Críticas: Oscar 2022 - Trilha Sonora e Canção Original (#3)

As categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original não são propriamente duas das técnicas das quais as pessoas não prestam muito atenção, a não ser que alguma figura pop ou um músico mainstream esteja envolvido entre os indicados.

Como o foco da página é música, nada mais adequado do que fazer um post especial para as duas categorias na edição do Oscar deste ano, afinal, há os tipos conhecidos - principalmente para canção original.

Estão no páreo para a categoria de trilha sonora, Nicholas Britell, compositor americano, que tem em uma de suas primeiras contribuições cinematográficas o filme 12 Anos de Escravidão (2013), dirigido por Steve McQueen. Compositor adicional de uma música original em violino, escrita e arranjada por ele, a trilha é assinada por Hanz Zimmer (que também concorre à mesma categoria, por sinal) e o longa venceu o Oscar de Melhor Filme em 2014.

Depois disso, ele esteve em um monte de filmes que concorreram à Oscar, inclusive na categoria principal, entre eles: Moonlight (2016), de Barry Jenkins, onde Nicholas teve a sua primeira indicação à Melhor Trilha Sonora, mas não venceu (no entanto, o filme, sim). A sua segunda indicação veio com Se a Rua Beale Falasse (2018), também dirigido por Barry Jenkins. E assinou trilha dos filmes que foram indicados à outras categorias: A Batalha dos Sexos (2017) e Cruella (2021), e como produtor, esteve envolvido no filme Whiplash (2014), dirigido por Damien Chazelle. 

Dando uma boa olhada na sua filmografia, vemos que ele é o favorito dos filmes dirigidos por Adam McKay. Foram eles: A Grande Aposta (2015), Vice (2018) e, o novo filme, da qual concorre ao Oscar deste ano: Não Olhe Para Cima (2021). Todos eles concorreram (ou concorre, como é o último caso) à Oscar de Melhor Filme

Na trilha de Não Olhe Para Cima, há até uma música interpretada pela Ariana Grande e Kid Cudi, que no filme também aparecem, numa performance que é numa enorme sátira com o cenário da música pop. Por sinal, Ariana e Cudi fazem uma participação como a cantora fictícia "Riley Bina" e o seu noivo (também fictício), "DJ Chello".
Sinceramente, tem que ter coragem para mostrar a futilidade da "classe", viu?

(Adendo: ouçam a música Just Look Up e me digam se Kid Cudi não ficou parecendo o Lewis Hamilton na podre e baixa música da Christina Aguilera, Pipe. Por sinal, o multicampeão e piloto-celebridade da Fórmula 1 admitiu recentemente que era o "XNDA" creditado na música em questão e disse que quando recebeu o convite, sentou para escrever alguns versos. E eu, trouxa que sou, fui ouvir achando que era uma "poesia"... De péssimo gosto, mas tem gente que adora!)

Voltando à trilha de Nicholas Britell, no geral é um pouco caótica e causa agitação excessiva (mas combina com o filme). Fica a dica para ouvirem e tirarem a própria conclusão.  

Nota 7/10  ☼  Soundtrack Don't Look Up (Spotify)

Germaine Franco é a compositora à frente da animação Encanto
Parabéns moça, você conseguiu me irritar enquanto assistia a um desenho.
Lin-Manuel Miranda (o compositor das músicas) está super em voga por conta da peça Hamilton e também, pela direção do filme Tick, Tick... Boom! (2021) - outro filme musical da edição de prêmios desse ano e que sin-ce-ra-mente: não deu para assistir porque foi insuportável. Não, não... Deu!

Enfim, eu sei que essa crítica minha foi altamente chula e desrespeitosa, mas não consigo redigir linhas menos emocionadas do que estas. Uma música só, passa, e é a que concorre à Melhor Canção. Certamente, vocês só encontrarão elogios à trilha por aí, então, fica a dica de "darem um Google". Não será difícil achar alguma matéria que exalte o trabalho tanto de Franco quanto de Miranda. 

Nota 5/10  ☼  Soundtrack Encanto (Spotify)

Madres Paralelas, o novo filme do Pedro Almodóvar aparece na categoria de trilha sonora e somente na categoria de Melhor Atriz, mas, por alguma razão não muito clara, não concorre à Melhor Filme de Língua Estrangeira. Mas como falaremos dessas duas categorias ainda, deixamos os palpites para esse momento oportuno (prometo, ainda hoje, aqui no Musique-se). 

Alberto Iglesias é compositor de filmes espanhóis e basicamente o braço direito de Pedro. É compositor das trilhas de seus filmes, dentre eles: A Flor do Meu Segredo (1995), Carne Trêmula ( 1997), Tudo Sobre Minha Mãe (1999), Fale com Ela (2002), Má Educação (2004), Volver (2006), Los Abrazos Rotos (2009), A Pele que Habito (2011), Os Amantes Passageiros (2013), Julieta (2016), Dor e Glória (2019) e La Voz Humana (2020). Ufa!

Outros destaques na carreira de compositor: O Jardineiro Fiel (2005), dirigido pelo nosso Fernando Meirelles, O Caçador de Pipas (2007) de Marc Forster, Che (2008) de Steven Soderbergh, O Espião que Sabia Demais (2011), dirigido por Tomas Alfredson e Êxodo: Deuses e Reis (2014) de Ridley Scott.

As suas primeiras indicações à Oscar foi por O Jardineiro Fiel, O Caçador de Pipas e O Espião que Sabia Demais. Não foi premiado em nenhuma delas. Será que agora, com Madres Paralelas, vai ser o momento?

Tipicamente com teor de música espanhola, é agradável de ouvir, sobretudo para quem gosta de sons latinos. 

Nota 8/10  ☼ Soundtrack Madres Paralelas (Spotify)

Meu favorito de todos os tempos é Hanz Zimmer e o motivo é um só: se já ouviu a trilha sonora do filme Gladiador (2000) e não achou maravilhosa, você precisa rever os seus conceitos. 

Brincadeiras à parte, eu posso achar a trilha do filme de Ridley Scott ótima, mas Zimmer é famosão mesmo pela trilha do Rei Leão (1994), da qual foi premiado no Oscar de 1995. 
E esse é o seu único Oscar, mas não significa que não poderá haver um outro, agora. Inclusive é o candidato mais forte, premiado no Globo de Ouro, no Bafta e no Critics. 

A lista de contribuições como compositor de filmes é extensa. Além desses podemos citar vários, e alguns bacanas: o 12 Anos de Escravidão, que já mencionamos, Rain Man (1985) dirigido por Barry Levinson, Dias de Trovão (1990) e Maré Vermelha (1995), ambos de Tony Scott,  Pearl Harbor (2001) de Michael Bay, Madagascar (2005) dirigido por Eric Darnell e Tom McGrath e Interstelar (2014) de Christopher Nolan. A lista é imensa!

Nessa edição, ele concorre pela trilha da primeira parte do filme Duna, dirigido pelo Dennis Villeneuve. Ainda que eu goste muito do trabalho de Hans, e esse trabalho tenha casado muito bem com a atmosfera da história, adaptada do livro homônimo de Frank Herbert, preciso dizer que não é a melhor dos cinco indicados. 

Nota 9/10  ☼ Soundtrack Duna (YouTube)

Agora, talvez terei, a atenção de vocês: o quinto indicado à Melhor Trilha Sonora é Jonny Greenwood. Sim, esse mesmo: o guitarrista do Radiohead. E ele andou se aventurando como compositor de trilhas, mas a primeira lembrança que me veio à mente é a participação em três músicas que compõe o Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005) dirigido por Mike Newell (ele é um dos membros de "As Esquisitonas", uma referência  que só os potterheads saberão). 

Como compositor de trilhas, assinou alguns dos principais filmes de  Paul Thomas Anderson: Sangue Negro (2007), O Mestre (2012), Vício Inerente (2014) e Trama Fantasma (2017). Neste último caso, ele chegou a ser indicado à Oscar na edição de 2018, mas não levou. Precisamos Falar Sobre Kevin (2011) um filme chocante, mas também, muito bom e Você Nunca Esteve Realmente Aqui, ambos de Lynne Ramsay também aparecem em sua lista como compositor de trilhas. 

Ele concorre por Ataque dos Cães. E que trilha boa! De verdade, muito bem feita, com alguns instrumentais com uma pegada meio folk, como nas faixas Mimicry e Viola Quartet, e uma atmosfera clássica e dramática como longa pede. Isso que torna a melhor dos indicados. Tomara que ganhe - ainda que Zimmer seja o favorito. 

Nota 10/10  ☼ Soundtrack The Power of the Dog (Spotify)

Agora sobre as canções originais, começando pela única que bate com a categoria acima:

♫ Dos Oruguitas de Encanto, interpretada por Sebastián Yatra 

Nota: 9/10 

 

O filme e a trilha, como um todo, podem ser chatas. Mas de fato, a música escolhida para concorrer ao Oscar é boa e bonita e talvez o ponto positivo de todo o trabalho sonoro.
Viram? Também sei achar o quê ser elogiado. Mas não esperem a mesma benevolência na próxima indicada. 

Be Alive de King Richard: Criando Campeãs, interpretada por Beyoncé

Nota 4/10


Sejamos pragmáticos? Filme ruim, música ruim.
Particularmente não tenho paciência com a diva Beyoncé. Acho que ela grita muito, e todas as suas músicas, iguais. Acho também a babação de ovo em torno dela, infundada. Basta procurar se inteirar sobre fábrica de roupas dela, no Sri Lanka para ter uma ideia de que naquele mato, tem cachorro...

Down to Joy de Belfast, interpretado por Van Morrison

Nota 9/10 


Animada, old school, me lembrou músicas de Elvis Costello, só que legais, rsrsrsrs...
 
O cantor não deve comparecer ao Oscar no domingo, dia 27. O motivo? Foi desconvidado por ser antivax. Talvez se fosse americano, teria passada de pano, mas como é irlandês...

Somehow You Do de Four Good Days, interpretada por Reba McEntire:

Nota: 10/10


Uma balada country se tornou a minha favorita de todas. Totalmente tradicional de country americano, mas quem disse que não é bom?

E por fim, a favorita, que já levou Globo de Ouro, Bafta e Critics, com a moça dos dentes trancados e a preguiça de abrir a boca.

No Time To Die de 007 - Sem Tempo Para Morrer, interpretado por Billie Eilish

Nota: 8/10


É relaxante e bem executada, apesar da sensação que esse moça vai parar de cantar a qualquer minuto da música. Como não é tipo de música que ouço, não me agradou tanto, mas não compromete. Bem cara de 007, inclusive.

Agora é com vocês! Dêem seus pitacos sobre as músicas e as trilhas, que mais tarde, voltamos com os filmes estrangeiros.

Abraços afáveis!

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