A vida como um ciclo com etapas que se repetem ad infinitum retratada por dinâmicas alternando silêncios, passagens atmosféricas e peso, muito peso.
Assim é Naskimentu Resistensia Despedida (2025, independente) 1º EP da banda paulistana Sodade (@sodade.band ).
LB. Tortorello (vozes),J. Melo (guitarra), F. Chi Bedaq (baixo, guita), L. Hideiki (guita) e L. Delgado (bateria) entre estilos e influências que passam pelo post metal e sludge e se definem como post black metal e blackgaze, mas são apenas rótulos e na verdade nenhum deles basta pra descrever a identidade sonora da banda.
De base pesada e guitarras afiadas o disco é conceitual e alterna passagens claro/escuro, silêncio/esporro para refletindo a existência tanto pessoal, quanto social.
Uma jornada que se inicia no nascimento, passa pelo esforço de resistência de vivercom seus perrengues e até alegrias, mas não termina exatamente com a aceitação do inevitável ou o vazio do fim.
As ideias vão sendo postas em perspectiva à partir de "Orto", faixa inicial tensa, crescente marcando o surgimento da consciência e abrindo espaço para os riffs densos e arrastados da instrumental "Inertia" onde as repetições são a representação do esgotamento do indivíduo na luta contra o vazio existencial.
O descanso vem com "Lacuna", mas de forma breve porque logo em seguida "Vale " encerra o trabalho tratando do fim com melancolia e agressividade até chegar à aceitação. E então tudo recomeça.
Aqui é interessante falar sobre a arte da capa, super importante para o conceito do trabalho.
A gravura "Alegoria do Mundo", feita no século XVI por Boëtius Adamz retrata as etapas da vida e como explica o release, as cores da palheta significam vida (branco), morte (preto) e a mitologia da existência (dourado).
Com mixagem e masterização de Bruno Tortorello, a engenharia de gravação das complexas baterias do disco ficou à cargo de Leeo Hanna.
Pode até parecer difícil, mas não é. É desafiador o bastante para querer ouvir várias vezes.


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