Em bom álbum de estreia, Treva traz rock com ecos de blues e alma punk

Rock direto e sem enfeites.
Assim é Em Própria Razão (2023, El Rocha Records) disco de estreia da banda Treva (@oficialtreva ) formada por Chris Wiesen (guitarra), Felipe Ribeiro (guitarra e vocal), Eduardo Moratori (baixo) e Pedro Hernandes (bateria).


Com guitarras altas e bastante pronunciadas, embora na maioria do tempo limpas, sem distorção, emoldurando uma cozinha segura o disco tem dez faixas em que a tônica é o rock, porém, é possível ouvir aqui e alí ecos de blues (principalmente na faixa que fecha o disco) e alt rock (principalmente nas harmonias vocais que acompanham faixas como “Onde Morre o Sol” e “O Passado Tem que Ser”) e a influência (conceitual) do punk rock.
O disco foi todo gerado e gravado durante o período da pandemia, o que talvez ajude a explicar o sentimento de melancolia e angustia que permeia as músicas desde seus títulos.
Porém, no fim trata-se, como diz a própria banda, de um disco sobre a reconstrução, o recomeço da vida.
Uma das melhores canções do disco, “Flama” tem uma introdução climática e traz um belo riff de guitarra com vocalizações sobrevoando a melodia, mas logo depois do break a música ganha potência com condução do baixo tomando conta e conduzindo a faixa pelo restante de seus pouco mais de quatro minutos. Tem também o melhor solo de guitarra do trabalho todo, uma pena que termine em fade out.
O peso está presente na faixa “Renasce em Dor”, uma das mais fortes e na quase punk “Por Chance, Por Sangue” e na ótima “Quando a Fé Morrer (Onde For)”
foto: Felipe Vieira


Outro bom destaque é a faixa que realmente abre o disco (já que “XXVII” é quase uma vinheta): “Novo Amanhã” abre e fecha com o depoimento de um cidadão morador de morro sobre a violência policial e a parcialidade da dita “grande imprensa” que distorce as narrativas de acordo com suas próprias convicções (e patrocínios).
É também nessa letra que está a frase que acaba por dar nome ao trabalho.
Mas o disco também tem pequenos problemas como a voz que soa afundada na mixagem e dificulta um pouco a compreensão das boas letras da banda.
Para a divulgação, a banda soltou um vídeo clipe feito em animação para a faixa “Memórias & Reclusão” assinado por Odemilson Sconieczni, responsável por obras como Irmão do Jorel e Star Wars Forces of Destiny. (veja aqui)
Em Própria Razão tem produção de Fernando Sanches, Chris Wiesen e Felipe Ribeiro e contou com a participação de Gabriel Menndezz tocando teclados e pianos e os backing vocals de Julie Xavier e Maiane Souza.
Em resumo, é um bom álbum de estreia de uma banda altamente promissora.

Comentários