Singles, o filme que apresentou a geração grunge ao mundo completa 30 anos

Matt Cameron tem alguns filmes memoráveis em seu currículo dos quais pode realmente se orgulhar: Jerry Maguire, Vanilla Sky, Elizabethtown...
Mas é quando ele une o cinema com outra paixão sua, a música é que ele marca os gols mais bonitos.
Aí temos Almost Famous (Quase Famosos), quase uma unanimidade entre os amantes de música e cinema; o documentário Twenty sobre o Pearl Jam; Remember My Name sobre o grande David Crosby e Singles, o filme que deu cara a uma geração inteira de novos roqueiros na última década do século vinte e que está completando trinta anos de seu lançamento.


Traduzido aqui para Vida de Solteiro, o filme pode ser visto hoje, com toda a isenção que o distanciamento do tempo dá, apenas como uma história de amores, desencontros, buscas pela felicidade entre adolescentes frequentadores de cafeteria (o que antecipou Friends, o seriado, em dois anos) sem maiores valores artísticos.
Porém, o recorte em que estas histórias são contadas é um período de fervência cultural que ganharia o mundo legando nomes gigantescos ao rock e à cultura pop como Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains.
Singles apresenta para o mundo retratando nas telas a geração grunge com seu visual desleixado, camisas de flanela e ídolos que subiam ao palco vestindo a mesma roupa que usavam no seu dia a dia, para ir à padaria...
No filme muita gente pode ver pela primeira vez performances ao vivo de Soundgarden que tocou “Birth Ritual”, Alice in Chains matando à pau com “Would?” e Pearl Jam mandando ver com “Breath” e “State of Love and Trust”. Tudo captado ao vivo em uma espelunca local chamada RCKCNDY, hoje falida.
Mas não é só isso... Os próprios fazem participações no filme bem além das cenas de shows: Chris Cornell, por exemplo, pode ser visto com uma expressão impressionada em uma cena em que Matt Dillon mostra como os alto falantes de seu carro são potentes.
Chris também tomou para si a incumbência de escrever canções baseadas nos títulos de música que Jeff Amment criou para a Citizen Dick, banda de Dillon no filme.
“Spoonmam” é uma delas.


Ainda falando sobre a banda ficcional, sua canção “Touch me, I´m Dick” é uma paródia com “Touch me, I´m Sick”, canção do Mudhoney.
E são estes músicos, desta nova cena que fornecem a trilha sonora do filme, que no fim, é o que o eterniza.
O cd com trilha vendeu mais de dois milhões de cópias e alcançou o topo das listagens e paradas quase três meses antes da estreia do filme e além dos já citados aí em cima, também tem canções dos Screaming Trees (“Nearly Lost You”), Mother Love Bone (“Chloe Dancer/Crown of Thorns”), Jimi Hendrix, que nasceu em Seattle (“May This Be Love”), Paul Westemberg, ídolo de quase todos eles e líder dos The Replacements (“Waiting For Somebody”) e – mesmo a banda não tendo muito a ver com a cena de Seattle – Smashing Pumpkins (“Drown”).

Mesmo sem citações o Nirvana é um dos grandes responsáveis pelo lançamento do filme.
Isso porque depois de pronto, no início de 1991, a Warner ainda demorou para lança-lo, o que só aconteceu em setembro de 1992. com o estouro da banda de Kurt Cobain.
É que os executivos da empresa não tinham a menor ideia de como promover o filme e foram salvos pela explosão mundial da banda de Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl.

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