Musique-se Recomenda: Labirinto - A Magia do Tempo

"Eu quero que os goblins venham e o levem embora agora!"
Essa premissa é o desejo da personagem Sarah - interpretada por Jennifer Connelly - no filme Labirinto - A Magia do Tempo. O desejo da jovem se torna então o engate que rege a trama.

Num passe de mágica, Toby, seu irmão ainda bebê some e aparece no castelo do rei dos goblins, Jareth - que é interpretado nada mais, nada menos do que por David Bowie. 
Para reaver o irmãozinho, Sarah tem 13 horas para atravessar um confuso labirinto que separa o seu mundo - o real - do castelo de Jareth - o fantástico. No meio de tudo, ela passa por várias aventuras, desafios e encontra aliados. Recheado de bonecos (hoje tudo é CGI, ou seja, captura de movimentos  humanos, transformados em um computador) e maquetes, o longa foi produzido pelo grande George Lucas e dirigido por Jim Henson - o mesmo criador dos Muppets.

Labirinto - A Magia do Tempo é uma obra de fantasia dos tempos em que eles eram bem legais (apesar de rústicos) e se tornaram clássicos, muito porque eram levados mais à sério do que a maioria julgaria necessário.
O filme é de 1986, e tem um bom apelo musical - coisa que usualmente os filmes infantis possuem, no entanto esse era uma característica sem muita razão de ser. Apesar da temática fantasiosa, o trecho do baile de máscaras, não parece ser absolutamente lúdico. Sarah e Jareth dançam juntos, mas não parece ser uma simples dança. A cena indicaria a transição da menina à vida adulta. 
Claro que é uma leitura, uma metáfora, talvez "roubando" o senso de sentido como em Alice no País das Maravilhas de Lewis Caroll, especialmente quando Alice encontra a Lagarta - aquela pitoresca figura fumante de narguilé. Como crianças entenderiam esses aspectos metafóricos dos livros e filmes "dedicadas" à elas, é algo ainda muito abstrato. Fica aqui apenas o palpite, pois a discussão seria longa.

Labirinto - A Magia do Tempo possui uma trilha empolgante. A parte orquestrada é assinada por Trevor Jones, conhecidíssimo pelo trabalho musical de filmes como Mississipi em Chamas (1988), O Último dos Moicanos (1992) e Um Lugar Chamado Nothing Hill (1999), entre outros. A trilha original foi composta por 12 músicas, sendo 5 delas, de autoria do próprio David Bowie, inclusive o hit do filme As The World Falls Dawn, escrita sob encomenda. Esta é ouvida quando a personagem de Sarah morde um pêssego "encantado" e ela tem algumas "alucinações" no baile de máscaras, que mencionei acima. 

O livro Almanaque da Música Pop no Cinema de Rodrigo Rodrigues, nos conta que um videoclipe foi preparado para a música, mas foi cancelado por razões um tanto "nebulosas". Tenho para mim que a interpretação sobre a cena da dança entre Sarah e Jareth, pode ter algum sentido, já que além de  ser uma jovem em um baile como aquele, com um homem mais velho, ela ainda tem uma "viagem" causada por drogas?!... Daria muita controvérsia hoje, sem dúvidas, mas eram coisas dos anos 80, senhoras e senhores! (Época boooooa, diga-se!)


Por mais estranho que possa soar, a verdade é que em 1986, ano do lançamento, Labirinto foi um fracasso de bilheteria. Mal saberiam os produtores e o diretor Jim Henson que a obra seria, mais tarde, cultuadíssima por toda uma geração. 
Tudo no filme tem uma aura de sonho – ou pesadelo, quem sabe? – e os cenários são espetaculares,. A trilha sonora é, sozinha, uma obra perpétua. 
Labirinto foi o sexto filme na carreira de David Bowie, mas o primeiro em que a trilha é pertencente ao gênio inglês. A trilha completa, pode ser ouvida aqui. E o trailer do filme,  logo abaixo:


Além de As The World Falls Down, temos no longa a divertida Chilly Down, a dramática Within You, a balada da abertura, Underground e a ótima e dançante Magic Dance:


Se você ainda não assistiu esse filme, o Musique-se recomenda para este fim de semana - ainda que 34 anos depois do seu lançamento... rsrsrsrs...

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