O Rei da TV diverte ao contar a trajetória de Silvio Santos

Esqueça que a filha e o genro do cara são dois arrombados à serviço do fascismo.
Feito isso, se volte para o personagem que foi camelô e chegou ao posto de dono de uma das maiores empresas de comunicação do país.
Com todas as restrições que se possa ter, o SBT de Silvio Santos é sim parte importante da história da tv brasileira.
Nem sempre por vias corretas e lisas, a empresa é – ainda – a cara de seu dono que, aos noventa e um anos de idade, ainda apresenta um programa, faz da grade de programação de sua emissora o que quer (e quando quer) e é uma das pessoas públicas mais queridas de todos os tempos.
Parte de sua trajetória está contada de forma absolutamente brilhante na série original O Rei da TV, que estreou na última quarta-feira (19/10) na Star +.



A narrativa começa já na adolescência de Silvio quando se torna camelô para ajudar em casa financeiramente indo até a superação, via cirurgia, dos pólipos em suas cordas vocais que temia que fossem terminar com sua carreira, passando pela compra de parte da TV Record (e sua posterior venda) e conseguir a concessão - dada pelos militares - de seu próprio canal de tv.
Com ótimas atuações de José Rubens Chachá dando vida ao apresentador em sua fase adulta (Mariano Matos faz o Silvio jovem), a bio não autorizada ainda conta com Celso Frateschi interpretando o antagonista Rossi, personagem inspirado em Boni, o todo poderoso da TV Globo; Paulo Nigro como Gugu Liberato; Cacá Carvalho como Manoel de Nóbrega.
A direção tripla de Marcus Baldini, Julia Jordão e Carol Minêm é ágil e respeitosa sem passar pano para as diversas situações nebulosas da biografia de Silvio.
Também não alivia ao retratar sua atual esposa, Iris (vivida por Leona Cavalli) como uma mulher ambiciosa que sempre quis ter mais poder dentro da emissora de TV, o que chegou, por algum tempo a estremecer o relacionamento dos dois.
O lado humano do empresário voraz e determinado também está presente como quando em uma das cenas, Silvio dá ao motorista que o servia em Miami quando foi fazer exames que detectaram os pólipos uma Mercedes zero quilometro ou quando defende seus funcionários mais humildes contra o presidente do grupo Silvio Santos. Fica até difícil entender em que ponto o apresentador guinou à extrema direita e declarado apoio ao governo do homem mais burro sobre a face da terra.

As filmagens foram iniciadas ainda em 2019, mas tiveram de ser interrompidas durante a pandemia e só foram retomadas em fevereiro de 2021
Como curiosidade, o primeiro teaser do programa foi divulgado no aniversário de noventa anos em 12 de dezembro.
Pensado para ter duas temporadas, o último capítulo termina deixando o gancho para a história de como Silvio se tornou candidato à presidência da república.
Ainda que haja bastante licença poética, com personagens que são inspirados em pessoas reais sem se aprofundar muito nas características destes, a série é diversão garantida.
Mesmo sendo classificada como drama, ainda há espaço para boas risadas e participações especiais surpreendentes como o cantor e compositor André Abujamra vivendo Abelardo Barbosa, o grande Chacrinha.
Um pequeno problema é não querer, ou conseguir, parar após o primeiro episódio tornando a maratona algo quase inevitável.

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