Hot 5 - discos solo

O cara tá lá na banda dele, aparentemente tudo tranquilo, fazendo sucesso, vendendo bem, mas... Tem algo que não está tão tranquilo assim.
Seja por vaidade, por inquietação artística, por excesso de inspiração ou uma pressãozinha safada da gravadora para arrecadar uns trocos a mais, o cara vai lá e solta um disco solo.
As vezes é um retumbante fracasso, outras vezes é tão diferente do que ele faz com sua banda que fica muito bom.
E tem vezes que parece com que ele tava fazendo na banda mesmo e ninguém vê sentido naquele disco...

Os Hot 5 de hoje são de discos solo. De gente que se manteve nas bandas originais, de gente que nunca mais voltou pra banda que continuou e de gente que saiu pra carreira solo depois da banda implodir.


 Izzy Stradlin and the JuJu Hounds (1992)
Izzy era o guitarrista mais cool do Guns´n´Roses e quando resolveu (ou resolveram) sair da banda, lançou um disco sensacional.
A estreia solo de Izzy não lembra em nada o que a banda estava fazendo, com um rock simples, direto, sem excessos, o disco parecia uma obra perdida dos Rolling Stones.
O single “Shuffle It All” foi bem nas rádios, mas o disco tinha mais à apresentar: “Come on now inside”, “Somebody Knockin”, “Cut the Rug” e a cover magistral de “Take a look at the guy” de Ron Wood.
 

Mr. Bad Guy (1985) – Freddie Mercury.
Não… A banda não brigou por causa da escapada solo de Freddie como diz o filme loroteiro.
Brian, Roger e John deram todo apoio à Freddie e ganharam um agradecimento no encarte: “Obrigado por apoiar e não interferir”.
O disco vendeu bem e teve boa execução nas rádios com a faixa título, “I was born to love you”, “Made in Heaven” , “Living on my own” e “Love me like there´s no tomorrow”.
Freddie queria dizer coisas que pensava não caber no Queen e fez o disco.
Mal sabia ele que, após sua morte, a banda usaria os vocais das gravações em novas roupagens feitas por eles e lançariam “Made in Heaven” e “I was born to love you” em seu último disco de estúdio e, anos depois, “There must be more to life than this” na coletânea Forever, de 2014.



If I Could Only Remember My Name (1971) – David Crosby 

A vida de Crosby estava meio conturbada no início dos anos 70.
Nada com sua banda, o combo Crosby, Stills, Nash & Young, que estava bem, apesar de algumas brigas havia acabado de lançar um de seus mais importantes discos: Deja Vu (1970).
Crosby tinha acabado de perder a namorada em um acidente de carro e isto tinha o abalado demais e a forma que ele encontrou de passar por esse luto foi gravando um disco emocional, emocionante, confessional e lindo.
Com a ajuda dos amigos Graham Nash, Santana, Jefferson Airplane e Joni Mitchell, registrou 9 canções que em trinta e oito minutos tentam expurgar toda a dor que o compositor sentia.
Não há o que destacar... De “Music is Love” que abre o disco, até “I Swear There Was Somebody Here”, tudo é precioso, tudo é bonito, nada é esquecível ou descartável.
 

 Rattle That Lock (2015) – David Gilmour
Não é o primeiro disco solo de Gilmour e talvez nem seja o melhor, mas é o que mais se aproxima de um disco do Pink Floyd (no caso, The Division Bell) e tem momentos sublimes como a faixa título, o ambient song “5.Am” que abre o disco, “In Any Tongue” e “The Girl in the Yellow Dress”.
Também rendeu um disco ao vivo e um dvd gravados em Pompeia e... Poxa... É muito melhor que qualquer coisa que o Roger Waters tenha feito depois que saiu do Pink Floyd.


 She´s The Boss (1985) – Mick Jagger

Demorou… Demorou para caramba!
Os Rolling Stones gravaram seu primeiro disco em 1964 e só vinte e um anos depois é que seu cantor se aventurou a lançar um disco solo.
Quando saiu, o disco foi visto com preocupação já que os Stones não lançavam nada desde Undercover, de 1983 que nem era um disco bom, pelo contrário, é dos pontos mais baixos da longa discografia dos caras.
Estariam os Stones acabados e seu líder pulando fora? Nada... Estão aí até hoje e bem fortes.
Mas She´s The Boss tinha pouco de rock... Um pop um pouco mais sofisticado e até dançante que foi produzido pela lenda Nile Rodgers do Chic e contou com Carlos Alomar (guitarrista de David Bowie) na gravação.
Havia uma parceria com Richards logo na faixa de abertura: "Lonely at the Top" e teve apenas dois singles: “Just Another Night” e o baladão “Hard Woman" tocou até enjoar.

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