Breve Festival - Nomes nacionais e música em primeiro plano

Rolou neste sábado (09) em Belo Horizonte o Breve Festival, um dos primeiros eventos de grande porte na capital mineira desde que a pandemia teve início.
Sem coisas como tirolesas, rodas gigantes e outras besteiras que tiram a atenção do principal, o evento foi transmitido pelo canal de TV por assinatura TNT e por um canal próprio no Youtube contando com 32 nomes mesclando novidades e nomes consagrados da MPB divididos em quatro palcos em frente ao estádio do Mineirão.


Enquanto nomes ainda em ascensão no cenário nacional se apresentavam nos palcos Club e Radar, os artistas com mais bagagem se revezavam entre o palco Amstel (propaganda safada...) e principal chamado de Breve.

Como destaque nos palcos de menor visibilidade houve apresentações empolgantes de Tuyo que convidou Fióti e Luccas Carlos para apresentar um som afro futurista com pinceladas folk e também o Heavy Baile que mandou muito funk com a presença de MC Carol para a galera mineira dançar, ambos no palco Radar. A surpresa deste palco ficou por conta do duo Clara X Sofia, que deve cair nas graças da molecada muito em breve.

Heavy Baile - crédito: instagram Breve Festival

Já no palco Amstel, os destaques, como não poderia deixar de ser, foram as apresentações da Pitty, do sempre fantástico e instigante Ney Matogrosso que mandou uma amostra do seu show Nu Com a Minha Música e o rap dos Racionais MC´s.

Ney Matogrosso - crédito instagram Breve Festival

Já no palco principal a coisa começou quente com Djonga e convidados mostrando porque o rapper está entre os principais nomes do cenário brasileiro atual.

Djonga levantando voo - crédito: instagram Breve Festival

Infelizmente, o pop sofisticado do Silva não esteve à altura de manter a empolgação, mas foi bem aceito pelo público que estava ávido por música e festa após tanto tempo.
Ludmilla fez o que se esperava dela em um show correto que colocou o público para dançar.
Ludimilla - crédito: instagram Breve Festival

Mas bastou que Gal Costa pisasse no palco ao som de “Fé Cega, Faca Amolada” clássico do Clube da Esquina para que fosse um tanto ofuscada.
Como a diva que é, Gal comandou as ações coadjuvada por uma banda super competente e econômica com apenas três músicos (baixo, guitarra e bateria) que deram conta do recado e ainda mandaram momentos pra lá de especiais como o swing malvado de “Barato Total” , o aviso pop pesado de que não é hora de esmorecer a vigilância em “Divino Maravilhoso”.
Também ficaram muito bonitas as versões ao vivo de “Quando Você Olha Pra Ela”, canção de apelo pop irresistível e letra de Mallu Magalhães (tomaram, preconceituosos, a menina não é só tchubaruba não).
Um dos pontos altos foi Gal explicando que o país não deixa que ela tire “Brasil”, canção do Cazuza, do repertório já que nada muda para o bem, só piora.

Gal Costa, suprema - crédito: instagram Breve Festival

Glória Groove incendiou o palco, embora não fosse um sucesso entre o público.Quem conhece e curte, aproveitou um show muito bem produzido e de visual muito bem cuidado.
Mas foi quando Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho pisaram no palco para comemorar os 30 anos d´O Grande Encontro que o público se rendeu.
Cantando todas as canções do show do início ao fim, os closes da tv mostrava pessoas emocionadas, algumas chorando (principalmente quando Geraldo mandou sua “Dia Branco”) e casais abraçados curtindo tudo.
Alceu, Elba, Geraldo, O Grande Encontro - crédito: instagram Breve Festival

Alceu apenas com o violão cantando “La Belle de Jour” ficou perfeito e a brincadeira do “oio, aia” em “Morena Tropicana” não poderia faltar.
Surpresa foi Elba cantando “Xote dos Milagres” do pessoal do “forró universitário” da banda Falamansa.
Também tiveram homenagens justíssimas à “seu” Luiz Gonzaga (inspiração de todos eles) e Dominguinhos.
A festa chegou ao fim com o trio cantando “Frevo Mulher” de Zé Ramalho, que era integrante original do Grande Encontro e é sempre curioso ver a plateia cantando a plenos pulmões versos como: “...um olho cego vagueia procurando por um.”.

Além de divertido, o Breve Festival serviu também para por abaixo a falácia de que o jovem não gosta de música boa.
Gosta sim e quem fala isso é elitista e preconceituoso.

crédito: instagram Breve Festival

Música boa é aquela que te faz bem e foi lindo ver o mesmo povo que dançou com Glória Groove e Ludmila, que ouviu as rimas de Mano Brown e Djonga cantando com Ney Matogrosso, Gal Costa e o Grande Encontro da mesma forma empolgada.
Que venham mais festivais apenas com artistas nacionais.
A gente – e a cultura brasileira - agradece.

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