Halloween no Musique-se (Parte 2): Trilhas famosas que marcaram filmes de terror, horror e thrillers
Dando continuidade à lista de 13 músicas que fazem parte de filmes de horror, terror ou thrillers famosos, com músicas altamente conhecidas e que se eternizaram ou em cenas icônicas, ou como pontes associativas com esses longas, chegamos com as 6 últimas, nessa parte 2. Vamos juntos?
Filme: O Silêncio dos Inocentes (1991)
Clássico do cinema de suspense (embora não contemple somente esse gênero) estrelado por Jodie Foster e Anthony Hopkins, conta a história também considerada famosíssima na literatura mundial de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes (1988). O filme é o segundo na série ao apresentar o Dr. Hannibal Lecter, um brilhante psiquiatra e assassino canibal em série. O primeiro é Caçador de Assassinos de 1986, dirigido por Michael Mann.
O enredo:: Clarice Starling (Foster) é uma jovem
estagiária do FBI, que decide pedir ajuda do Dr. Lecter (agora em prisão de
segurança máxima, dado os seus crimes) para capturar e prender outro serial
killer, conhecido apenas como "Buffalo Bill".
Em uma dada cena, toca no rádio do carro, American Girl de
Tom Petty. A personagem canta bem feliz, voltando de umas compras, e ao chegar em casa, avista u homem tentando colocar um sofá em uma van, sozinho. Ela se oferece para ajudar Buffalo Bill e é sequestrada pelo mesmo.
A
ideia semiótica da cena com Catherine Martin – interpretada pela atriz Brooke
Smith – é interessante sob o seguinte prisma: poderia ser qualquer garota americana caindo nessa
emboscada, daí a música.
Pinhead (interpretado por Doug Bradley), é o demônio mestre da
dor e do prazer das histórias de Clive Barker. Nesse longa, baseado na sua criação literária macabra (na parte 3), Pinhead está aprisionado em um cubo infernal
que, acidentalmente vai parar nas mãos de J.P. Monroe (Kevin Bernhardt), um
playboy dono de uma boate.
Não é arbitrário todo o lance meio sadomasoquista desse
plot. Muitas nuances levam à esse tom e é aí que se dá a criatividade inusitada
da história como um todo.
Mas, seguimos com a sinopse: Após um acordo, Pinhead é libertado e
inicia uma matança de pessoas inocentes. Concomitantemente, ele planeja
destruir o cubo, para que nunca mais precise voltar para o inferno. No entanto,
em seu caminho está Joey Summerskill (Terry Farrell), uma jovem repórter que
está investigando os terríveis assassinatos.
Clive Barker, famoso escritor de terror e criador da história, também dirigiu o vídeo do Motörhead – Hellraiser – , cujo enredo do vídeo contém Lemmy e Pinhead jogando cartas, além de mesclarem a banda com trechos do filme:
Filme: Entrevista com o Vampiro (1994)
Como disse no post da primeira parte dessa lista, posso
repetir aqui: chamar atores bonitos para fazer filme de vampiro é uma sacada
genial, e uma mina de ouro. Sempre terá uma audiência inesgotável, por mais que
a história seja “meh”.
Não é o caso de Entrevista com o Vampiro. E a escolha do cast, arrisco dizer, dificilmente foi ou será superado no quesito estético (embora a série recente tenha feito um bom trabalho nesse sentido). Muito bem, isso é outro assunto, vamos ao que interessa.
A obra é uma adaptação do livro homônimo de Anne Rice e que conta a jornada de Louis de Pointe du Lac (interpretado pelo sempre belo Brad Pitt), um fazendeiro em Nova Orleans no século XVIII sendo transformado em vampiro por Lestat de Lioncourt (o “salve-salve” Tom Cruise).
Eles entram em uma vida eterna, quase homoafetiva, de amor e ódio, pois Lestat
é ardiloso e acredita que deu a Louis a maior dádiva existente: a imortalidade. Enquanto Louis é doce e sensível, não vê com os mesmo olhos e acha que a sua sobrevida tornou-se um verdadeiro inferno
que durará excruciantes séculos.
A interpretação de Pitt é normal, mais interessante
sobretudo quando ele está contracenando com Christian Slater, o repórter Daniel
Malloy que quer tomar o depoimento e publicar a história do vampiro, já vivendo
no final do século XX.
Nessa balança, a encenação de Tom Cruise é arrebatadora e
seguramente ele é o perfeito Lestat que poderíamos imaginar. Anne Rice chegou a protestar a escolha do ator
quando o filme estava em pré-produção. Ela deve ter queimado e dobrado a língua ao ver o resultado final.
A trilha sonora é assinada por Elliot Goldenthal e recebeu até uma indicação à Oscar de Melhor Trilha Sonora Original. O chamativo está bem no fim do filme, numa cena de spoiler, e o plot twist derradeiro da narrativa. A música Sympathy of The Devil, dos Rollings Stones aparece numa versão feita pelos Guns n' Roses. O jornalista ouve a gravação da entrevista no rádio do carro e Lestat aparece, atacando-o. Ele troca a fita do blábláblá de Louis pela música em questão, faz a mesma proposta que fizera para Louis, dessa vez para o repórter, e o som sobe. Fantástico!
Filme: Psicopata Americano (2000)
Um dos filmes mais incômodos que já vi, é definido como
“horror psicológico satírico”. Acho que explica o desconforto perfeitamente.
Também baseado em um romance de mesmo nome, conta a
história do rico banqueiro de investimentos chamado Patrick Bateman, encarnado
pelo excelente Christian Bale. Tudo é muito mesquinho ao seu redor: restaurantes chiques são frequentados sempre, ele descreve os apetrechos materiais de seu estilo de vida, incluindo seu diário
exercício matinal, rotina de embelezamento, guarda-roupa estilístico e mobília
cara, com grande orgulho e vaidade.
Essas coisas também servem para manter as aparências para sua noiva Evelyn e seu círculo
de associados ricos, a maioria de quem ele realmente detesta. Ele também gosta
de discutir sua coleção de músicas... E em uma das cenas principais, aonde vemos o seu lado psicopata, é num destes momentos de divagação musical.
Depois de criar na sua mente uma competição de vaidade com um colega de trabalho, Paul Allen (interpretado por sempre esquisito Jared Leto), ele toma verdadeiro ódio pelo cara e o atrai para seu apartamento depois de deixa-lo bêbado. Discutindo a canção Hip to be Square de Huey Lewis and The News em um monólogo caótico e insano, *spoiler* ele assassina Paul com um machado:
Cho-can-te! Principalmente pois a música é animada e destoa completamente do que vemos em tela. Como eu disse: incômodo, mas nem por isso, não deixa de ser interessante pela interpretação de Bale. Outras cenas do filme, envolvem o tema música. Uma delas, é Bateman com prostitutas, explicando para elas que o Genesis melhorou como banda quando se afastaram do rock progressivo para uma pegada mais pop. Não contarei o que acontece com elas depois...
Filme: Nós (2019)
Um dos mais recentes filmes de Jordan Peele, com aquela pegada de comédia com horror, estrelada por Lupita
Nyong'o, Winston Duke, Elisabeth Moss e Tim Heidecker, aborda uma história de famílias confrontada por um grupo de doppelgängers.
O que são doppelgängers? O termo em alemão denota um sósia
ou um duplo não-biologicamente relacionado de uma pessoa. Muitas vezes, e
sobretudo na ficção, é retratado como um fenômeno fantasmagórico ou paranormal, geralmente visto como um prenúncio de má sorte, ou ainda para se referir ao
"irmão gêmeo maligno". Ou seja, é uma forma mais elaborada do caso "Ruth
e Raquel".
De todo modo, é um belo motivo para um filme de terror ou thriller, certo? Então,
nem Nós, Adelaide (Lupita) e Gabe (Winston) levam a família para passar um
fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado
local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna
refém de seres com aparências iguais às suas.
Numa dada cena específica, beirando o cômico, como no Psicopata Americano, outra família está prestes a ser atacada. Toca ao fundo Good Vibrations do Beach Boys quando a família da personagem de Elisabeth Moss é assassinada pelo grupo de duplos:
Para ouvir a música completa, ouça via Youtube.
No fim, a ferida matriarca fala e a assistente virtual
entende “call the police” como “fuck the police” e toca a música de mesmo
título do grupo rapper NWA (ouça aqui). Eis o estilo Jordan Peele de fazer filme.
Por fim, uma das minhas músicas favoritas dessa lista:
Filme: Halloween Kills (2021)
Começamos a nossa parte 1 da lista, postado mais cedo, com o primeiro filme
da franquia Halloween. Nada mais óbvio que terminamos com a penúltimo longa lançado para um
retorno de Michael Meyers e sua perseguição à Laurie Strode.
Essa é a décima segunda parte da história, e o longa começa exatamente
onde terminou o filme de 2018: depois de 40 anos se preparando para enfrentar
Michael Myers, Laurie (Jamie Lee Curtis)
acredita que enfim venceu. Minutos depois de deixar o assassino queimando,
Laurie vai direto para o hospital com ferimentos graves. Michael consegue
escapar da armadilha e planeja a sua vingança. Enquanto Laurie luta contra a
dor, ela tem que se preparar mais uma vez para se defender de Michael e
consegue fazer toda a cidade apoiá-la contra o assassino.
Houveram contribuições do músico Rob Zombie em filmes anteriores.
Mas dessa vez, um nome interessante surgiu na trilha sonora. Neste longa, houve
mais violência e mais música original de John Carpenter, mas pela primeira vez
na história da franquia, o personagem vilão Michael Myers finalmente
conseguiu sua própria música tema.
Freddy Krueger e Jason Voorhees tiveram suas próprias
canções, e nada para Meyers? Ora, isso precisava ser resolvido o quanto antes.
A música, ouvida durante os créditos finais, não podia
ser outra, a meu ver: Ghost é uma das melhores bandas dos últimos tempos. E Hunter’s
Moon está tanto na trilha original, quanto no mais recente, e excelente álguma da banda sueca liderada pelo criativíssimo Tobias Forge, Impera (2022).
Esperamos que tenham gostado e que aproveitem bem esse dia 31 de outubro do jeitinho que manda o figurino!
Happy Halloween! Feliz Dia das Bruxas! Feliz Dia do Saci!
Abraços afáveis e Musique-se!
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