Bafta 2020: vencedores e esquenta do Oscar com pitacos sobre Trilha Sonora

Ontem aconteceu o Super Bowl LIV numa data comemorativa de 100 anos da liga, a NFL. Era para onde os olhos de muita gente estava voltado especialmente pelo "latin power" que corre os Estados Unidos - também, e não só, por 2020 ser um ano eleitoral - com o hino cantado pela Demi Lovato e o "aguardado" show do intervalo com as cantoras Shakira e Jennifer Lopez.
O evento não foi marcado só pela "abundância traseira" (e trepidantes) das cantoras como houveram algumas coisas (mais) importantes: homenagem a Kobe Bryant - ex-jogador da NBA falecido no último domingo num acidente de helicóptero, a presença dos jogadores escolhidos como os 100 melhores da história e é claro, o jogo entre Kansas City Chiefs (AFC) e San Francisco 49ers (NFC), culminando na vitória do primeiro por 31 a 20.

Em menor escala, e um pouco antes do evento esportivo de maior atenção, ocorreu a premiação do Bafta que não funciona propriamente como base para o Oscar, mas garante uma espécie de "aquecimento" para o evento que abrange mais interesse entre os cinéfilos.
O Bafta é entendido como uma premiação menos pomposa, importante, mas menos popular, relutante às modinhas. É uma premiação britânica e tem, por sua vez, categorias específicas, como Melhor Filme Britânico. Talvez por isso, não seja tão grandioso quanto o Oscar.

A produção mais premiada da noite foi a dica do Musique-se do fim de semana, o longa ambientado na Primeira Guerra Mundial, 1917:


Confira no link do Omelete a lista completa de indicados e os vencedores.

Semana que vem, na segunda-feira o Musique-se lançará um texto completo sobre a cerimônia de entrega do Oscar dando ênfase nas músicas que concorrem ao prêmio de "Melhor Canção Original". 
No Bafta tivemos apenas a premiação de "Melhor Trilha Sonora". Assim como foi no Globo de Ouro no começo deste ano, quem levou foi a islandesa Hildur Guđnadóttir pelo filme Coringa (Joker).
Ao que tudo indica ela será a grande vencedora do Oscar. Falaremos um pouco mais dela, a seguir.

Hildur nasceu na Islândia, tem formação clássica em violoncelo. Já gravou com bandas como Pan Sonic - uma banda de música eletrônica finlandesa -, e Trobbing Gristle - um grupo inglês considerados fundadores da música industrial. Filha de músicos, um clarinetista e uma cantora de ópera, Hildur ganhou reconhecimento internacional devido às suas composições em filmes e televisão, incluindo o filme de ação Sicario: Dia do Soldado (2018), a minissérie dramática da HBO Chernobyl (2019), pela qual recebeu um Primetime Emmy Award e também um Grammy. 
Está levando vários prêmio pelo Joker (2019), inclusive o Globo de Ouro de "Melhor Trilha Sonora Original", tornando-se a primeira compositora (sozinha) a vencer nesta categoria. Agora, na prateleira, mais um: o Bafta. O cantinho reservado para a estatueta do Oscar já deve ser mantida, apesar de estar concorrendo com grandes nomes, como lendário John Williams e o recente premiado Alexander Desplat. 

John Williams é conhecidíssimo. Se falhou a memória, a gente refresca: a música tema do E.T.? E a do Indiana Jones, conhece? São dele. Jurassic Park, o tema abertura do Star Wars e a Marcha Imperial, tema do Superman, do Tubarão... Dos filmes do Harry Potter! Todas elas, trilhas temas que fazem parte do imaginário da cultura pop. Confiram aqui uma seleção das principais músicas de filmes compostas por Williams, para confirmar que o cara realmente é "lendário".
É o compositor mais indicado de todos os tempos, venceu cinco, das mais de cinquenta vezes que foi indicado. O último Oscar ocorreu em 1995, com A Lista de Schindler (1994). Esse ano está indicado como melhor trilha pelo último (será?) Star Wars: A Ascensção Skywalker (2019).

Concorrendo por Adoráveis Mulheres, Alexandre Desplat despontou recentemente nas premiações principais. Sua primeira indicação à melhor Trilha Sonora no Globo de Ouro foi em 2004 com Moça do Brinco de Pérola (2003). No Oscar, a indicação ocorreu mais tarde, em 2007, pelo filme A Rainha (2006). Dali veio composições para muitos filmes que concorreram à premiações e ele mesmo indicado. Exemplos:  O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), o Discurso do Rei (2010) e O Jogo da Imitação (2014). Em 2015 ele venceu o primeiro Oscar dessa categoria de trilhas em 2015, com O Grande Hotel Budapeste (2014) e depois, em 2018, venceu por A Forma da Água (2017). 
Já é a terceira indicação seguida de Desplat ao Oscar. Pena que o filme Adoráveis Mulheres seja, de fato, fraco. Mal dirigido (Greta Gerwig aparece nos Oscars para completar a cota de "diversidade" mas é péssima diretora e roteirista), as personagens não são, nem de longe, "adoráveis". Não passam nenhuma forma de carisma, salvo (um pouquinho), Florence Pugh que concorre à atriz coadjuvante. 

Se compensa uma audição sugiram que acessem o link no Youtube e confiram o trabalho feito por Hildur Guđnadóttir no filme Coringa. Na trilha, 34 canções, que conta com Gary Glitter e Cream. As composições de Hildur para o filme do palhaço vilão são bem interessantes, climáticas, dramáticas, intensas, como personagem. Um belo trabalho! 

Abraços afáveis e Musique-se!

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