Olha Essa Mulher - Autoconhecimento, empoderamento e beleza no disco de estreia da cantora Ray

Passei o fim de semana ouvindo e tentando enquadrar o disco da cantora Ray (@raycantora) em algum estilo.
Lá pela décima audição vi que era inútil tentar enquadrar e que, mesmo que conseguisse também teria sido inútil.
Pra que?
É um disco de música brasileira. Brasileiríssima!
E – catzo! – Como é bom!
Olha Essa Mulher (2023, independente) reúne em dez faixas canções sobre amor, autoestima, autoconhecimento, empoderamento feminino e mais...


Tudo funciona a contento: a beleza das canções, a delicadeza dos arranjos, a força da interpretação, o frescor da novidade.
Tô exagerando? Ouça o disco...
Ray é mineira de Montes Claros, mas sua música evoca praia, sol e calor.
A brisa marinha como elemento de libertação sopra forte já na faixa de abertura – que também dá nome ao disco – e soa redentora.
Ray se apresenta e logo de cara mostra sua carta de intenções: “Eu vou cantar e dançar / vou ocupar meu lugar (...) sou linda e forte demais pra não viver sorrindo”.
A canção é sobre o termino de um relacionamento, mas nada de choro, nada de tristeza afinal ela não perdeu nada. Pelo contrário...
E ganhamos todos nós.
O álbum é produto do processo de autoconhecimento ao qual a compositora passou e serve como exemplo ao encorajar outras mulheres a também se descobrir e elevar a própria autoestima: se amar primeiro para amar alguém depois.
E isso fica claro na faixa “Eu Quero Saber” onde - à primeira vista - ela encontra alguém interessante e toma as rédeas em suas mãos dizendo que quer conhecer primeiro para depois falar de si.
Ó o recado: se não valer a pena, nem precisa saber quem sou.
Empoderamento é isso.
Em outra leitura pode-se entender a compositora falando consigo mesma e isso vale para quase todas as outras músicas do disco.
Ray compões todas as canções sozinha, o que mostra o quão pessoal é o álbum.
Apenas uma faixa tem a participação de outra pessoa: “Maldito Medo” que também saiu em single é um dueto com o cantor e compositor Velino (@beravilino) e é uma balada belíssima que Nando Reis assinaria.
A produção é de Adriano Aquino em todas as faixas, mas sempre dividida com outros nomes como Victor Amaral, Rafael Freitas, Ariston Espagnolo e Helton Lima.
Quando ao título do disco, bem...
Claro que é referência à faixa, mas... aparte pessoal: dê uma passeada pelo Instagram da cantora e constate: olhe como essa mulher é linda tanto por dentro (como as canções mostram) como por fora, como mostram as fotos.
créditos: Débora Way e Gabriel

E pensando na tentativa infrutífera de enquadrar o trabalho em algum rótulo ou estilo, fica confortável – e muito justo – se o classificar como um dos melhores trabalhos de estreia independentes do ano.
Se houvesse uma eleição sobre, seria meu voto.

Comentários