As categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original não são propriamente duas das técnicas das quais as pessoas não prestam muito atenção, a não ser que alguma figura pop ou um músico mainstream esteja envolvido entre os indicados.
Como o foco da página é música, nada mais adequado do que fazer um post especial para as duas categorias na edição do Oscar deste ano, afinal, há os tipos conhecidos - principalmente para canção original.
Estão no páreo para a categoria de trilha sonora, Nicholas Britell, compositor americano, que tem em uma de suas primeiras contribuições cinematográficas o filme 12 Anos de Escravidão (2013), dirigido por Steve McQueen. Compositor adicional de uma música original em violino, escrita e arranjada por ele, a trilha é assinada por Hanz Zimmer (que também concorre à mesma categoria, por sinal) e o longa venceu o Oscar de Melhor Filme em 2014.
Depois disso, ele esteve em um monte de filmes que concorreram à Oscar, inclusive na categoria principal, entre eles: Moonlight (2016), de Barry Jenkins, onde Nicholas teve a sua primeira indicação à Melhor Trilha Sonora, mas não venceu (no entanto, o filme, sim). A sua segunda indicação veio com Se a Rua Beale Falasse (2018), também dirigido por Barry Jenkins. E assinou trilha dos filmes que foram indicados à outras categorias: A Batalha dos Sexos (2017) e Cruella (2021), e como produtor, esteve envolvido no filme Whiplash (2014), dirigido por Damien Chazelle.
Dando uma boa olhada na sua filmografia, vemos que ele é o favorito dos filmes dirigidos por Adam McKay. Foram eles: A Grande Aposta (2015), Vice (2018) e, o novo filme, da qual concorre ao Oscar deste ano: Não Olhe Para Cima (2021). Todos eles concorreram (ou concorre, como é o último caso) à Oscar de Melhor Filme.
Na trilha de Não Olhe Para Cima, há até uma música interpretada pela Ariana Grande e Kid Cudi, que no filme também aparecem, numa performance que é numa enorme sátira com o cenário da música pop. Por sinal, Ariana e Cudi fazem uma participação como a cantora fictícia "Riley Bina" e o seu noivo (também fictício), "DJ Chello".
Sinceramente, tem que ter coragem para mostrar a futilidade da "classe", viu?
(Adendo: ouçam a música Just Look Up e me digam se Kid Cudi não ficou parecendo o Lewis Hamilton na podre e baixa música da Christina Aguilera, Pipe. Por sinal, o multicampeão e piloto-celebridade da Fórmula 1 admitiu recentemente que era o "XNDA" creditado na música em questão e disse que quando recebeu o convite, sentou para escrever alguns versos. E eu, trouxa que sou, fui ouvir achando que era uma "poesia"... De péssimo gosto, mas tem gente que adora!)
Voltando à trilha de Nicholas Britell, no geral é um pouco caótica e causa agitação excessiva (mas combina com o filme). Fica a dica para ouvirem e tirarem a própria conclusão.
Nota 7/10 ☼ Soundtrack Don't Look Up (Spotify)
Germaine Franco é a compositora à frente da animação Encanto.
Parabéns moça, você conseguiu me irritar enquanto assistia a um desenho.
Lin-Manuel Miranda (o compositor das músicas) está super em voga por conta da peça Hamilton e também, pela direção do filme Tick, Tick... Boom! (2021) - outro filme musical da edição de prêmios desse ano e que sin-ce-ra-mente: não deu para assistir porque foi insuportável. Não, não... Deu!
Enfim, eu sei que essa crítica minha foi altamente chula e desrespeitosa, mas não consigo redigir linhas menos emocionadas do que estas. Uma música só, passa, e é a que concorre à Melhor Canção. Certamente, vocês só encontrarão elogios à trilha por aí, então, fica a dica de "darem um Google". Não será difícil achar alguma matéria que exalte o trabalho tanto de Franco quanto de Miranda.
Nota 5/10 ☼ Soundtrack Encanto (Spotify)
Madres Paralelas, o novo filme do Pedro Almodóvar aparece na categoria de trilha sonora e somente na categoria de Melhor Atriz, mas, por alguma razão não muito clara, não concorre à Melhor Filme de Língua Estrangeira. Mas como falaremos dessas duas categorias ainda, deixamos os palpites para esse momento oportuno (prometo, ainda hoje, aqui no Musique-se).
Alberto Iglesias é compositor de filmes espanhóis e basicamente o braço direito de Pedro. É compositor das trilhas de seus filmes, dentre eles: A Flor do Meu Segredo (1995), Carne Trêmula ( 1997), Tudo Sobre Minha Mãe (1999), Fale com Ela (2002), Má Educação (2004), Volver (2006), Los Abrazos Rotos (2009), A Pele que Habito (2011), Os Amantes Passageiros (2013), Julieta (2016), Dor e Glória (2019) e La Voz Humana (2020). Ufa!
Outros destaques na carreira de compositor: O Jardineiro Fiel (2005), dirigido pelo nosso Fernando Meirelles, O Caçador de Pipas (2007) de Marc Forster, Che (2008) de Steven Soderbergh, O Espião que Sabia Demais (2011), dirigido por Tomas Alfredson e Êxodo: Deuses e Reis (2014) de Ridley Scott.
As suas primeiras indicações à Oscar foi por O Jardineiro Fiel, O Caçador de Pipas e O Espião que Sabia Demais. Não foi premiado em nenhuma delas. Será que agora, com Madres Paralelas, vai ser o momento?
Tipicamente com teor de música espanhola, é agradável de ouvir, sobretudo para quem gosta de sons latinos.
Nota 8/10 ☼ Soundtrack Madres Paralelas (Spotify)
Meu favorito de todos os tempos é Hanz Zimmer e o motivo é um só: se já ouviu a trilha sonora do filme Gladiador (2000) e não achou maravilhosa, você precisa rever os seus conceitos.
Brincadeiras à parte, eu posso achar a trilha do filme de Ridley Scott ótima, mas Zimmer é famosão mesmo pela trilha do Rei Leão (1994), da qual foi premiado no Oscar de 1995.
E esse é o seu único Oscar, mas não significa que não poderá haver um outro, agora. Inclusive é o candidato mais forte, premiado no Globo de Ouro, no Bafta e no Critics.
A lista de contribuições como compositor de filmes é extensa. Além desses podemos citar vários, e alguns bacanas: o 12 Anos de Escravidão, que já mencionamos, Rain Man (1985) dirigido por Barry Levinson, Dias de Trovão (1990) e Maré Vermelha (1995), ambos de Tony Scott, Pearl Harbor (2001) de Michael Bay, Madagascar (2005) dirigido por Eric Darnell e Tom McGrath e Interstelar (2014) de Christopher Nolan. A lista é imensa!
Nessa edição, ele concorre pela trilha da primeira parte do filme Duna, dirigido pelo Dennis Villeneuve. Ainda que eu goste muito do trabalho de Hans, e esse trabalho tenha casado muito bem com a atmosfera da história, adaptada do livro homônimo de Frank Herbert, preciso dizer que não é a melhor dos cinco indicados.
Nota 9/10 ☼ Soundtrack Duna (YouTube)
Agora, talvez terei, a atenção de vocês: o quinto indicado à Melhor Trilha Sonora é Jonny Greenwood. Sim, esse mesmo: o guitarrista do Radiohead. E ele andou se aventurando como compositor de trilhas, mas a primeira lembrança que me veio à mente é a participação em três músicas que compõe o Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005) dirigido por Mike Newell (ele é um dos membros de "As Esquisitonas", uma referência que só os potterheads saberão).
Como compositor de trilhas, assinou alguns dos principais filmes de Paul Thomas Anderson: Sangue Negro (2007), O Mestre (2012), Vício Inerente (2014) e Trama Fantasma (2017). Neste último caso, ele chegou a ser indicado à Oscar na edição de 2018, mas não levou. Precisamos Falar Sobre Kevin (2011) um filme chocante, mas também, muito bom e Você Nunca Esteve Realmente Aqui, ambos de Lynne Ramsay também aparecem em sua lista como compositor de trilhas.
Ele concorre por Ataque dos Cães. E que trilha boa! De verdade, muito bem feita, com alguns instrumentais com uma pegada meio folk, como nas faixas Mimicry e Viola Quartet, e uma atmosfera clássica e dramática como longa pede. Isso que torna a melhor dos indicados. Tomara que ganhe - ainda que Zimmer seja o favorito.
Nota 10/10 ☼ Soundtrack The Power of the Dog (Spotify)
Agora sobre as canções originais, começando pela única que bate com a categoria acima:
♫ Dos Oruguitas de Encanto, interpretada por Sebastián Yatra
Nota: 9/10
O filme e a trilha, como um todo, podem ser chatas. Mas de fato, a música escolhida para concorrer ao Oscar é boa e bonita e talvez o ponto positivo de todo o trabalho sonoro.
Viram? Também sei achar o quê ser elogiado. Mas não esperem a mesma benevolência na próxima indicada.
♫ Be Alive de King Richard: Criando Campeãs, interpretada por Beyoncé
Nota 4/10
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