e apêndices do livro de O Senhor dos Anéis.” (Fonte: Tolkienista.com)

Esses são os dizeres do "press kit" que e para quem conhece o livro, sabe que muito pouco sobre a Segunda Era está contido nele, sendo que basicamente há algo nos apêndices. Seria melhor que tivessem com a possibilidade de usar O Silmarillion (1977) e Os Contos Inacabados (1980), dois livros póstumos, compilados pelo filho de Tolkien, mas não se sabe dos direitos de adaptação dessas obras. 

O que é fato é que essas edições ajudariam muito aos roteiristas e seria praticamente desnecessário ter acréscimos para "cobrir" eventuais buracos na narrativa. Acréscimos para públicos específicos seria fora de cogitação.

A julgar pelo teaser, belíssimo, e pelo tempo dedicado à produção, parece que o trabalho será bem feito e parece também que ficaremos satisfeitos com boa parte do resultado. A torcida é essa, sem dúvidas. 

Dia 2 de setembro, aniversário de falecimento de Tolkien, está marcado na nossa agenda.
Agora, por um motivo extra.  

Abraços afáveis e Musique-se!

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