Mas, isso é cover! - As Cafonas (#6)

Nesse mesmo dia, só que em 1983, chegava às grandes telas um filme chamado Flashdance.
A sinopse era: 

Alex é uma jovem de garra e talento, que não mede esforços para realizar o sonho de se tornar uma bailarina. Para isso, durante o dia, ela trabalha como operária e à noite trabalha como dançarina numa boate. No decorrer do filme, ela se envolve com seu patrão, Nick, enquanto se prepara para concorrer a uma vaga em uma escola de dança de prestígio.

Apesar de trivial, o longa se tornou o terceiro filme mais assistido de 1983 perdendo para Star Wars: Episódio VI – o Retorno de Jedi (que dispensa apresentações, suponho) e Tootsie, com Dustin Hoffman. Para se ter uma ideia, Flashdance foi lançado no mesmo ano de E.T. O ExtraTerrestre, um dos clássicos de Steven Spielberg, lançado em junho, e o mesmo ocupa somente a 16ª posição dos filmes de maior audiência de 1983. Poderoso, certo?

Conhecido nos anos seguintes por uma icônica— como muitos filmes dos anos 1980 — cena de dança/musical, o filme acabou se tornando mais destacado pela sua trilha sonora e estética do que necessariamente, pelo roteiro. Uma sacada genial do diretor Adrian Lyne e dos roteiristas Joe Eszterhas e Thomas Hedley Jr., que fisgaram os produtores Jerry Bruckheimer e Don Simpson, na época, ainda basicamente desconhecidos.

Depois do sucesso de Flashdance, Don e Jerry viriam a produzir, juntos, filmes como Top Gun (1986) com a estrela teen, Tom Cruise e Um Tira da Pesada (1984), com o comediante Eddie Murphy, enquanto o diretor Adrian Lyne participaria de filmes do gênero drama erótico, como Atração Fatal (1987), Nove e Meia Semanas de Amor (1986) e Proposta Indecente (1993). Lynda Obst, a roteirista responsável pelo desenvolvimento do primeiro esboço do filme, iria, mais tarde, produzir Uma Noite de Aventuras (1987) com Elisabeth Sue, The Fisher King (1991) com Jeff Bridges e Robin Williams e Sintonia de Amor (1993) com Tom Hanks e Meg Ryan.

A personagem Alex, encarnada pela atriz Jennifer Beals, teve suas cenas de dança feitas por uma bailarina de fato, chamada Marine Jahan. Isso não diminuiu todo o mito que girou em torno da busca da personagem para estudar e ser uma dançarina profissional. A cena de sua apresentação em uma boate, está imortalizada na cultura pop para todo sempre:


Duvidam? Acha que Ryan Reynolds reproduziu essa cena em um dos cartazes de Deadpool (2018) a toa?


A diferença é que o mercenário tagarela da Marvel, nos cinemas, é banhado de balas, munição mesmo e não de água como na cena original. Sátira, sagaz, para dizer o mínimo!
Se já era difícil, depois dessa, ficou impossível levar Flashdance muito à sério (risos)
 
A música usada para a performance, alguns podem até confundir (por não terem assistido ao filme), é de Shandi Sinnamon intitulada He's a Dream. É essa que tem a “baldada” de água e não aquela em que Alex busca a vaga na escola de balé: What a Feeling, interpretada por Irene Cara, chegou a levar o Oscar em 1984 como Melhor Canção Original. 


A trilha sonora é um show a parte, para quem gosta de músicas dos anos 1980 e não liga se são ultrapassadas. Para hoje, não detalharemos nenhuma destas, apesar de todas terem seu grau de cafonice bem arraigado, quer queiram ou não. 
A trilha também Grammy Award de Melhor Trilha Orquestrada de Mídia Visual. No Oscar, What a Feeling e Maniac concorreram a Melhor Canção Original. What a Feeling venceu, como já dissemos, deixando Maniac, interpretada por Michael Sembello, música tema do longa, só na vontade.

Falamos desta, então: presente no álbum de estúdio de Sembello, chamado Bossa Nova Hotel - um disco que nada tem de bossa nova, abarcando o (defasado?) gênero do synth-pop. 

Ah, mas como sou maldosa, considerar essas músicas cafonas! São um clássico!! Como ouso? 

Gente! Se estou exagerando na zombaria, peço que reparem no tecladista encarando a câmera e dançando quase até o chão nesse vídeo, a partir do segundo 0:15, e mudarão de opinião rapidamente:



E aqueles efeitos de teclado, cantando “crazy, crazy”?? Hahahaha...
Está explicado porque não ganhou Oscar, em 1984!

Brincadeiras à parte, é óbvio que isso não desmerece a canção que, na época, foi sucesso e muita gente gostava sem nenhum problema. Arrisco a dizer que se tocar em uma festinha, ninguém se segura sentado, então, acho muito justo que desencadeie esse sentimento dançante. 

A questão aqui é que, ela pode ser tão boa, a ponto de alguém mais querer homenagear ou imortalizar a sua versão. Então, abram alas!!!

Ficando em primeiro lugar na Billbord Hot 100, em 1983, Maniac obteve o desejado sucesso e deu um upgrade no filme, assim como o longa deu um alavancada na carreira de Sembello. Ele começou  como guitarrista, trabalhando com nomes como Diana Ross, Chaka Khan, Donna Summer, Stevie Wonder, Michael Jackson e Barbra Streisand.
Ganhou expressividade a partir do Flashdance e então, passou a compor a banda de trilha sonora de vários filmes, dentre eles Cocoon (1985), Gremlins (1984) e Independence Day (1994). 

Uma das versões mais inusitadas vem do projeto musical Avantasia (Avalon + Fantasia), capitaneado pelo vocalista e principal compositor da banda alemã Edguy, Tobias Sammet. Na sua versão Power Metal de Maniac, Tobias divide os vocais com Eric Martin. Lembram dele?? Sim, o vocalista do Mr. Big. 


Ficou muito, mas muito boa!

Presente no último álbum do projeto, Moonglow, de 2019, é a única cover, mas funcionou bastante e trouxe Eric Martin de volta à nossa memória. Tobias sempre tem um bom faro para parcerias e o seu projeto com o Avantasia é sempre uma boa experiência de conferir. 

E com essa, fechamos com chave de ouro (por enquanto) a temática de covers "cafonas". No aguardo, para outras grandes pérolas serem lembradas ou serem homenageadas e a gente comentar por aqui.. 

Continuaremos com "Mas, isso é cover!" com outros temas aqui na página. 
Abraços afáveis e Musique-se!

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