Hot 5 - As escondidinhas

Para quem tem o habito de sentar e escutar discos (ou cd´s) um dos grandes baratos era se apaixonar por canções diferentes dos hits. Encontrar no meio daquelas onze, doze músicas uma com a qual se identificasse de uma forma diferente... Aquela canção que a pessoa costumava chamar de "sua".
Este hot5 trata destas canções.
Aquelas que não foram single, hit e nem tocaram muito nas rádios, sabe-se la porquê.
Canções escondidinhas.

O Papa é Pop, disco dos Engenheiros do Hawaii de 1990 foi um arregaço de vendas.
O cover dos Incríveis (“Era um garoto que como eu...”) tocou no rádio até encher o saco.
Assim como “Pra Ser Sincero” e a faixa título.
Mas lá no meio, ou fechando o lado 1 para quem ouvia vinil, tinha uma canção fantástica que ficou meio que relegada: “Olhos Iguais aos Seus”.
Tem quem torça o nariz para as letras de Gessinger, mas de boa? Dane-se...
O que faz as pessoas parecerem tão iguais?
Por que razão essa igualdade se desfaz?
Qual é a razão desse disfarce no olhar?
O que faz as pessoas parecerem tão iguais?
O que fazem as pessoas para serem tão iguais?

Em 1991 o REM ganhava o mundo com seu aclamado álbum Out of Time.
Não é para menos... “Losing My Religion” tocou até em igrejas.
E ainda tinha “Shine Happy People”, “Radio Song” para ajudar a dominar as rádios.
Mas alí, escondidinha, estava uma canção pop perfeita.
Fofinha e muito assobiável: “Near Wild Heaven”.
E ainda tem a covardia de usar uns “pá pá pá pá” grudentos.

O Metallica nunca foi de lançar hits, seus fãs é que fazem as músicas serem clássicos e cá entre nós: tocar nas rádios nunca foi muito a praia da banda.
Em 1984 lançou Ride the Lighting, uma tijolada que ajudou a pavimentar o caminho para que fossem a maior banda do metal do mundo na atualidade e lá havia uma faixa que não tem a agressividade característica dos caras, mas que é sensacional com suas quebradas vocais: “Escape” finge que é para o fã dar uma respirada, mas engana já que é uma porrada. Contida, mas uma porrada.

A Legião Urbana tinha um Q de midas: transformava em hit quase tudo que colocava em seus discos.
O disco As Quatro Estações, por exemplo, chegou a colocar todas as canções nas paradas das rádios. Óbvio que nem todas chegaram ao primeiro lugar, mas todas tocaram no rádio. TODAS.
Era de se esperar que o próximo disco não tivesse esta performance.
E não teve.... Por problemas com a economia do país (era a época em que o Collor pegou a grana da poupança de todo mundo) o disco seguinte teve vendas menores (não muito) e por ter músicas mais longas tocou menos no rádio. Mas ainda assim V (1991) mandou “Teatro do Vampiros”, “Sereníssima”, “Vento no Litoral”, “O Mundo Anda Tao Complicado” e a pesadíssima “A Montanha Mágica” para as cabeças das paradas.
Mas fechando o disco tem uma pérola menor, mas não menos valiosa: “L´age Dor”.
Com sua pegada bluseira, agitada e sua letra confessional fez muito fã voltar a agulha para o começo da canção e ouvir de novo.
Contra minha própria vontade
Sou teimoso, sincero
E insisto em ter vontade própria


O Creedence Clearwater Revival era o feudo de John Forgety.
O cara mandava e desmandava em arranjos, composições e ainda por cima cantava e tocava guitarra para caramba.
Sob seu domínio os discos e os hits se sucederam até 1972, quando melindrados com a atenção que o líder recebia, os outros integrantes resolveram que também queriam direitos e espaço igual na banda.
Cansado de brigar, John deu carta branca e o que se ouviu no disco Mardi Grass, de 1972 só não foi constrangedor porque até o pior disco do CCR é bom.
Os fãs abominam o disco e realmente é um dos que menos venderam e menos renderam músicas para o rádio.
Também foi o último de inéditas dos caras. Depois, John Fogerty sairia da banda para nunca mais voltar.
Mas nem tudo é ruim, neste disco ainda é possível ouvir o bom e velho CCR em “Someday Never Comes”, que não por acaso, é de autoria do John.

Comentários