O sergipano Júlio Andrade, o Julico, é daqueles caras
apaixonados por música.
Mesmo!
Além de ser o guitarrista da The Baggios, banda de blues
rock/psicodélico/brasileiro e universal já com sete discos lançados (cinco de
inéditas, um acústico e um ao vivo), também é idealizador da Limaia,
misto de selo e loja de discos com um belíssimo catálogo que se pode visitar
clicando aqui (Limaia Discos) o cara ainda tem tempo e inspiração para lançar discos solo.
Em 2020 mandou o belo e elogiado Ikê Maré (Toca Discos) considerado um dos
melhores daquele ano onde aprofundou ainda mais a incorporação de
aspectos e elementos da música brasileira em seu som. Movimento que Julico já
havia começado com o disco Vulcão de 2018 da The Baggios.
Agora com Onirikum (2023, Toca Discos) tudo isso já é parte orgânica de seu som como se sempre estivesse lá.
A faixa “Motivo de Saudade”, cantada em dueto com Fernanda Broggi, um samba, é prova disso com seu andamento suingado, uma flauta que passeia pela melodia hipnotizando o ouvinte. E tem também um dos melhores refrãos do disco: “...Pouco falava-se de medo e se eu caía era pra recomeçar.”.
E o disco tem muito mais a oferecer.
Definido pelo seu autor como: “Um tributo à música, ao amor e à existência”, Onirikun foi concebido quase que totalmente em seu home studio e ainda segundo Julico, “Tem
um pouco mais do meu coração sendo aberto e exposto sobre relacionamentos e devaneios”.
As referências musicais aqui incluem desde o rock rural de Sá & Guarabyra até o soul de Cassiano passando e passeando por Jorge Ben, Marku Ribas, João Donato, Marcos Valle, Tim Maia e outros como deixa claro “Música” uma das faixas lançada como single e que tem um balanço sensacional.
A preferida da casa aqui é “Banho de Sal Grosso”, um baião espacial tão bom que Seu Luiz Gonzaga aprovaria mesmo com os instrumentos elétricos.
Também salta aos ouvidos a sensual “Mon Amour” com sua guitarra cheia de fuzz e versos como “(...) estou entregue ao seu corpo nu / sua saliva me alimenta / o seu gosto lá no meu talo” e desfecho “és a mais linda e a mais foda com quem já pude estar”.
O álbum é tão diverso que “Onirikum”, faixa que dá nome ao disco é uma bossa viajante que realmente nos transporta à uma paisagem onírica e relaxante.
Aliás, o neologismo do título remete aos sonhos que segundo Julico são as janelas que o subconsciente acessa pra revelar mensagens, ideias e sons.
Achou complicado?
Relaxa, apenas ouça o álbum que vai entender sem nem se esforçar. Tá tudo no som feito por Julico (claro) que tocou guitarra, violão e baixo e contou com as baquetas de Ravy Bezerra (menos na faixa “Quero Colo”, que tem as batidas de Thiago Babalu); os teclados de Leo Airplane; os sopros de André Lima (trompete), Mário Augusto (sax), Jeovane Lima (trombone); a percussão de Betinho Caixa D´Agua (em “Onirikum” e “Banho de Sal Grosso”); a gaita de Júlio Rego (“Trem Veio”) e os backing vocals de Winnie Souza em “Música” e “Cervejoim”
crédito: Marcelinho Hora |
A produção é do próprio Julico e a masterização e mixagem ficou por conta de Leo Airplane.
A concepção gráfica do projeto foi inspirada no surrealismo e foi feita por Julico com o auxílio de uma IA.
Quer mais? Então... Segundo músico, a pré produção tinha trinta canções que acabaram reduzidas as treze do disco, o que nos diz que ainda há outras 17 músicas guardadas e que se forem tão boas quanto estas...
Por enquanto está disponível nas plataformas, mas sendo Julico tão apaixonado quanto é, provavelmente vem aí edições em cd e vinil, com todo o capricho que ele tem com sua música e seus formatos.
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