Dia Internacional da Mulher: Mulheres no Jazz

Passando por cima de preconceitos, as mulheres escreveram página e páginas brilhantes na história da música mundial.
No jazz, assim como no metal do texto da Manú, as dificuldades e percalços também foram enormes... Pela época em que o jazz era o estilo mais popular de música, penso que tenha sido até pior.
O estilo já foi um nicho musical dos mais machistas e ainda hoje é raro termos mulheres entre os jazzistas, mas nem por isso as mulheres deixaram de dar a sua contribuição ao estilo. Algumas são verdadeiras referências.
Então, neste dia que serve muito mais para que todos se conscientizem da luta das mulheres por igualdade e respeito do que para comemoração, uma pequena lista a guisa de homenagem de mulheres maravilhosas do jazz e seus desdobramentos.

Vamos começar com a diva maior do Jazz: Billie Holiday.
Teve uma carreira errática e marcada por excessos, relacionamentos ruins.
A infância pobre e carregada de preconceito – como era de praxe aos negros de sua época – moldou a voz clara, límpida e sofrida.
Sobre o preconceito ela trata em “Strange Fruit”, uma canção até certo ponto considerada menor em sua extensa lista.
Gravou standards da canção americana ("I love you Porggy" , "Aprill in Paris", "As time goes by", etc…),  blues ("The lady sing the blues", "Strange fruit", "Stormy blues"), jazz ("Stormy wheater", "Sophisticated lady",) e pop ("Blue Moon", "Night and Day", "Smoke gets in your eyes", "Summertime", aquela mesmo de Janis Joplin) com a mesma categoria e elegância.
Costumo dizer que até quem não sabe patavina de inglês entende quando Lady Day canta sobre o amor.

Na mesma linha vem Ella Fitzgerald, que além de ter uma das vozes mais lindas e potentes da música sem perder a suavidade ainda se aventurou em terrenos perigos a cantoras de sua estirpe.
Fez versões extremamente polidas e pessoais de clássicos do rock ("Hey Jude" dos Beatles, "Sunshine of your love" do Cream).
Porém foi com os clássicos do Jazz que se consagrou: "A night in Tunísia", "All that jazz".

Quando o jazz e o blues ficaram pequenos – se isto pode ser possível – surgiram cantoras vindas das igrejas com um misto dos estilos citados e mais: gospel.
Estava criado o soul e com ele surge sua primeira dama: Aretha Franklin.
Ainda que tenha cometido pecados pequenos ao se vestir de diva pop, sua obra é repleta de pérolas imortais: Natural Woman, Respect, Chain of fools, Say a little prayer.
No gospel: "Son of a preacher man", "A change is gonna come", "People get ready".
E versões magistrais como a de "Jump Jack flash" dos Stones.

Com história de vida tão conturbada quando a de Billie Holiday – registrada no filme Cadillac Records - Etta James é a bad girl do soul.
Suas canções são interpretadas de forma tão pessoal e passional dando a impressão que todas foram escritas para ela... "Spoonful", "Tell Mama", "At Last", "Hoochie coochie girl", "I’d rather go blind" são de tirar o folego.

Katharine Whalen é a voz feminina do combo Squirrel Nut Zippers, especializado em swinging jazz, e standards. 
A voz delicada é responsável por pequenas pérolas como "Pince Nez", "It all depends", "My drag", "Danny Diamond", e a soberba "Low down man". 
Sua versão para o clássico da Disney: "Under the sea" é simplesmente uma delicia. 


E no Brasil, claro, Elis Regina, que na falta de palavras corretas para expressar o tamanho, a força e a importância da Pimentinha.... Fica apenas o vídeo.

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