Críticas: Oscar 2022 - Animações (#1)

Assistimos a alguns dos principais filmes que concorrem à Oscar, que chega a sua 94ª edição de premiações e contamos para vocês o que achamos dos assistidos, em algumas postagens até domingo, dia 27 de março, quando premiação ocorrerá.
A transmissão e cobertura tradicional, aqui no Brasil, será pelo canal TNT, a partir das 20hs, horário de Brasília.

Antes de começarmos as críticas, é preciso dar uma pequena introdução.
Há alguns anos, o Oscar tem surpreendido, tanto positiva quanto negativamente nas escolhas dos indicados, sobretudo na categoria principal de Melhor Filme e em 2022 parecem seguir a fórmula das últimas edições.
Particularmente, está um pouco difícil de palpitar qual será o vencedor, uma vez que não há um "graaaaaande" filme, daqueles que se tornarão um dos seus favoritos, ou longas que sejam inéditos ou interessantes a ponto de justificar (goste ou não da execução) a indicação e por ventura, prêmio.
Como em outras edições, recentes ou não, muitos filmes que a gente consideraria "cara de Oscar" tem sido completamente deixado de lado, enquanto outros, totalmente frívolos, estão tomando conta, e chegando até mesmo a serem os mais premiados da noite.  

Há de se convir que sucesso nunca foi sinônimo de qualidade e isso também vinha sendo a preocupação da Academia, sobretudo nos último dez anos de Oscars. Toda a opção recente está cada vez mais voltada para além da sétima arte, sustentando-se por discursos que, ainda que sempre tivesse sido assim, somente agora está escancarado que  priorizam que contem histórias sobre diversidade e representatividade mais do que uma história boa e envolvente.
Com isso em mente, também ressaltamos que os comentários dessas postagens são de ordem pessoal, pois em se tratando de gosto é impossível de ocorrer consenso.

Para abertura da sequencia de posts destacaremos a categoria de Melhor Animação:

Luca é a aposta da Disney/Pixar para a edição do Oscar 2022. Dirigido por Enrico Casarosa (o mesmo do curta La Luna de 2012) e lançado no meio do ano passado, a animação é muito bem feita, com o toque Pixar sempre fantástico e o enredo bem legalzinho.
Apesar de ser meio estereotipado com relação aos italianos (rsrsrs...), isso não é um problema, visto que o diretor é italiano. 
Contém uma abordagem ingênua e alegrinha, sem ser enfadonho. Há o conceito da boa amizade e inicialmente entre meninos! Faço esse destaque, pois, falta desenhos em que os garotos vão se identificar, o primeiro objetivo de toda animação infantil, estão cada vez mais escassos.
O enredo também aponta aquele famoso infringir de regras comum de contos de fadas - que nada mais do que a definição dos desejos mais íntimos dos personagens centrais.

Sem dar muito spoiler, preciso dizer que adorei o motivo pelas quais Luca escolhe "viver em civilização". Surpreendeu e foi ótimo!

Nota: 9/10  ☼  Onde assistir? Disney+  ☼ Trailer

Raya e o Último Dragão é outro filme da Disney entre os indicados, mas ainda não é o favorito.
Visualmente é um belo desenho, 
a palheta de cores e a fotografia são de encher os olhos. Na execução, não compromete com músicas cansativas e é mais sério em seu contexto, sem apelar para os excessivos alívios cômicos.
O enredo contém lição de moral clichê, mas o ritmo rápido para a solução o razoavelmente torna atrativo.
O pecado da animação é a "vilã" ser masculinizada, algo que é tônica das novas animações, que querem princesas fortes. Alguém precisa avisar essa galera dos roteiros que dá para fazer protagonistas femininas fortes sem que tenham características de homens guerreiros e brutos.

Ah, e Sisu é uma "dragoa" simpática (mas prefiro dragões ferozes e maldosos.) 

Nisso, vale um adendo: a busca por ineditismo pelo visto é uma guerra perdida. Quando se cresce assistindo animações da Disney e acompanhando a evolução delas, isso fica bem claro. Infelizmente, as animações, nos últimos 5 anos, tendem a ser bem...chatinhas.

Nota: 8/10  ☼   Onde assistir? Disney+  ☼  Trailer

Ambos, poderiam ser favoritos caso a Disney não tivesse emplacado uma das suas animações com um moooooontão de clichês e músicas preguentas. Mas chegamos lá! 
Antes, cabe dizer o que falamos sobre Raya, o mesmo a respeito da produção da Netflix/Sony?

Spoiler: Sim!

A Família Mitchell e a Revolução das Máquinas traz um traço de desenho mais característico, bem cartoon e caricatura. Explora aquelas imagens rápidas que chamam a atenção e foge do mundinho e moldes Disney/Pixar.

Desde o começo, a animação tem identidade própria, sem querer copiar as grandes estúdios e isso é altamente louvável hoje em dia.
O enredo em si é bem feito, não quer parecer bonitinho; almeja ser uma animação agradável. 
E consegue!
A história deveria ser também pouco pretenciosa. E de algum modo é: brinca com o vício em tecnologia e redes sociais, fala do amor pelo cinema e exalta uma questão moral  a família e o convívio com as pessoas que Katie Mitchell (a personagem principal) trouxeram ao mundo – os pais dela, é fundamental para alguém ser feliz.

Dirigido por Mike Rianda (da série de TV animada Gravity Falls: Um verão de Mistérios) A Família Mitchell conquista, é divertido, tem um bom ritmo, e domina todas as camadas que fazem uma animação ser bem-sucedida, direitinho.

Nota: 9/10  ☼   Onde assistir? Netflix  ☼  Trailer


Encanto, como dizem os "xóvens", flopou.
Com perdão do trocadilho, Encanto não encanta. Visualmente é belíssimo, muito bem feito, e realmente, tem selo Disney de "maravilhamento". Mas o enredo é o ponto fraco. Fraquíssimo, aliás.

Vocês vão me odiar, mas verdade seja dita: as princesas Disney "antigas" eram melhores. Aconteciam as desventuras que precisavam resolver, ou alguém resolvia por elas e ainda que fosse um mundo maravilhoso demais, era muito melhor do que essa vibe das protagonistas comuns com dilemas que são resolvidos na base de vários nadas.

Eu sei que a mentalidade do mundo mudou e que os filmes precisam ser mais atrativo para a geração atual. Mas todo esse lance de "empoderamento", de insinuação de que a criança pode ser e fazer o que quiser, na real, só força a barra além da medida ao invés de ser convincente. Mudou, mas ainda não captaram a essência dos novos tempos. Nesse sentido, era melhor ficar nos contos do "viveram felizes para sempre".

O enredo de Encanto é um só. Assista o trailer e descobrirá a conclusão da narrativa sem muito esforço. Todo o plot (que é simples) se resolveria rapidamente, se não fosse a inserção de músicas a cada 5 minutos de diálogo para, o que chamávamos antigamente, "encher linguiça". Uma das canções, inclusive é insuportavelmente grudenta, repetitiva e acelerada (Ouça Familia Madrigal e comprove).

Com o acréscimo das imagens muito coloridas, você fica eufórico para... acabar logo!
Essa é a verdade. 
Apesar disso, não se enganem, Encanto é o favorito ao Oscar de Melhor Animação. Então... Não adianta nem criticar, não é mesmo?

Nota: 6/10   ☼  Onde assistir? Disney+  ☼ Trailer

Não foi possível assistir à Flee um documentário animado dinamarquês e dramático, portanto, adulto. Ele conta a história de Amin Nawabi enquanto ele luta com um segredo doloroso que manteve escondido por 20 anos, que ameaça inviabilizar a vida que ele construiu para si mesmo e seu futuro marido. Contado principalmente através da animação ao diretor Jonas Poher Rasmussen, Amim expõe, pela primeira vez, a história de sua extraordinária jornada como criança refugiada do Afeganistão.

O trailer soa se tratar de uma obra bem bacana, e mostra o traço de animação clássica em 2D. No entanto, infelizmente, a categoria de animação só indica os dramas adultos, mas nunca os premia. Flee concorre ainda nas categorias de Melhor Documentário e de Melhor Filme Estrangeiro. Não é favorito em nenhuma delas, também. 

Comentem o que acharam das animações, caso tenham assistido alguma (ou todas) elas. Queremos saber o que acharam.

Até o próximo post, com as categorias de Ator e Atriz coadjuvantes!

Abraços afáveis e Musique-se!

Comentários