Mas, isso é cover! - As Cafonas (#5)

Já ouviram falar das Shakespears Sister?
Não? Então, não seja por isso!

Shakespears Sister é uma dupla (não sertaneja, é óbvio) de cantoras com grande sucesso nos anos iniciais da década de 1990, composta pela irlandesa Siobhan Fahey (à direita da foto), depois de deixar o grupo Bananarama, e a americana Marcella Detroit, que já tinha sido backing vocal do anti-vax (?) Eric Clapton, nos anos 70.
Em 1993, Fahey ficou como queria em 1988, tomando uma carreira solo. Em 2009, ela reviveu o nome da dupla, e em 2019 se reuniu com Detroit para uma turnê. 

O maior sucesso das cantoras é o hit que ficou em primeiro lugar no Top UK Chart por oito semanas seguidas. Trata-se de Stay, single de 1992 do disco Hormonally Yours.

Tocou uma sineta na sua cabeça? Se não, talvez vá lembrar. 

Stay começa com a voz de Marcella, suplicando para que alguém fique com ela, no refrão, numa balada com coral. Adiante, uma batida dançante irrompe com a entrada de Siobhan, fazendo a ponte. A sua parte é menos proeminente em termos vocais, do que a da Marcella, mas dá uma especificidade à música. 

Poderia até passar por uma som pop normal e um pouco defasada para os dias de hoje, se não fosse o ponto alto do vídeo deixando como fim último, uma cafonice danada:


Começando como um drama shakesperiano, Marcela aparece cuidando de um homem em coma, num hospital meio gótico. O trecho que canta, justifica a cena. Quando a batida mais agitada se inicia, surge Siobhan com um macacão cintilante e maquiagem pálida, como a Morte encarnada. Elas travam uma disputa pelo paciente-amante, que é salvo, e "fica" ("stay") vivo. 

Não precisa explicar porque está aqui hoje, não é mesmo? A troca de vocal entre Fahey e agudo de Detroit é tão intensa quanto dramática. A dupla apostava num estilo que mistura synth/dance com rock gótico que se faz material e visual na vibe do videoclipe.
No entanto, é fato: a Morte é espalhafatosa demais.

Apesar de ser brega, tanto quanto a música, o vídeo ganhou o Brit Awards de vídeo britânico do ano e em 2010, a canção ganhou uma notoriedade de novo, após ser usada no programa The X Factor pela participante Cher Lloyd. 
Com isso, Stay e "as irmãs" do Shakespeare — nome igualmente "chimfrim" para a dupla — voltaram às paradas de sucesso. 


A premissa tinha potencial. 
Então, muito antes do programa de talentos revitalizar a música, a banda de Black Metal britânica Cradle of Filth sacaram uma versão de Stay num tom muito mais sombrio e dark e meteram o cover como faixa bônus em um de seus discos. 


Se pararmos para pensar, Siobhan de Morte ficou bem parecida com o estranho (e nanico) Dani Filth, vocalista do CoF. 
E, sejamos justos: o gutural e o metal combinou muito mais com a música do que um pop de vozes femininas, num som dançante. 

Thornografy, lançado em 2006, não tem somente essa música como cover. Nele, está incluso Halloween II do Samhain e Temptation do Heaven 17. Esse último, inclusive, tem até um videoclipe bem conhecido (YouTube), e uma música do gênero New Wave, de sucesso nos anos 1980.

Um comunicado oficial próximo do lançamento, contava que Liv Kristine (do ex-Theatre of Tragedy e Leave’s Eyes) faria o segundo vocal com Dani Filth em Stay, assim como ocorrera anteriormente em Nymphetamine (música do disco homônimo de 2004, anterior a Thonografy).
Depois do lançamento, foi revelado que o dueto nunca aconteceu, e os vocais femininos de Stay foram feitos por Sarah Jezebel Deva, a que dividia os vocais com Dani no próprio Cradle of Filth, na ocasião. 

Enfim, a breguice da música foi amenizada, mas não tanto. Certas coisas, são essência! Rsrsrs...

Ficamos por aqui com essa pérola, prometendo voltar em breve para mais.
Abraços afáveis e Musique-se!

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