Hot 5 - Os covers (by Manu)

Como sou "copiona" e gosto (além da conta) de fazer listas, decidi entregar também as minhas hot 5 covers, que nem as do Ron Groo
É interessante. Numa dessas, uma música toma um requinte totalmente interessante e atrativo. As vezes, uma banda já consagrada, que nem precisaria mais de inserir um cover nos seus álbuns ou EPs, o fazem pelo simples caso de mostrarem as suas influências e prestarem homenagens.
E a gente gosta disso.

Algumas músicas encaixam muito melhor nas mãos dos "covers". Isso provavelmente acontece pois, a paixão por aquele som está tão na alma do músico que a reproduz que acaba por elevá-la em termos de qualidade.
Claro que existem casos em que se "pinçam" canções já perfeitas e no afã de fazerem um bom trabalho com elas, acabam estragando. 
Mas esse último, não será o nosso caso.



♫ Os fãs do bom e velho Heavy Metal nem precisam de maiores explicações para essa música: Rainbow in the Dark. Esse mesmo grupo de fãs podem achar que essa menção é um completo erro, afinal de contas o autor da música e intérprete é um dos "mitos" do estilo musical.
Ronnie James Dio foi frontman em bandas como Elf, Rainbow, Black Sabbath (substituindo Ozzy Osbourne) e Dio. Além disso, é considerado, com toda a "justeza" da atribuição, um dos melhores vocalistas de Heavy Metal. Com apuradíssimas notas e técnicas vocais é certamente um dos maiores cantores do estilo, e influenciou um bocado de músicos por aí.

Rainbow in the Dark é uma ex-ce-len-te música, praticamente um hino do metal, presente em um álbum, que é também grandiosíssimo, o Holy Diver de 1983. Ela já foi "coverizada" por incríveis músicos da atualidade, que apesar de não serem grandiosos como Dio - tem como contar com um dom performático que lhes confere ao menos, muito respeito. 
A minha favorita e - que também me levou a procurar saber mais sobre a banda - é a versão do Teräsbetoni - uma banda finlandesa que usava essa canção em apresentações ao vivo, inclusive quando participaram do programa da Eurovision.


Jarkko Ahola (o sobrenome abre as portas da 5ª série por conta da pronúncia, rsrsrsrs...) tem uma voz muuuuuuito boa e a banda, é divertidíssima (apesar de toda a discografia ser cantada em finlandês, idioma de sonoridade estranha). 

♫ Em 2015 eu, minhas irmãs e um amigo fomos a um show do Pearl Jam em São Paulo. Momentos como esse valem mais do que dinheiro (muito dinheiro) gasto: os bolsos ficam vazios, mas os coração fica cheio de entusiasmo e a mente leve e renovada. 
Quando perguntada pelos amigos, como tinha sido o show respondia entusiasmada o quanto tinha sido ótimo. Uma boa parte deles - "curiosos" - queriam saber: "E aí, eles tocaram Last Kiss?"
Após a minha negativa, 90% das pessoas que questionaram isso, ficaram indignadas: "Como é que pode, não tocar a música mais famosa deles?!" 

Last Kiss ser a música mais famosa do Pearl Jam complica a situação da banda, por uma razão talvez boba, mas categórica. O PJ tem 10 álbuns de estúdio (à caminho do 11º) e várias músicas autorais, teria falhado em ser uma banda, pois seriam conhecidos por uma canção que nem é deles!... 
Spoiler: Last Kiss é uma música cover. Nem todo mundo é obrigado a saber disso. Talvez esses amigos pensaram que a música fosse da banda, afinal se popularizou com eles.
E é soberba, devo concordar:


Foi inicialmente lançada na compilação No Boundaries: A Benefit for the Kosovar Refugees, a favor dos refugiados de Kosovo. Posteriormente O Peral Jam lançou um single com a música em 1999, e depois também na sua compilação Rearviewmirror: Greatest Hits 1991-2003
(Para ouvir a original de Wayne Cochran de 1962, clique aqui.)

♫ Peço desculpas, mas caí no mapa de novo e estou voltando à Finlândia. 
Em breve, o Nightwish lançará o seu nono disco de estúdio, mas não só no começo da carreira como já com alguma "fama" consolidada (especialmente no norte da Europa) eles não tinham problemas em incluir nos discos, alguns covers. No caso, entre os anos 2000 e 2002, entre os álbuns Wishmaster e Century Child - terceiro e quarto discos de estúdio, lançaram o único EP de sua discografia Over the Hills and Far Away, cuja principal canção é essa mesma que estão pensando, a música homônima de Gary Moore

Não sei quanto a vocês, mas essa não é a primeira música que vem a minha cabeça quando alguém fala em Gary Moore. Still Got The Blues é o primeiro clique mental. Over The Hills and Far Away só me vem à mente com a versão dos finlandeses de Kitee. 


Claro que isso acontece pois sou fã do Nightwish desde a época de lançamento do EP, em 2001.
As músicas, original e versão, são bem semelhantes entre si. A música é maravilhosa, e a escolha para a lista do hot 5 está pautada no seguinte: Na ocasião, o Nightwish contava com a soprano Tarja Turunen e era a "inovação" da banda. Sua voz e técnica conferia ao ritmo muito próximo do power metal, um tom épico e emotivo. Assim, ganharam identidade, mesmo que o primeiro disco (Angels Falls First) fosse rock meio acústico.
O que não dá para entender é que nessa época Tarja afirmava ser cantora de ópera e que estar numa banda de metal era uma coisa que não a definia e que aconteceu por "acaso". 
Adivinhem do que ela vive, hoje, depois de ter saído da banda, em 2005? Como cantora de ópera ou diva do metal? ... Ai, ai...
Mesmo assim, eu adoro essa versão e muitas músicas com a voz de Turunen que depois foi substituída por Anette Olzon (a minha vocalista favorita depois do Marco Hietala, rsrsrsrs...).

♫ Já ouviram falar em um caso de que a música é tão boa que ninguém é capaz de estragá-la? Melhor exemplo para ilustrar isso, seria sem dúvidas Heroes, do David Bowie.
Existem muitas versões para ela. Até o Oasis arriscou nessa, e o cover vem como B-side de D'You Know What I Mean, primeiro single do álbum Be Here Now de 1997. 
Todo mundo já quis beliscar um pouco dessa música que é divina.

O Motörhead foi um deles e compartilharam um versão dela com o lançamento de Under Cöver. O cover ganhou notoriedade no disco e na mídia, pois foi uma das últimas gravações de Lemmy Kilmister antes de morrer em 2015.
O trágico é que perdemos Lemmy e Bowie quase que ao mesmo tempo, um e 13 dias depois, o outro: Lemmy partiu para a vida eterna em 28 de dezembro de 2015 e Bowie, no dia 10 de Janeiro de 2016.
 Ambos, grandes "heroes" da música.


Ainda que seja trágico, acabou sendo um coincidência. Essa bela composição foi muito bem executada pelo Motörhead. Original e versão são perfeitas, e de mãos dadas agradecemos por termos a sorte da existência de músicos como essa dupla. Bem sabemos o quanto as vezes a música, o rock especialmente, parece ruir a olhos vistos, salvo alguns rompantes esperançosos.

♫ Bom gancho para finalizar o hot 5 e falar em salvadores que surgem por aí afora, bastando apenas que a gente procure no lugar certo e na hora certa. A última cover da lista é um trabalho incrível do "projeto" do músico sueco Tobias Forge, o Ghost. 


Sou grande fã da cantora Annie Lennox. Se pudesse escolher, teria feito um pedido à Deus para que me desse uma voz tipo da Annie. Jamais ia querer ser como as cantoras que andam "bombando" hoje, nos Spotifys da vida. A dada "competência artística" de algumas cantoras (consideradas "divas") só me faz discordar totalmente que existam realmente.
Mas isso é outra coisa. O papo aqui é Eurythmics, a banda da qual Annie era vocalista e uma  das extraordinárias músicas da banda chamada Missionary Man do álbum Revenge de 1986. 
(Curiosidade: O vídeo da música original se assemelha ao Sledeghammer de Peter Gabriel também de 1986, com técnicas de "stop-motion" muito usada em animações.) 

Comecei a curtir Ghost depois que vi a apresentação deles no Rock In Rio em 2013. Logo, tomei contato com o disco Meliora e de tão maravilhoso, comprei o disco como de presente de aniversário para mim mesma em 2017. Logo que saiu o Prequelle (2018), também garanti a minha cópia. Em breve, atualizo as minhas aquisições discográficas do grupo pois, vale a pena.

A banda me cativou, pois saia do óbvio: por ter essa temática meio satanista, o visual com máscaras e um tom macabro, pensei ser mais um grupo com vocal gutural, muita guitarra estridente e bumbos duplos... Há músicas com o pé no doom metal (especialmente pelas letras), muitas acompanham o heavy metal tradicional, e o vocal e algumas músicas melodias são características do rock dos anos 70, e flertam com o rock alternativo fortemente.
Para galera radical do Metal, o Ghost provoca reviradas de olhos. Mas falo sem medo de ser feliz: é uma das bandas mais criativas dos últimos anos, sem soar com nenhuma outra em específico. Tobias Forge faz um trabalho incrível, e em tempos de tanta mesmice, transita entre os estilos musicais sem pudor. Mentor do "projeto", compositor, criador estético do Ghost, Forge tem uma voz apaixonante. Foi simplesmente impossível não babar colorido.

30 anos depois de Revenge do Eurythmics, Tobias lançou com o Ghost o EP Popestar em 2016. Das cinco faixas, quatro são covers, todas excelentes, mas a melhor enche os ouvidos:


Com esse "masterpiece", me despeço!
Abraços afáveis e Musique-se!

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