Learning To Fly - 35 anos do ato de independência do Pink Floyd de David Gilmour

Há trinta e cinco anos atrás, David Gilmour enfrentava alguns medos.
Uns bem reais, outros um tanto sem sentido, mas... É do ser humano.
O Pink Floyd tinha acabado de ser oficializado com “a sua banda”, após um longo processo judicial em que Roger Waters, um dos fundadores, baixista e principal compositor do grupo tentou impedir que ele e Nick Mason seguissem em frente com a marca. O tecladista Richard Wright havia sido demitido após a gravação de The Wall (1979).
Agora, o que quer que acontecesse com a banda, os holofotes estariam sobre Gilmour.
Para o bem e para o mal.


Esse era um dos medos.
O outro, que a gente até entende, era o medo de voar.
Para resolver esse, David resolveu ter aulas de pilotagem e arrastou consigo o baterista, que nem tinha medo...
Daí nasceu a canção que foi o primeiro single da banda sem Roger Waters: “Learning To Fly”.



A canção é sobre libertação... Aprender a voar sozinho após fazer parte de uma tripulação bem sucedida. Comandar a nave rumo ao futuro.
Mas também é, literalmente, sobre aprender a voar como mostram os efeitos adicionados à mixagem pelo baterista Nick Mason: "Propellers, fully forward. Flaps set at 10 degrees." ("Hélices, totalmente para a frente. Flaps ajustados em 10 graus.")
A canção é creditada à Gilmour, Anthony Moore, Bob Ezrin e Jon Carin e todos deram mesmo suas contribuições à confecção da faixa, embora Ezrin tenha dito em entrevistas que a canção é “99 por cento David”.
Gilmour conta em Saucerful of Secrets: The Pink Floyd Odyssey, de Nichollas Schaffiner, que nem sempre aparecia para trabalhar nas letras, e quando o parceiro Anthony Moore perguntava sobre ele, recebia como resposta: “Ele não vem, está aprendendo a voar”.
O resultado é que “Learning to Fly” é a primeira música do grupo a chegar ao primeiro lugar da parada de rock da Billboard.
Uma resposta e tanto ao ex baixista que dizia que eles não conseguiriam ir em frente sem ele.
O disco que veio a seguir  “A Momentary Lapse of Reason” vendeu milhões em todo o mundo e rendeu uma turnê gigantesca que culminou com o lançamento de seu primeiro disco ao vivo, “A Delicate Sound of Thunder”.
Gravado com o que havia de mais moderno na tecnologia da época, mas logo o tempo acabou dando uma desgastada no disco que passou a soar um tanto datado pelos (excessos de) efeitos utilizados nele.
Nick Mason lembra que: “ Momentary Lapse foi gravado sob considerável estresse e com restrições de tempo. Parte da mixagem final foi feita ao mesmo tempo que os ensaios para a próxima turnê”.
Isso acabou sendo resolvido quando a banda resolveu retrabalhar o material para a caixa The Later Years, de 2019.

foto promocional de A Momentary Lapse of Reason

O disco ganhou uma polida e algumas partes foram remixadas dando mais volume e relevância ao trabalho de Mason e do recém recontratado Rick Wright, dando um ar mais orgânico e humano ao disco.
A própria “Learning To Fly” reaparece mais calorosa, mais confidencial e com os teclados de Wright acentuando os versos e guiando a música de forma suave.
A banda alçou voo sob nova direção e seguiu firme, com pelo menos mais um clássico lançado.
Mas aí já é outra história.

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