Mesclando inglês e português, Indigo Mood mostra que há beleza na melancolia em seu O Fim do Autoengano
Em um tempo em que os independentes tem tido mais vocação
e direcionamento para punk, pós punk, emocore (sem o sentido pejorativo, que é
uma besteira), funk e metal, lançamentos como esse O Fim do Autoengano (2023 Trópico Música/Believe Music) são
verdadeiros oásis para quem gosta de sons mais, digamos... Leves e tranquilos.
Fundado pelo músico/compositor cearense Leonardo Mendes,
o projeto Indigo Mood passa longe das guitarras distorcidas, gritos e levadas
rápidas e raivosas.
arte: Zé Victor sobre foto de Leonardo Mendes |
Com 11 faixas pontuadas por linhas de baixo musculosas tocadas por vezes pelo
próprio Leonardo (que também toca guitarra e algumas percussões) sempre acompanhado por
músicos como Diego Silvestre e João Vitor Fidanza (guitarras), Felipe Couto
(baixo e sintetizadores), PH Barcelos e Guilherme Mendonça (baterias) e Theo
Fonseca (teclados) o disco é repleto de soul.
Tanto o estilo musical quanto à própria alma do artista.
O resultado final é climático e emocionante com guitarras fazendo
camas e tramas que emolduram a voz suave e introspectiva de Leonardo.
As letras, todas muito pessoais, misturam inglês e
português versando sobre partidas, términos e sobre a melancolia dessas
situações colocando – um bocado de – beleza na tristeza.
Sobre isso, o músico disse em um bate papo pelo Instagram: “-As letras, são todas
factuais, coisas vividas mesmo. Algumas hiperbolizadas aqui e ali, mas a
maioria são tal e qual eu conto nelas, às vezes até demais, gerando aquele
sentimento de "é, acho que aqui eu me expus demais", mas que acaba
valendo a pena justamente por ser real”
foto: Ana Pinho |
Comento que sob essa perspectiva, canções como “Wedding Dress” soam muito tristes e ele complementa: “-Foram dias (pra não dizer anos) difíceis os que trouxeram
essas músicas compostas há mais tempo. 'Wedding Dress', 'Never Was Enough' e 'I
Couldn't Help Giving a Try' foram feitas mais ou menos pertinho, entre 2015 e
2016, falam de momentos diferentes da mesma fossa. Tempos terrivelmente bons. Que
ficam melhor lá mesmo.”
Com influências que vão de Erika Badu até Cidadão
Instigado, o Indigo faz um trabalho original e muito forte e algumas das melhores canções são a dolorida “Cadeira de Praia” que abre o disco
com versos como: “...a cerveja estava quente e a gente esfriando/E você
desistindo..."
Já “Loser”, com sua levada quase alegre convida a
refletir enquanto o eu lírico da letra se posiciona (“I’m not a bad
motherfucker”) dançando e cantando um dos melhores refrãos do disco.
Produzido por Felipe Couto e masterizado por
Rodrigo Deltoro para o selo Trópico Musica com distribuição da Believe Music O Fim do Autoengano já está disponível nas plataformas.
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